Escapismo seria uma forma de
tentar fugir da realidade ou do cotidiano, tido sempre como algo desagradável,
logo se "escapa" pois desviamos nosso foco para outras coisas com mais entretenimento.
Deste modo é fácil afirmamos o cinema como uma forma de escapismo, com muitas
fantasias e ficções em que conhecemos superpoderes, magia, monstros e uma
infinidade de criaturas fantásticas... As vezes dá medo, né? Mas o que me dá o
maior cagaço é quando a vilania está dentro dos nossos próprios protagonistas!
PUTZ!
+ A Caverna (La Cueva) 2015 de
Alfredo Montero
Já ouvi muitas pessoas falarem
que o gênero do terror estava estritamente ligado com a fantasia, assim onde o
horror cotidiano (violência e roubos) é intenso, nos impediria de aceitar o horror da
ficção como uma forma válida de escapar da realidade, pois “na real” não
estamos escapando, mas sim a reencontrando o horror. Mas na minha humilde
opinião eu discordo, gosto de me entregar a contracorrente, se lembre! Somos o Cine Tertúlia! queremos EXPLODIR
MENTES, amamos desafios! “Quando o mundo
se revela maior do que imaginamos, quando nossos medos se tornam realidade,
quando temos a sensação de sermos insignificantes na vastidão e nos mistérios
do universo e, ao mesmo tempo, sermos o centro dele.”¹ Nesse momento
acreditamos que a vida é possível em todos os sentidos, tanto real como
imaginativo.
Nesse contexto quero apresentar um
diretor “bem pouco conhecido”, chamado Alfred Hitchcock, que em seus filmes
aplicava uma lógica perfeita que fez conquistar plateias em todo mundo: em que talvez
o "mal" resida em sua própria casa ou até em você mesmo. MEU OLORUM! Pensa só
amigos, em “Festim Diabólico” (1948) é apresentado alguém demônio? Em “Disque M para Matar” (1954) quem faz a ligação é um monstro alienígena? Até quando vemos
outros seres vivos como vilões da história como em “Os Pássaros” (1963), no
nosso cotidiano tal ser é bem presente, não? Nessa brincadeira de levar o
terror para dentro da sua zona de conforto e que os culpados não são nada menos
do que aqueles que estão sempre com você, o diretor Hitchcock consegue
construir uma narrativa que mesmo o cara com a realidade mais brutal sinta medo
e tensão.
No filme de Montero em questão
conhecemos cinco amigxs que estão de férias acampando e num belo dia decidem ao
acaso visitar uma caverna encontrada por um deles. Nesse momento, quanto mais
entram na caverna, mais aumenta o medo e a tensão pelo que vão encontrar: assassinos,
estupradores, monstros, vampiros? Nossos medos cotidianos se misturam aos medos
fantasiosos que o cinema sempre nos presenteia. Mas com o decorrer da narrativa
percebemos que talvez o toque vilanesco esteja em casa um deles: Jaco (Marcos Ortiz) e seu temperamento autoritário e machista, Carlos (Xoel Fernández) e sua
excessiva necessidade por filmar tudo e Begoña (Eva García-Vacas) que sempre
desconfia de tudo e todos, sendo o medo sua principal característica. Assim a cada
minuto que passa é um tempo a mais compartilhando temores, conflitos e incriminações
e é nesse momento que nossos protagonistas começam a demonstrar como o horror
não está tão distante, não precisa de fantasias ou mundos mágicos, mas de
apenas um momento ruim.
O filme aposta tanto em
veracidade em sua narrativa que é filmado em found footage, em que a câmera se
mostra presente na cena pois é filmado por algum dos participantes, sendo uma
tentativa de mostrar como fosse um documentário em que as cenas foram filmadas
daquela maneira. Logo o filme que é gravado em uma caverna se torna mais claustrofóbico
e aterrorizante, a todo instante e a todo barulho sentimos a sensação de que
algo vai aparecer, algum monstro assassino de “Abismo do Medo” (2005), mas não! Aqui o rolê se torna mais pesado... Acho que monstros malvados seriam melhor
para uma sensação pós crédito, “UFA! ACABOU O ROLE, AINDA BEM QUE MONSTROS NÃO
EXISTEM...” Mas infelizmente os “monstros” aqui são todos humanos, querendo
fazer tudo para sobreviver.
P.S: Se tiver alguma viagem aventureira em cavernas para realizar, por favor, faça a viagem antes de ver o filme! Esse filme vai te dar muita brisa errada sobre cavernas! Eu fui pra PETAR em Julho, recomendo pácas! Recomendo muito, mas antes de ver esse filme...
¹ Samir, M de M. Ficção de Polpa, Vol 1. Porto Alegre: Não Editora, 2012, p. 11.
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