segunda-feira, 18 de maio de 2020

TertúliaView: A Vida de Brian (Monty Python's Life of Brian, 1979) de Terry Jones

O filme A Vida de Brian, produzido no Reino Unido pelo diretor Terry Jones é com certeza uma das melhores e mais mirabolantes obras que utiliza-se do humor para fazer diversas críticas sociais que já vi em toda a minha vida.

+ A Vida de Brian (Monty Python's Life of Brian, 1979) de Terry Jones 
TEXTO ESCRITO POR RICARDO
paccientexd@gmail.com

Voltado para o gênero da comédia, o filme trabalha constantemente com o humor irônico e com diversas situações contraditórias que ocorrem durante a trama, nos fazendo em diversos momentos parar para refletir profundamente sobre várias questões sociais presentes na época (33 D.C na Judéia), e em como é bizarro notar que essas questões — que apesar de estúpidas e primitivas — ainda se encontram em grande presença na nossa atual sociedade.

Girando em torno do icônico — e um pouco bobo — judeu chamado Brian Cohen (Graham Chapman), é notável a estupidez e ignorância dos demais judeus que o cercam, e até mesmo a do próprio personagem, sendo apenas mais um trabalhador oprimido pelo Império Romano. Acompanhar de perto o seu cotidiano é também acompanhar de perto a cultura de seu povo, a qual era deverás questionável em muitos de seus aspectos.
Brian (Graham Chapman)

Normalmente, parar para estudar e analisar uma sociedade na intenção de tentar descobrir e entender o que a torna subdesenvolvida é algo que requer um aprofundamento extremamente complexo e abrangente sobre diversos — ou todos — os fatores que à constitui; mas pelo incrível que pareça, notar o porquê de todo aquele povo judeu e romano parecerem ser constituídos inteiramente por estúpidos degenerados — talvez podendo até mesmo serem comparados com os atuais "bolsominions" — é extremamente nítido! A causa de tudo isso é o simples fato de que nada ali é realmente questionado.


Charge de Jota Camelo
Assim como Jesus era um profeta... Mendigos, trabalhadores e outros também poderiam ser; e pelo escasso — e talvez inexistente — acesso a informação, tudo que restava às pessoas era decidir se elas iriam ou não acreditar nas mensagens que estavam sendo passadas pelos denominados "profetas". Com base nisso, associar todo o resto é extremamente simples: sem informação as pessoas não tinham como aprender, e sem aprendizado elas não tinham como ensinar, e o problema está justamente no fato de que mesmo sem informação elas ensinavam, e pior que isso, eram os alunos que estavam ali "aprendendo" — ou sendo doutrinados, se preferir — a todas aquelas coisas sem questionar absolutamente nada. Aprendendo apenas falácias, especulações e simples e absolutas mentiras que eles tomaram como verdades pelo resto de suas vidas.

E não é preciso dizer como isso pode afetar negativamente uma sociedade. Vivemos em uma sociedade assim — constituída em sua maior parte por ignorantes — e sabemos como é deprimente encarar este fato. O conformismo e o senso comum são dois fatores que juntos podem dar poder de influência e fala até para o maior dos idiotas, e a maneira tão nítida como a de Terry Jones em nos passar essa mensagem através de um filme humorístico foi extremamente precisa e genial.
Charge de Helô D'Angelo
É irônico pensar que apesar de vivermos na "era da informação" ainda conseguimos cometer a proeza de ser ainda tão manipuláveis e mal informados como somos. Deixando nítido cada vez mais como o egoísmo pode de forma negativa afetar drasticamente a nossa sociedade; tanto partindo dos sujeitos que querem nos privar de informações como nós mesmos que não lutamos realmente por elas, e apenas nos conformamos com o sistema imposto e o conforto de nossas vidas. Algo que vem se mostrando cada vez mais destrutivo para nós e que mesmo assim continuamos parados, sem tomar nenhuma real iniciativa para um verdadeiro progresso social.

Como diria Sigmund Freud: "Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda", e é triste admitir que esse pensamento está correto, e pior que isto, é o fato dele retratar perfeitamente a grande maioria das pessoas de nossa sociedade. Estamos conformados com nossa atual situação. A vida e o conforto dos indivíduos não está em risco, apesar de que, no momento em que está análise é escrita, estamos passando pela pandemia "gerada" pelo COVID-19, que sabemos na verdade ser apenas mais um dos fruto da ignorância humana. Algo que abalou profundamente a economia global e apresenta riscos reais para a humanidade. É extremamente preocupante pensar que apenas situações críticas como essa são capazes de nos FORÇAR a agir de forma mais consciente e responsável, se preocupando realmente com o futuro; só que também sabemos que todas essas precauções e cuidados que tomamos são passageiras, pois as mesmas tem origem de um sentimento totalmente individual, de garantir a sua própria segurança e seu próprio futuro, e não necessariamente o do próximo, ou de todos.



Enfim, como diria Camille Ferros do League of Legends: "Quando vem a escuridão, todos repentinamente enxergam a luz". A escuridão ainda não chegou, e ainda dá tempo de começarmos a caminhar ao ponto em que se torne cada vez mais difícil ela nos alcançar. Claro que essa tal de "escuridão" não passa de uma palavra um pouco mais bonitinha para representar a nossa ignorância; a nossa pior característica e também a que mais nos fez errar, regredir e matar, não apenas uns ao outros, mas também às imensas oportunidades que tivemos de crescer e evoluir.

Há vários e vários outros pontos que infelizmente não abordei sobre o filme e que abririam espaço para outras diversas e complexas questões sociais; mas apesar disto, a principal mensagem: uma sociedade ignorante e seus maléficos, que é basicamente a essência do filme, foi abordada! Então particularmente recomendo muito este filme, transmite não apenas uma, mas diversas verdades e mensagens que se soubermos refletir em cima e usá-las a nosso favor, vamos nos tornar indivíduos cada vez melhores e lúcidos em relação não apenas ao rumo da nossa sociedade, mas de todo o planeta em consequência da nossa ignorância.

FILME COMPLETO (clique aqui)


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