terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

TertúliaCast: OS OPRIMIDOS DO OSCAR

+ TertúliaCast #3: OS OPRIMIDOS DO OSCAR

Os companheiros sempre indo contra a opinião imperialista americana!

Você já parou pra assistir o Oscar, com os comentários do José Wilker, e quando anunciaram o vencedor de melhor filme você pensou um zilhão de outros filmes que poderiam ter ganho? O Cine Tertúlia vem nesse INSANO podcast discutir esses filmes que não deveriam ter ganho o Oscar e o por quê... Falando mal de filmes que não vimos, além de dar nosso pitaco, de filmes que não vamos ver, do Oscar desse ano. PREPARADXS?


Com vocês, nosso terceiro #TertúliaCast, "Os Oprimidos do Oscar"... 


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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Tertúlia Indica: "Deadpool" (2016) de Tim Miller

Um ano sempre começa para minha pessoa quando vejo um filme que é daquele ano... Então senhoras e senhores, lhes convido a começar o ano de 2016 assim como eu, assistindo ao filme "Deadpool", o grande anti-herói dos quadrinhos! O que eu sei sobre Deadpool? Bem... É um personagem da Marvel que sempre gostou de quebrar normas, pois aqui não temos um Capitão América que salvará o mundo em nome da "liberdade", temos ele, Deadpool, o mesmo que matou todos os heróis do Universo Marvel (clique aqui)... O mesmo que matou todos os presidentes estadunidenses zumbis (clique aqui). É... não estamos falando de algo comum!

+ "Deadpool" (2016) de Tim Miller


"Perto de Deadpool, Tony Stark é um tio chato que insiste em repetir aborrecidamente a piada do 'é pavê ou pacomê'."
Pablo Villaça de Cinema em Cena

Nesses mais de 100 anos de cinema surgiu o chamado cinema de gênero, isto é, filmes que seguem uma temática e por isso mesmo devem seguir "normas" que envolvem o gênero... Exemplos? Temos o western, que revelou filme como "Três Homens em Conflito" (1966) e "Era uma Vez no Oeste" (1968), os dois do mestre Sergio Leone.  Temos os filmes noir, com nomes como "Pacto de Sangue" (1944) de Billy Wilder e "O Terceiro Homem" (1949) Carol Reed. Ao colocarmos o play em tais filmes, já sabemos um pouco do que vamos enfrentar. Sacou? Assim, todo cinema de gênero possui as suas sátiras, que costumam fazer o público dar risada sobre as normas que envolvem o gênero, como "Zumbilândia" (2009) de Ruben Fleischer foi para o gênero dos zumbis (escrito por Paul Wernick e Rhett Reese, que estão presentes no roteiro de "Deadpool" também), ou como os filmes da Trilogia do Cornetto de Edgar Wright. Logo, no fim da década de 2000, surge com um gigantesco boom os filmes de super-heróis, criando um novo gênero que se consolidou no cinema, envolvendo muita grana e estrelas de cinema... E com o filme de "Deadpool" podemos dizer que temos um exemplo máximo da sátira do gênero de super-heróis, "audaciosamente indo onde nenhum 'Guardians of the Galaxy' jamais esteve" (fale essa última parte com a voz do Capitão Kirk).

Deadpool (Ryan Reynolds)
 
Deadpool e seus amiguinhus.. Negasonic Teenage Warhead e Colossus.

Deste modo, muitos podem alegar que o filme de Deadpool irá transformar tal gênero no cinema... Muitos podem afirmar que sua história nunca foi vista antes... Mas convenhamos, "um protagonista branco que tinha tudo perfeito na sua vida, mas que agora busca vingança e o amor de sua vida novamente" não é algo novo... Sinceramente, é um dos enlatados hollywoodianos mais comuns do mundo! Mas como sempre dizemos aqui no nosso blog, "não é a história, mas sim como é contada a história" (poderíamos utilizar isso como nosso slogan hein...). É aquela pira, "reconheço os signos do gênero e por isso mesmo os satirizo", deste modo os créditos iniciais do filme são geniais, pois não revelam o nome de nenhum ator, mas sim os "personagens estereótipos" que aparecerão no longa. Se você, assim como eu, se surpreendeu nos créditos iniciais de "Se7en" (1995) de David Fincher ao omitir o nome Kevin Spacey, irá se surpreender em dobro com "Deadpool", que vai nos surpreendendo também com a sua história, principalmente sua primeira parte do filme, que oscila entre violência gratuita e flashbacks sobre o passado de nosso protagonista. No desenvolver da história, encontramos expansões para o Universo Marvel Cinematográfico na Fox (UMCF, curti esse sigla que eu criei hein!), em que vemos referências aos X-Men e até ao passado do ator Ryan Reynolds (protagonista do filme) na DC Comics, como Lanterna Verde. Não é um filme que renovará a comédia/aventura da Marvel e nem o "dark" que a DC está prometendo nos cinemas... Ele é Deadpool, um "super", como o personagem mesmo diz, que esta querendo vingança e sua esposa de volta.


Deadpool (Ryan Reynolds) e Vanessa (Morena Baccarin)
Mas acima de tudo é um filme bem dirigido, pois todos os momentos do filme cumprem o que prometem: Violência gratuita? Uma cena do Deadpool cortando a própria mão... Comédia? Quer algo melhor do que Wade Wilson falando sobre uma alface entre os dentes de Francis (sim, vou chama-lo de Francis e não de Ajax!)... Tristeza? O momento em que Wilson descobre que está com câncer terminal é de matar qualquer um... Sério! O filme é muito bem construido, Tim Miller mandou muito!
Nosso querido estreante na direção... Tim Miller.
Se os livros de Machado de Assis são  conhecidos por exigir de seu leitor um bom aparato literário, já que possui várias referências a outras obras, podemos falar que o filme de Miller exige, em vários momentos, conhecimento especializado sobre a cultura pop, como uma referência ao grupo Monty Python numa cena hilária ou como na cena pós-crédito (isso mesmo tertulianxs, temos cena pós-crédito!) que deixará louco qualquer fã dos filmes da década de 1980. Deste modo o filme tem todo o direito de cair de clichês, pois não perde sua qualidade, mesmo que cheguemos no "mocinha em perigo capturada pelos vilões" o filme ainda consegue firmeza para finalizar com estilo.


"HA! Vim aqui só para causar!"
Mesmo sendo um filme com todo esse ar de quebrar normas, ele infelizmente sustenta outras, como apresentado nos créditos iniciais, os personagem clichês/modelos: brancos, jovens, bonitos... As pessoas que quebram esse modelo de personagem, são apenas dois, um indiano taxista () e uma negra cega ()... Se "Deadpool" é a obra-prima da subversão cinematográfica eu sinceramente quero mais! Quero mais subversões e INSANIDADES! Ou como diria nosso slogan oficial: QUANTO MAIS INSANO, MELHOR!

TRAILER LEGENDADO
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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

TertúliaView: "Labirinto de Mentiras" (Im Labyrinth des Schweigens, 2014) de Giulio Ricciarelli

O mundo a cada dia se torna  mais complexo, se formos analisar de uma perspectiva histórica, ainda não se mantém vigente a polarização entre comunistas vs. capitalistas, mas sim de uma pluralidade de posições e pensamentos que faz com que analises simplistas se tornem muito superficiais e sem ligação com a realidade. Deste modo podemos afirmar que nos encontramos num momento em que estamos percebendo que dualismos como mal vs. bem e certo vs. errado se tornam ingênuos ao tentar explicar nossa condição. E ao tentar explicar o mundo sem dualismo entramos num labirinto imenso... QUEM TOPA IR JUNTO?

+ "Labirinto de Mentiras" (Im Labyrinth des Schweigens, 2014) de Giulio Ricciarelli


No primeiro filme de Giulio Ricciarelli como diretor, que é mais conhecido como ator na Alemanha, apresenta uma narrativa até que comum em filmes sobre a temática nazista e a busca por justiça, em que conhecemos Johann Radmann (Alexander Fehling), um jovem promotor de justiça que tem por princípio a ética sempre, que se torna o principal investigador sobre um campo de concentração ainda desconhecido, Auschwitz, na Polônia. A partir dai ele entrará em uma busca desenfreada atrás de todas as mentiras e verdades sobre o assunto, mesmo que isso custe sua vida profissional e pessoal.


O grande trunfo do filme não é trabalhar sobre o nazismo, mas sim como trabalha sobre, pois Radmann se apresenta como um ser imaculado e por isso tem todo o direito de seguir em frente contra as pessoas que fizeram todas as atrocidades nos campos de concentração durante o regime nazista. Mas só que essa certeza em cima do dualismo eu (bom) vs. ex nazistas (mal) pode ser a porta de entrada para um gigantesco labirinto, pois você ignora uma verdade que pode te cegar fácil: e se o mal também estiver em você? AI FUDEU!


Em 1963, a filosofa Hannah Arendt publica o livro "Eichmann em Jerusalém", em que faz um relato sobre o julgamento de Adolf Eichmann, que foi responsável pela administração da linhas de trem que levavam diversos judeus para os campos de concentração, nesse momento todos esperavam uma análise visceral em que abordasse como Eichmann era uma grande vilão nazista. Mas Arendt surpreende e faz uma análise do "indivíduo Eichmann", pois ele não possuía um histórico antissemita e não apresentava características de um caráter doentio, segundo a filosofa ele apenas agiu segundo seu dever, estava apenas cumprindo ordens superiores e movido pelo desejo de ascender em sua carreira profissional, na mais perfeita lógica burocrática. Logo ele não era o "mal" e muito menos o "bem", era somente alguém que seguia ordens.

Filósofa Hannah Arendt

A partir desse ponto de vista, quem deveria ser realmente punido ou não na investigação de Radmann? Será que todos os alemães que eram vivos durante o regime de nazista eram culpados? Por qual motivo não fizeram nada para impedir tudo aquilo? Nesse ponto acredito que seja o auge do filme, em que nosso protagonista entra em crise sobre sua própria ética: será que ele mesmo não seria filiado ao Partido Nazista? E... Com essa pergunta que o filme validou sua presença no blog do Cine Tertúlia... Será que você ai, que está lendo esse texto, não se renderia as ordens nazistas? Ou ainda, será, que muitas vezes hoje, não nos rendemos como meros seguidores de ordens sem questionar se tal atitude seria coerente? É meu carx tertulianx, não é de certezas que o cinema vive, mas sim de questionamentos que entram dentro da nossa cabeça fazendo com que nossa mente exploda!


Podemos fazer um interessante paralelo com o caso brasileiro e sua busca, ainda falha, sobre as verdades da ditadura civil militar, pois esse passado recente ainda sustenta seus valores na política e na sociedade. Ainda não conseguimos nenhum Johann Radmann que conseguiu enfrentar toda a justiça dominada por pessoas que se beneficiaram com a ditadura, ainda estamos num estágio de reconhecer aquilo foi ruim e abominável, mas ninguém quer encontrar punições e reviver esse passado lamentável. Demos importantes passos com a Comissão da Verdade divulgado em 2014, mas ainda temos medo de nos encontramos dentro desse emaranhado de mortes e tortura, pois, como o nome já diz, a ditadura teve participação de militares, que assumiram o poder com apoio de parte da população civil. O filme de Ricciarelli consegue mostrar essa busca pela verdade, mesmo que isso custe a estabilidade política de um país, pois devemos investigar nosso passado, para que possamos ter uma projeção de futuro de dias melhores. 

TRAILER LEGENDADO


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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

TertúliaView: “A Band Called Death” (2012) de Mark Covino e Jeff Howlett



Acredito que essa seja a primeira vez que um documentário aparece no blog do Cine Tertúlia... O motivo? Não faço a mínima ideia da razão de nunca termos abordado algum documentário nesse um pouco mais de um ano de blog. Mas como diz a vinheta do DOC TV da TV Brasil, "quando a realidade parece ficção é hora de fazer um documentário". E cara a história desses caras é difícil de acreditar... Então apertem as gravatas que o role hoje é INSANO mesmo!

+ “A Band Called Death” (2012) de Mark Covino e Jeff Howlett


"Antes de existir o punk, eles eram punk"
Mas antes, para todos podermos sentar confortavelmente e partir para a brisa, acredito ser necessário uma definição do que seja um documentário, deste modo podemos estabelecer, de maneira simplista, uma relação de oposição ao filme ficcional, isto é, tem por objetivo explorar a realidade do que está sendo exibida. Mas ai entramos numa discussão complexa demais para o que viermos fazer aqui hoje.. O que seria realidade? O que seria abordar um fato tal como ele é? Assim o dualismo entre documentários e o cinema de ficção vai por água abaixo, pois, os dois, cada a sua maneira, nos mostram um representação parcial, ou melhor, subjetiva da coisa. Logo se você esperava uma definição... Desculpa!

"Tamo aqui de boas... Só criando um novo som que ninguém tinha feito antes"
Vamos partir então para a história do filme, aqui conhecemos a história do lendário trio de punk rock chamado Death, em que três irmãos negros que viviam em Detroit, inspirados pela INSANIDADE dos shows do The Who, decidem montar uma banda que fazia um som mais cru e mais rápido! Só que devido a muitas barreiras da época, preconceitos e os bons costumes, o sonho de ser uma banda inovadora foi pelo ralo... Final de história BAD? Calma ai carx tertulianx! Quando parecia tudo perdido, em 2008, por um acaso impossível, eles conheceram um REVIVAL que ninguém pode colocar defeito e disso que esse documentário trabalha.

De revival em revival cada um um vai se encontrando... No ano de 2015 tivemos a série de TV Ash vs. Evil Dead, em que no episódio "The Killer of Killers" temos como trilha sonora a música "Freakin Out" do Death.
ATENÇÃO: CENAS FORTES, TIREM AS CRIANÇAS DA SALA!

Mas por que raios a banda se chama Death? Isso meu caro, é uma BRISA gigantesca que eu não sei se conseguirei transcrevê-la em palavras para você. MAS VAMOS TENTAR! Jovens negros, eles estavam habituados a uma difícil vida, mas nem por isso deixavam de sonhar e tinham grandes desejos. Quando seu pai morre eles percebem que o fim/morte pode ser algo muito perto de você, eles então nomeiam a banda assim, mas só que encontram dificuldades de serem produzidos com esse nome. Isso seria um fim? Como dissemos na analise do filme “ABC da Morte” (2012) (clique aqui), nós estamos “atados a uma ideia de morte como um fim, o fim do belo, do jovem, e isso reflete na visão que temos da velhice, ele une o inicio com o fim. [...] ABC's of Death acaba virando um exercício de reflexão sobre como encaramos a morte e o que aprendemos nessa relação vida/morte. A morte é nossa única certeza ou sabendo do ponto final nossa única certeza é viver e encarar o mundo que está a nossa volta?” E cara, com nossos amiguinhos aqui do Death, aprendemos que a morte ou o fim não tem nada a ver com “está tudo acabado”, tudo pode mudar de uma hora para outra...

David Hackney, irmão que morreu no ano de 2000.
Em toda a existência da vida dos irmãos Hackney, sua vida foi marcada pela dialética entre o sonho e a realidade... O sonho de montar uma banda tão FODA quanto The Who, mas a realidade de não possuírem recursos... O sonho de gravar um CD de Rock N Roll, mas a realidade do preconceito por serem negros... Nessa dialética, nada favorável, eles foram enfrentando diversos obstáculos, que não irei mencionar aqui, pois estarei estragando a surpresa de assistir o filme. Mesmo que todas as placas apontassem para o outro caminho, mesmo que nada parecesse dar certo, eles estavam lá, vivendo e curtindo. Até que um dia a realidade deles se transformou num sonho, conseguiram conquistar o coração de diversas pessoas ao redor do mundo!

Bobby Hackney, o vocalista/baixista, comenta como foi difícil viver com tantas rejeições sobre a vida da banda.

Talvez possa parecer demagogo, mas acredito o que principal dessa INSANA história é que defender aquilo que você acredita é algo difícil e nada recompensador, mas o final pode ser algo fantástico. Se aqui no blog do Cine Tertúlia, sempre defendemos que um filme é bom não pela sua história original, mas pela maneira que é contada, aqui vemos que esse filme é duplamente INSANO, uma história original e contada de uma maneira perfeita! Ramones, The Clash e Sex Pistols são fodas? DEMAIS! Mas Death veio primeiro! Sem mais delongas, ASSISTA!

Dannis Hackney, baterista, fala sobre como a história da banda é única! 


PS: Quem disse que essa história acabou? Ela ainda acontece hoje! E eu tenho o prazer de fazer parte disso! Enquanto você lê esse texto, nessa quinta-feira, 04 de fevereiro de 2016, estou num show deles! Demais! Só tenho a dizer: #AcrediteNaGravata, pois a vida é cheia de surpresas!

TRAILER OFICIAL


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