Para começar esse #TertúliaView
eu já falo: sou um grande fã de "2001 - Uma Odisseia no Espaço"
(1968), mas... O que eu entendi daquela história? NADA! Confesso mesmo! Não
entendi porra nenhuma daquela piração... Só comecei a entender alguma coisa
quando li finalmente o livro de Arthur C. Clark ano passado. Mas ai que está:
talvez o que nos conquista em algo não é uma história narrativa certa e
absoluta, mas sim as perguntas deixadas no roteiro para o público, que ficará
mastigando a ideia por um bom tempo após o termino do filme.
+ "La Loi du Marché"
(2015) de Stéphane Brizé
O filme de Brizé não tem nada de
sci-fi, mas tem muitos questionamentos jogados para o espectador, pois com uma
fotografia bem "câmera na mão" ele dá um ar de realidade à obra que a
todo momento pensamos: será que nesse momento eu agiria assim? Será que isso
pode acontecer comigo? Logo o cinema como um espaço de experiência através da
relação de empatia entre o espectador e o personagem se mostra importantíssimo e
essencial nesse filme. Bem calmo, retratando a crise econômica mundial, que
desde 2008 assombra países europeus como a França, sob a perspectiva de Thierry
(Vincent Lindon) que, desempregado a algum tempo e precisando urgentemente de
dinheiro, busca uma vida melhor, mas isso quer dizer que ele deve aceitar tudo? Olha só que questões
fodásticas deixadas pelo diretor no filme... É impossível não travar no
contexto das situações apresentadas.
Thierry (Vincent Lindon) e seu filho (Matthieu Schaller) |
Podemos estabelecer um paralelo
com o filme "Miss Violence" (2013) de Alexandros Avranas (já tertuliado por aqui), que é um
filme BAD MONSTRA mesmo! Retratando a crise econômica e política que assola a Grécia num âmbito mais abrangente e, podemos dizer, mais preciso: uma crise
moral... Em que o certo e o errado não são bem definidos, pois os exemplos de
boa conduta em sociedade são ambíguos.
Ou como define bem o psicólogo Lawrence Kohlberg em sua "Teoria do Desenvolvimento Moral", que apresenta três níveis de evolução:
Cena de "Miss Violence" |
Ou como define bem o psicólogo Lawrence Kohlberg em sua "Teoria do Desenvolvimento Moral", que apresenta três níveis de evolução:
1) Pré-convencional: Em que
agimos como uma criança mimada, sempre pensando como se livrar de punições e visando
benefícios.
2) Convencional: Em que
acreditamos na moral e nos bons costumes, "tudo o que é certo e errado está
na lei", agimos como a maior parte da sociedade age.
3) Pós-convencional: Atingimos um
nível de compreensão de mundo que percebemos que as leis nem sempre abarcam
todas as possibilidades e o que é certo e errado podem transcender normas.
Lawrence Kohlberg |
Outro filme francês muito
interessante é o "Dois Dias, Uma Noite" (2014) de Jean-Pierre Dardenne e Luc
Dardenne, em que conhecemos Sandra (Marion Cotillard) que vive sob um dilema: a
empresa em que trabalha irá receber um bônus se ela for demitida... Numa crise econômica
ninguém quer ser demitido e muito menos recusar um bônus em nome de uma colega.
O certo e o errado desaparecem instantaneamente, sabemos sim, em nosso coração
humilde, que nunca devemos aceitar dinheiro se outra pessoa saíra prejudicada,
mas novamente, que moral podemos exigir de alguém numa sociedade em crise
moral?
É basicamente esse dilema que
nosso querido Thierry terá que lidar: ele irá se deixar levar? Ele irá se
impor? Bem... Não comentarei mais nada pois seria revelar detalhes do roteiro,
vulgo SPOILER... Mas queria reiterar: não são certezas que nos conquistam, mas
sim dúvidas! Assim como "2001" de Kubrick só me deixou
questionamentos, deixo um para você... Se cinema é uma forma de nos colocar em
situações distintas das nossas, pense consigo mesmo: o que você faria?
FIQUE COM O TRAILER
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