quinta-feira, 19 de março de 2015

TertúliaView: O Dia dos Mortos (Day of the Dead, 1985) de George Romero


Direção: George Romero
Roteiro: George Romero
Elenco: Lori Cardille, Terry Alexander, Joseph Pilato, Jarlath Conroy, Sherman Howard, Richard Liberty

   Dia dos mortos, aquele feriado mexicano? Não, muito longe disso, afinal acho que os mexicanos não esperam que seus parentes saiam da cripta para tentar comer suas tripas! Mas é isso ai, mais um filme com o selo Romero de qualidade, e posso dizer que selo Romero de qualidade é um baita dum selo. 
   Numa época que muitos filmes B, trash, apostava no quanto pior melhor, Romero parece nos dar algo com mais qualidade, a construção dos personagens, suas motivações, suas ideologias. Day of the Dead que veio para o Brasil como O Dia dos Mortos logo de início joga uma ideia meio Platão, o filósofo grego, uma mini-sociedade criada em um bunker do governo após um apocalipse zumbi em que esta dividida entre civis/trabalhadores, militares, e cientistas/intelectuais. E os três estão em rota de colisão, acuados numa situação que parece não ter saída e não sabendo o que fazer naquela situação. Enquanto o cientistas tentam buscar uma cura para a "doença", os militares querem escapar dali, da mesma forma que os civis, não vendo necessidade no trabalho dos cientistas, afinal, eles estão todos condenados.

 Na república de Platão, cada um teria uma função para que a sociedade funcionasse perfeitamente, os líderes nesse caso, para que tudo desse certo, seriam os filósofos

   Os cientistas também estão divididos entre eles. Dr. Frankenstein em sua busca de entender como os zumbis quer controlar o ser humano que, morto-vivo, vira força da natureza, e a natureza deve ser controlada. Além disso, o zumbi representa o contrário da civilização, o bárbaro, e isso deve ser corrigido. Porém, o zumbi não deixa de ser humano. Na sua busca de entender o zumbi, Frankenstein deixa claro o quanto os zumbis são semelhantes aos humanos, o ser humano primitivo, com seus instintos mais selvagens, agindo por impulso e necessitando de recompensa. O zumbi ainda é espelho do que nós fomos, mas também esperança do que podemos ser, uma superação dos aspectos negativos do ser humano.

Lembre-se de quem você é SIMBA BUB!

   O filme faz parte de uma "trilogia" que começa com A Noite dos Mortos-Vivos (1968) e Despertar dos Mortos (1978) mostrando diferentes momentos do apocalipse zumbi, seu início, os próximos dias do apocalipse, ou os próximos meses. Se numa primeira parte do filme os personagens e suas histórias são apresentados, perto do fim Romero nos presenteia com um banquete de sangue e tripas. Neste cinema crítico sanguinário O Dia dos Mortos chama a gente pra olharmos além do terror e da ficção e olharmos a nossa realidade.

TRAILER


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#ACREDITENAGRAVATA

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