Que o gênero da ficção científica
habita o coração da galera do Cine Tertúlia não é nenhuma novidade, vide os vários de filmes de Sci-Fi que analisamos... E é quase impossível falar do gênero e não mencionar os
filmes pós apocalípticos, isto é, filmes que exploram de uma condição não
existente, o fim do mundo, para realizar um crítica intensa a sociedade existente. Exemplos?
"Planeta Dos Macacos" (1968), "Mad Max" (1979) e "WALL·E" (2008). Vemos assim que existe um grande interesse por uma condição humana totalmente desconhecida, como: "O que faríamos se o
mundo fosse tomado por zumbis?" É uma grande curiosidade que o cinema formula
muitas hipóteses. Maaasss... E se a condição pós apocalíptica for real? E se o Sci-Fi
em si for uma realidade forte e dura de se acreditar?
+ Deus e o Diabo na Terra do Sol
(1964) de Glauber Rocha.
O clássico filme de Glauber Rocha, que fez história ao ser indicado ao Palma de Ouro do Festival de Cannes
de 1964, traz um contexto bem sofrido da população do sertão: pouco dinheiro,
muita desgraça, chefões gananciosos e poucas esperanças... Como viver? Como se
manter vivo? Como almejar objetivos com um ambiente desse? Difícil hein...
Lembrando muito do contexto de Fabiano e sua família no livro "Vidas Secas" de Graciliano Ramos. A desgraça está ao seu redor, não importa para onde você olhe... Onde você quer chegar se não há nenhuma possibilidade de vida?
Tiozin dando risada??? Figurante maldito... |
"[...] queria
responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato
necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo
miúdo não era culpado, mas dificultava a marche, e o vaqueiro precisava chegar,
não sabia onde."
Trecho do livro de Graciliano Ramos
Fala ai se um ambiente assim não
faz te lembrar de um filme pós apocalíptico, tal como a saga de George Miller, "Mad Max" (Veja nosso #TertúliaView), em que apresenta como a ganância de alguns pôde desencadear uma
catástrofe global, o planeta terra se torna como um grande deserto, ou sertão, como é apresentado no
filme de Glauber Rocha, numa uma realidade muito cruel! Mesmo assim tanto o personagem de Miller, Max, e o de Rocha, Manuel, nunca desistem... Mas com ambiente
tão devastador que eles contemplam, porque ainda seguem buscando por algo? Eles ainda buscam seus sonhos mesmo que o ambiente lhes proporcione somente destruição! Estão simplesmente condenados àquela vida? Não sabem para onde ir, são mantidos somente pela
esperança de um dia ter o que se alegrar. Nessas horas me vem a mente: qual a
diferença entre a esperança e a ilusão?
Manuel (Geraldo Del Rey) e Rosa (Yoná Magalhães) são pessoas assim, querem viver, mas como viver? Trabalhando na fazenda eles eram roubados pelos seus chefões, na crença cega da religião só encontraram mais opressão e nesse acumulo de desilusões se entregam ao bando de Corisco (Othon Bastos) para "fazer justiça", mas que justiça é essa que só encontram sangue? Deste modo vemos a contradição básica apresentada tanto no filme de Rocha, no livro de Graciliano ou na história de Miller... A contradição entre a esperança e o conformismo é algo que dá o gás para o motor de suas vidas, diferente de uma linha traçada em uma busca progressiva, pois eles não sabem o que buscam, nem o que encontrarão, mas a esperança e a ilusão de algo melhor é o que os move, para onde? ninguém sabe.
Contradição ainda mais acentuada no personagem de Manuel, pois ao abandonar a vida de escravidão com sua esposa, primeiro ele se entrega a vida religiosa com São Sebastião (Lidio Silva), numa clara alusão a Antônio Conselheiro, mas vemos como ainda Manuel continua a ser explorado. Então ele se entrega ao bando de cangaceiros de Corisco (Othon Bastos), indo necessariamente ao outro lado da questão, já que de religioso sofredor se transforma num homem conhecido como Satanás (Dona Clotilde PIRA!). A contradição se encontra no título do filme, nas suas escolhas, nas suas opções... NA SUA VIDA!
SACA ESSA LETRA AQUI...
Yoná Magalhães, Lidio Silva e Geraldo Del Rey |
Manuel (Geraldo Del Rey) e Rosa (Yoná Magalhães) são pessoas assim, querem viver, mas como viver? Trabalhando na fazenda eles eram roubados pelos seus chefões, na crença cega da religião só encontraram mais opressão e nesse acumulo de desilusões se entregam ao bando de Corisco (Othon Bastos) para "fazer justiça", mas que justiça é essa que só encontram sangue? Deste modo vemos a contradição básica apresentada tanto no filme de Rocha, no livro de Graciliano ou na história de Miller... A contradição entre a esperança e o conformismo é algo que dá o gás para o motor de suas vidas, diferente de uma linha traçada em uma busca progressiva, pois eles não sabem o que buscam, nem o que encontrarão, mas a esperança e a ilusão de algo melhor é o que os move, para onde? ninguém sabe.
SACA SÓ ESSA...
Cena de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" muito semelhante com a clássica cena de "O Encouraçado Potemkin" de Eisenstein.
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Contradição ainda mais acentuada no personagem de Manuel, pois ao abandonar a vida de escravidão com sua esposa, primeiro ele se entrega a vida religiosa com São Sebastião (Lidio Silva), numa clara alusão a Antônio Conselheiro, mas vemos como ainda Manuel continua a ser explorado. Então ele se entrega ao bando de cangaceiros de Corisco (Othon Bastos), indo necessariamente ao outro lado da questão, já que de religioso sofredor se transforma num homem conhecido como Satanás (Dona Clotilde PIRA!). A contradição se encontra no título do filme, nas suas escolhas, nas suas opções... NA SUA VIDA!
"DEUS": Manuel se entregando a religião... |
"DIABO": Manuel se entregando ao cangaço... |
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