quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Tertúlia Indica: "Beijos e Tiros" (Kiss Kiss Bang Bang, 2005) de Shane Black.

Shane Black... Shane Black... Shane Black... Talvez um nome que você não conheça, mas o cara já fez muita coisa para o cinema: com 23 anos bolou o roteiro de "Máquina Mortífera" (1987) e já participou como diretor do blockbuster "Homem de Ferro 3" (2013). Experiência o cara tem! Símbolo master das narrativas policiais da década de 1980, muitos o consideravam acabado junto com a década. Com o filme em questão, sua estreia na direção, fez uma grande sátira ao mundo de filmes de ação hollywoodianos que ajudou a construir. Um tiro no pé? Não mesmo! UM TIRO NO NOSSO CÉREBRO! Mais um filme com o selo EXPLOSÃO DE MENTE OU SEU DINHEIRO DE VOLTA!

+ Beijos e Tiros (Kiss Kiss Bang Bang, 2005) de Shane Black.


"São daqueles feitos para quem realmente gosta de cinema e, melhor, é capaz de tirar um sarro com a indústria cinematográfica.
Angélica Bito em Cineclick

Sabe aquele filme INSANO que logo no título do filme te conquista? Esse é um ótimo exemplo disso, a frase "kiss kiss, bang bang" é dita por muitos produtores de cinema para se referir à roteiros com clichês que contenham cenas românticas (kiss kiss) e de ação (bang bang) que conquistam qualquer público. 


Se ele construiu o gênero das duplas de policias fodões cheio de testosterona, aqui ele mantém a dupla masculina, mas um é um ladrão fracassado (Robert Downey Jr.) que por um acaso vai parar num teste de elenco e o outro é um detetive particular gay (Val Kilmer), que nas horas vagas é um produtor. Nesse ambiente, ele reencontra uma antiga amiga de infância (Michelle Monaghan). Trio perfeito... ou melhor TRIO INSANO! Quer mais da história? Bem... difícil reproduzir aqui, pois é recheada de reviravoltas e surpresas que fazem esse filme ser único! O resto é pura diversão ao melhor estilo Tarantino e Guy Ritchie, entre porrada e sangue uma piada mais que excelente. 
  
 
Nosso filme pode ser considerado um ótimo exemplo de filme B: temos um Downey Jr. (Harry) saindo da clínica de reabilitação, um Kilmer (Gay Perry) com a carreira em má fase e uma Monaghan (Harmony) ainda em ascensão. Não é à toa que seus personagens também trabalham com cinema, mas todos fracassos! O roteiro é de sair lágrimas pelos nossos olhos de tão FODA que é, temos uma narrativa policial com muita influência de filmes noir, com uma narrativa cheias de metalinguagens com o personagem Harry que sabe de tudo ao mesmo tempo que não sabe de nada, recheado de sátiras com o mundo de hollywood.



Essencialmente é um filme que se utiliza dos signos (um jeito mais bunitu de se falar clichês) do gênero policial da década de 1980, que o próprio Black ajudou a construir, mas ao mesmo tempo subverte tais paradigmas (outro jeito bunitu) colocando personagens cheios de conflitos pessoais e anedotas (jeito bunitu para piada) inteligentíssimas que estão presentes em todas as cenas do filme. SINCERAMENTE? ASSISTA!

TRAILER OFICIAL


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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

TertúliaCast: TERTÚLIA DO CONTRA


E lá se vai mais um ano, mas não é qualquer ano... É o polêmico ano de 2015! Um ano que nos deu coisas lindas como "Mad Max - Estrada da Fúria" de George Miller (tá tertuliado no blog) ao mesmo tempo que nos apresentou o lastimável "Pixels" de Chris Columbus, que tinha tudo para ser o filme nerd do ano. Mesmo assim, muitos, mas muitos bons filmes foram lançados durante o ano... Mesmo assim, muitos desses bons filmes foram chamados de feios, bobões e com cara de mamão! QUE FEIU! Deste modo, o sempre INSANO, Cine Tertúlia vem com uma ideia INSANA de se opor CONTRA TUDO E CONTRA TODOS! Sabe aquele filme que todo mundo odiou? NÓS AMAMOS! E aquele que todo mundo adorou? NÓS ODIAMOS! Prepare seu cérebro pois INSANIDADE é o que não vai faltar nesse podcast. Com vocês, "Tertúlia do Contra" (ou poderia ser "do artnoc" não?).
 


FILMES TERTULIADOS
- Quarteto Fántastico (Fantastic Four, 2015) de Josh Trank
- O Exterminador do Futuro - Gênesis (Terminator - Genisys, 2015) de Alan Taylor
- Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World, 2015) de Colin Trevorrow
- O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending, 2015) de Andy Wachowski e Lana Wachowski



LINKs APRESENTADOS:
- Filme "O Quarteto Fantástico" (The Fantastic Four, 1994) de Oley Sassone 
- TRAILER de "Poder Sem Limites" 
- Facebook do Dalminho
- Vídeo "A Marvel nunca erra"
- #TertúliaView de "Jurassic Park"
- Cena de "Jurassic World"
- Série "Sense 8"
- Livro "O Guia do Mochileiro das Galáxias" 
- Trailer de "X-Men: Apocalipse"
- TertúliaCast: "Kung Fury" (2015)
 
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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

TertúliaView: "Os Oito Odiados" (The Hateful Eight, 2015) de Quentin Tarantino



Acredito que fazia tempo que um título de um filme não combinava tão bem com a construção dos personagens. Sim, aqui a desconfiança, preconceitos e egoísmo reinam! Como em vários filmes de Quentin Tarantino... Mas aqui o ódio é elevado à potência máxima, não existem mocinhos, para todo lado só vilões... Presos em um único espaço! Qual será o resultado dessa combinação? Simplesmente INSANO!

+ Os Oito Odiados (The Hateful Eight, 2015) de Quentin Tarantino


Desde seu primeiro filme, “Cães de Aluguel” (1992), marcando como uma das principais obras da ascensão dos filmes independentes da década de 1990, as narrativas Tarantinescas são marcadas pela opção por personagens nada exemplares... São personagens com questões morais bem avessas as socialmente aceitas e mesmo assim acompanhamos tais narrativas e sentimos facilmente uma empatia por eles. Em sua filmografia temos assaltantes, gangsters, mafiosos, assassinos psicopatas e outros personagens nada éticos... E até mesmo os mocinhos da história também praticam atos questionáveis, como por exemplo, no aclamado “Bastardo Inglórios” (2009), em que conhecemos um panorama do regime nazista no território francês, mas ao nos aprofundarmos na narrativa conhecemos um grupo de judeus que farão de tudo para eliminar os nazistas, mesmo que seus métodos para a vingança sejam muito semelhantes aos nazistas. Coisa que deixou muita gente desconfortável, já que na "narrativa clássica" os nazista fazem coisas ruins e os judeus eram as simples vítimas... Mas não no universo Tarantinesco, aqui todos são violentos, dependendo das circunstâncias, a dualidade entre o vilão e o mocinho é algo muito frágil.

INTRO DO FILME
Olha só esse clima criado logo na abertura, um Jesus crucificado e uma trilha dessa de Morricone qualquer expectativa de uma narrativa alegre vai por água abaixo.


Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson)
Mesmo assim, acredito que posso dizer que todo filme de Tarantino possui alguém a quem torcer... Afinal, como não ficar ao lado de Jackie Brown (Pam Grier) e se opor à Ordell Robbie (Samuel L. Jackson) em “Jackie Brown” (1997)? Como não acreditar com todas as forças que A Noiva (Uma Thurman) irá completar sua vingança contra Bill (David Carradine) em "Kill Bill" (2003-2004)? É, mesmo nos ambientes violentos e sangrentos do diretor, ainda sim conseguíamos encontrar um norte, uma placa de quem gostar e de quem não gostar... Quem poderia estar mais perto do lado sombrio e quem eram os Jedis em busca da liberdade, não é? Mas parece que em “Os Oito Odiados” nosso querido Tarantino se “esqueceu” de nos dar uma direção e só nos mostrou a quem odiar... Novamente confirmo, o título é realmente perfeito para essa obra!

John Ruth (Kurt Russell), Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) e General Sandy Smithers (Bruce Dern)
Temos o Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson), John Ruth (Kurt Russell), Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh), Chris Mannix (Walton Goggins), Bob (Demián Bichir), Oswaldo Mobray (Tim Roth), Joe Gage (Michael Madsen) e General Sandy Smithers (Bruce Dern)... UFA! Cada um com sua história, cada um com um objetivo, mas será que estão nos dizendo a verdade? Tantos personagens assim e nenhum deles para ser um pouco mais bonzinho, será que só tem vilões? Aqui Tarantino coloca toda sua violência e imoralidade dentro de um armazém... Conflitos raciais, de interesse, de negócios e questões mal solucionadas irão ser expostos de uma vez só... E da pior maneira possível. 

Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson) e Chris Mannix (Walton Goggins)
Um filme que se passa em sua maior parte dentro de um único cenário costuma exigir boas atuações de seus atores, coisa que nenhum dos atores do filme deixou a desejar, temos um Samuel L. Jackson em uma de suas melhores atuações, Kurt Russell sendo um brutamontes estúpido perfeito com a personagem de Jennifer Jason Leigh, que junto com Jackson, rouba a cena sempre que possível, Walter Goggins e sua performance cheia de dualidades. Não temos Christoph Waltz no elenco, mas Tim Roth consegue ser um ótimo substituto ao lado de Demian Bichir e Michael Madsen, e finalmente temos Bruce Dern. afirmando que ainda consegue render ótimas atuações aos quase 80 anos. Atuações memoráveis que podemos realizar comparações com “12 Homens e uma Sentença” (1957) de Sidney Lumet e o mais recente "Deus da Carnificina" (Carnage, 2011) de Roman Polanski, que também se passam em sua maior parte em um único cenário, sendo filmes quase teatrais. 

Marquis Warren (Samuel L. Jackson), John Ruth (Kurt Russell)
Em um entrevista à Variety, Tarantino afirmou: "Eu roubo ideias de cada filme já feito [...] Se o meu trabalho tem alguma coisa, estou levando um pouco disso e um pouco daquilo e misturando tudo". Deste modo me lembro de uma discussão que tive uma vez sobre a originalidade de "Django Livre" (2012), pois como um filme que tem referências a filmes Westerns, Blaxploitations e outros, pode ser indicado a um prêmio de Roteiro Original, como aconteceu com o mesmo? Mas como sempre dizemos, não é o que é contado, mas sim da maneira que é contada! Com o filme "Os Oito Odiados", podemos estabelecer comparações com "Festim Diabólico" (1948) de Alfred Hitchcock, e sua tensão de início ao fim, ou com "O Enigma de Outro Mundo" (1982, já tertuliado por aqui) clássico dos clássicos de John Carpenter, no qual temos pessoas trancadas num lugar em que todas desconfiam de todas, e um tal de Kurt Russell também está no filme... E como não realizar a comparação MASTER com o livro "E Não Sobrou Nenhum" (1939) de Agatha Christie, em que temos dez pessoas reunidas num ambiente, uma a uma é assassinada, mas ninguém sabe por que? Bem... vou parar com as minhas comparações por aqui, talvez esteja dando SPOILER demais. 

Oswaldo Mobray (Tim Roth), John Ruth (Kurt Russell) e Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh)

Resumindo, não é o melhor filme de Quentin Tarantino, meu coração ainda bate mais forte para um À Prova de Morte” (2007) ou um Bastardos Inglórios” (2009), mas esse com certeza se torna o mais brutal exemplar de sua filmografia sangrenta, pois assim como disse anteriormente, aqui não existe mocinhos, talvez fiquemos com compaixão pelo sofrimento de Leigh ou com a racismo que vemos a todo instante para com o personagem de Jackson, mas no final cada um deles se mostra cheios de ódio e prontos para fazer o que for necessário para completar seus objetivos, mesmo que isso custe mais um banho de sangue no pequeno armazém de Minnie. Novamente Tarantino não oculta nenhum conflito, ele tem prazer de expor cada um deles da maneira mais sangrenta possível... E se pararmos para pensar como anda os conflitos sociais no mundo ultimamente, esse filme é uma dádiva sobre uma representação de nossa sociedade. Simplesmente INSANO!

CENA SOBRE JUSTIÇA
Discussões INSANAS e precisas... Um exemplo? Saca só essa discussão aqui! Qual é a diferença entre a "justiça com as próprias mãos" e a "justiça civilizada" que também assassina pessoas? Maldito Tarantino! Explodindo mentes sempre!

TRAILER LEGENDADO
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