Fúria, vingança e sangue... São
desejos que muitas pessoas querem ver quando se trata de
"entretenimento", talvez seja por
isso que diretores como Quentin Tarantino e Sam Peckinpah tenham tanta fama no
cinema. Mas essa fascinação pelo "circo pegando fogo" já existe faz
um tempinho no cinema, se liga no filme de hoje do #TertúliaView!
+ "Fúria" (Fury, 1936) de
Fritz Lang
O filme começa de maneira
simples, temos Katherine Grant (Sylvia Sidney) e Joe Wilson (Spencer Tracy) declarando amores eternos um pelo outro, mas que infelizmente será interrompido
pela viagem de Katherine a sua cidade. Joe, como não tem dinheiro para viver
com a moça, só pode prometer que no futuro se encontrarão novamente. Deste
modo, após um ano, vivendo na terra das oportunidades (leia-se Estados Unidos),
conseguem mudar de vida, tirando seus irmãos da influência da máfia italiana e
conseguindo uma boa grana, Spencer finalmente tem dinheiro para pedir a mão de Katherine.
Parecia tudo perfeito... Mas como Hermes e Renato já diziam, "merda
acontece".
Sylvia Sidney e Spencer Tracy |
Quadro "Merda Acontece" de Hermes e Renato |
Assim, ao finalmente chegar na pacata
cidadezinha de Katherine, é confundido com um sequestrador e é preso sem acusações
convincentes. "Mas afinal... A
delegacia vai ficar dando moradia e comida para uma sequestrador filhx dx putx?"...
É meus amigos, e a sede por "justiça" toma conta dos habitantes
daquela cidade, e assim, o que há de pior se mostra como o mais provável que aconteça.
Lang então demonstra como uma
notícia, considerada simples, pode mudar o cotidiano de uma cidade... Um simples
boato, que devido "a lei" de quem fala mais alto pode se tornar verdade absoluta.
Num claro reflexo ao seu país, recentemente deixado para trás, a Alemanha, já que Fritz Lang
sai de lá assim que o nazismo chega ao poder, sendo um poder baseado num pejorativa um
tanto ridícula, mas que movimentou dezenas de alemães a matar judeus, negros, e
todos que não pertenciam a raça ariana, dita superior. Nesse filme, o primeiro
dele em Hollywood, o diretor consegue mostrar que até mesmo numa cidade calma e
sem conflitos aparentes, o desejo por vingança e sangue pode desatar em conclusões nada
fáceis...
"Quem faz a cara mais feia ganha..." |
Com o desenrolar da história
conhecemos diversas atitudes questionáveis, que num momento de crise e
desespero, podem ser consideradas as ações mais racionais e corretas a se
fazer, assim, se um criminoso é aquele que sai do código de ética de uma
sociedade, o que fazer se uma sociedade inteira sai do código de ética? Se
nosso protagonista sofreu de uma justiça totalmente estúpida e baseada na fúria,
talvez ele mesmo tivesse fúria se pudesse realizar uma vingança sobre toda essa
cidade? Essa vingança sobre uma outra vingança seria legitima? A fúria pertence
somente aos criminosos ou à pessoas inocentes que não acreditam mais na
justiça? Com esses questionamentos INSANOS, finalizo esse #TertúliaView, que
espero ter convidado você a assistir o filme assim que tiver uma oportunidade!
PS: A cena final do filme não é das
melhores, talvez por uma interferência de Hollywood, mas fizemos essa analise
aqui se fundamentando na brisa base do filme, a fúria.
TRAILER
AVISO: Esse trailer dá mais SPOILER que minha #TertúliaView aqui...