quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Tertúlia Análise: Homo Novus



Homo Novus

Ao longo dos anos os filmes mostram aspectos da condição humana, principalmente os fatores dos quais levariam ao seu fim.
O que se ignora é talvez como podemos interpretar essa visão. Não como destruição, mas como substituição do Homo Sapiens por uma nova forma de vida dominante. Um novo Homo, uma nova condição de existência humana.
Sempre nos vemos, mesmo em meio ao fim, como alicerce da existência. Com o nosso fim viria o cessar da mesma. Porém como seria se fôssemos apenas um processo de transição na história e não o fim? Afinal de contas é exatamente isso o que somos.


Os filmes de certa maneira (frágil talvez) nos concedem o exercício da imaginação nesse determinado assunto. Eles assumem uma narrativa que nos permite pensar no Homem como passagem evolucional. Por exemplo, o segundo filme d’os Vingadores (Os Vingadores: A Era de Ultron, 2015) traz um vilão sarcástico que se apresenta como um degrau além da condição humana. Uma nova espécie na escada darwiniana da vida. Engraçado é pensar que ele falha em seu plano por ser humano, demasiadamente humano.
Nos mais recentes reboot da série "Planeta dos Macacos" (filmes de 2011 e 2014), o macaco toma o lugar do Homem como ápice evolucional. Perfeita analogia entre passado e futuro, não é mesmo? De qualquer forma, o egoísmo humano não consegue aceitar o momento de sua possível extinção. Ele se enxerga como causador do cessar das outras existências, mas nunca da sua.
Um filme não muito comentado, mas de grande excelência, "Ex Machina" (2015) (já tertuliado por aqui), retrata esse ponto de maneira concisa. O Homem como criador inevitável de seu próprio fim. A narrativa compara a criação de uma nova consciência de vida (uma inteligência artificial) com a frase de Oppenheimer ao se retratar sobre a criação da bomba atômica: “(...) e agora eu me tornei a morte (...)”.
 
Simbora fazer um crossover com essas histórias?
 Vamos usar essa como a melhor definição da condição humana. Somos a morte. Estamos sendo pessimistas? É aqui que encontramos um divisor de águas, é a maneira da qual utilizamos para lidar com a morte que pode definir tanto a negatividade quanto a positividade.
Pensando no universo dos filmes, nesse grande leque de visões grudadas no ecrã, o badalo balança conforme o passar do tempo. Nas produções iniciais (levando em conta filmes que já apresentavam enredo), como, por exemplo, Georges Méliès, o Homem pode ser encarado como a morte mais “positiva”.  Um sentido maior de sobrevivência, uma exploração da vida. Em “Viagem a Lua” (1902), Méliès se utiliza de Júlio Verne para ressaltar no nosso imaginário a “Belle Èpoque” e mostrar como a vida do homem se afasta cada vez mais da condição passiva e se torna verdadeiramente senhor de si. “Deus está morto”. 
Cena de “Viagem a Lua” (1902)
Para o azar de Méliès, e de toda humanidade, temos os períodos de guerra que determinam e redefinem a visão de como produzir filmes e da própria condição humana. O homem deus de si se encontra com sua forma de destruição. Ou como se referiu Oppenheimer, nos tornamos Vishnu.
 E os filmes acompanham a destruição. Mesmo no humor de Chaplin é possível identificar traços dessa nova condição. A icônica cena de “O Grande Ditador” (1940), em que ele brinca com o globo terrestre, pode ser interpretada como se o Homem nada mais fosse do que uma criança em todo seu potencial destrutivo. “Monseiur Verdoux” (1947) é um genial tapa na cara de uma sociedade pós-guerra. Verdoux (protagonista) seduz mulheres ricas e viúvas e em seguida assassina-as para ficar com a riqueza e assim poder cuidar de sua própria família. Como crítica geral ao mundo o filme é sensacional, mas se diminuirmos a dimensão da crítica apenas ao Homem também temos outra relação de condição da existência humana, transformando-nos em seres perdidos em nossos conceitos morais. E assim começa a nossa metamorfose.
 
Cena de "O Grande Ditador"
Os anos que se seguem concretizam-se com a guerra propagandista nos filmes. É a ideologia da Guerra Fria. Um mundo no qual a disputa política se intensifica na venda de ideias, estilos de vida e principalmente mentiras.
É nesse clima de ideias que surge uma possível pluralidade do ser humano. Temos, por exemplo, duas marcas dos filmes de ficção científica: Jornada nas Estrelas e Guerra nas Estrelas. Ambos introduzem o universo intergalático e a possibilidade do Homem ser mais que humano. Agora é possível enxergar a condição humana em wookies, seres verdes dotados de pura sabedoria e loucura, vulcanos e romulanos, ewoks e até mesmo em androides corajosos e covardes. É o nascimento da possibilidade de um novo Homem. Do Homem destruidor surgiu o Homem criador.

E como resolve essa treta aqui? por Promus-Kaa - Crazy Victorian Inventor Ma
 Essa capacidade de criar é na qual nasce o fim de um conceito humano para o surgimento de um novo Homem (o Homem Novus). O progresso humano, dentro de uma visão adorniana, correu tanto que atingiu um ponto de substituição do conceito presente retrogrado do Homem por possíveis novas interpretações. Esses novos entenderes são vistos nos filmes, que traduzem um pouco da natureza humana. Desde a década de 1980 a temática do zumbi paira sobre o cinema. Mas nos últimos anos ela surge com força maior. Falar de zumbi dentro desse tema pode soar um pouco estranho a princípio, porém, é nele mesmo que enxergamos uma nova semiótica da condição humana. O homem morte voltou. Todavia essa morte é diferente. É a morte de si e não dos outros. O Homem Novus é um homem morto, porém ativo, um ser que perambula entre ser e não mais ser. Um estado de transição, talvez esse seja o melhor termo na hora de definir esse estágio da evolução.
 Citado no início deste texto, Ultron também queria criar um Homo Novus, porém falha, mas entendendo a natureza morta da robótica atingimos um ponto de mudança. "Ex Machina" nos propõe a ascensão da vida artificial (vida sem vida), assim como em "Matrix" (1999), ou "Exterminador do Futuro" (1984). Claro que em todos vemos o Homem galgar sua resistência, mas, de qualquer forma, seu medo ou evolução fora criado por ele mesmo. Talvez seja por isso que seus nêmesis sempre apresenta essa realidade que brinca com um vazio de vida. Agora o Homem está morto.
 
Matrix
Exterminador do Futuro
 De qualquer forma, seja qual for o Homo Novus, ele parte da existência do Sapiens Sapiens e com isso uma fração de nós segue. Talvez o vazio que nos preenche (ou preenche a visão de nós mesmos) seja a essência de nossa própria condição atual. Não que isso seja bom ou ruim, mas como já dito, o balanço do badalo é definido pelo caminhar do tempo.

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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

TertúliaView: "Poder Sem Limites" (Chronicle, 2012) de Josh Trank

É um filme de super-heróis? SIM! Com adolescentes? SIM! Após essas duas perguntas podemos ter conquistado seu coração para ler esse #TertúliaView ou é provável que você já tenha fechada essa página... Mas calma ai o role de hoje vai ser muito INSANO

+ Poder Sem Limites (Chronicle, 2012) de Josh Trank


No conto "O Retrato Ovalado" de Edgar Allan Poe, conhecemos a intensa paixão do artista ao representar a realidade em sua obra, em que um pintor busca incessantemente representar sua esposa num quadro. Do mesmo modo, o diretor de um filme deseja realizar uma obra coerente para que o público sinta empatia com seus personagens e sua história. O cinema sempre busca se aproximar da realidade para deixar seu filme mais próximo da verdade do espectador desde a sua primeira exibição, com "A chegada do trem na estação" (L'Arrivée d'un train en gare de La Ciotat, 1985) de Auguste e Louis Lumière, em que o público pagante saiu corrente com medo, acreditando que o trem exibido era de verdade. Muitas tecnologias chegaram: o cinema com falas, colorido, efeitos especiais e sonoros e outros.

Três adolescentes... Super poderes... E uma câmera!
Olha uma bola flutuando!
Mas foi em 1980, Ruggero Deodato dirige "Holocausto Canibal" (Cannibal Holocaust, 1980), um filme  que chocou plateias ao redor do mundo devido a brutalidade de sua história, mas que tinha um detalhe que fazia toda a diferença, foi o primeiro Found Footage de sucesso no mundo. Sendo até chamado para julgamento na justiça sobre se as mortes apresentadas no filme são verdadeiras ou não. Assim sendo, o filme quebrou várias barreiras entre o público e o cinema, como a chamada "quarta parede" no teatro, a parede imaginária entre o público e os atores, através da qual a plateia assiste passiva à ação do mundo encenado. Mas afinal o que seria esse tal de Found Footage (FF)? É um gênero que apela para a "câmera na mão", dando um caráter mais realista a obra, pois tudo que vemos no filme foi filmado pelos personagens da história.  Mas esse tipo de filme só adquiriu status em 1999 com o filme "Bruxa de Blair" (The Blair Witch Project) de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez. Começando assim uma indústria cultural gigantesca sobre esse estilo, saindo filmes como "Atividade Paranormal", "[REC]", "Cloverfield" e outros.

Mesmo fazendo um bom uso do FF o filme possui algumas cenas desnecessárias, como na cena em que Matt tenta reconquistar o coração de Casey... Sério! Quem tem um espelho do lado da sua porta?
"Faça cara de mal..."
É nessa indústria sedenta por grana que surge nosso filme em questão, "Poder Sem Limites" (Chronicle, 2012) de Josh Trank, com uma mistura de FF com a temática super heróis, muitos já devem olhar e dizer que o filme é clichê puro! Mas não, acredito que é o primeiro filme de super herói que me fez compreender o que realmente seria adquirir super poderes e as consequências que ele poderia gerar, tá ligado na ideia de fazer o público sentir empatia com a obra? Aqui ela acontece de maneira muito bem administrada. Conhecemos mais um adolescente looser, Andrew Detmer (Dane DeHaan), que possui muitos problemas familiares com sua mãe morrendo e seu pai alcoólatra. Seu único amigo é o seu primo, Matt Garetty (Alex Russell), e por um acaso se torna amigo do "manda chuva" Steve Montgomery (Michael B. Jordan). São pessoas sendo pessoas e tendo vida que pessoas possuem pessoando pessoalmente por ai. Escrito por Max Landis, o filho do mítico John Landis, vemos que não há nada de extravagante nesse roteiro, até que esse trio encontre uma caverna com algo bizarro (e o melhor é que em nenhum momento o filme revela o que é realmente aquilo!) e a partir dai o role começa a ficar INSANO mesmo. Com a adição da câmera FF e com os efeitos especiais, fazem com que alguns planos sequências do filme serem GENIAIS!

Um dos melhores plano sequência do filme!
Coitadinha da aranha...

Em meio ao FF e a vida desses três amigos o filme conquista nos detalhes, Matt é um grande leitor de filosofia e sempre está atualizando seus amigos com alguma nova teoria, como o papel do indivíduo em sociedade, em que muitas vezes favorecemos o "eu" e esquecendo-se do todo. Nosso protagonista, Andrew, tem diversos problemas com seu superego, coisa que acarretará diversos dificuldades para a caminhada desses adolescentes. Independente dos processos, terá somente uma conclusão, se tornarem adultos, deste modo a construção dos personagens e as suas discussões filosóficas, mesmo que pequenas, faz o filme ganhar um caráter emocional ao final do filme, que pode ser fatal. Ah! E para completar sobre o conto de Poe mencionado no inicio do texto, o artista consegue realizar seu quadro perfeito, gritando: "é a vida, é a própria vida que aprisionei na tela"... E ao se voltar para sua esposa percebe que ela está morta... Durma com essa!

TRAILER LEGENDADO

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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Tertúlia Indica: "Billy the Kid Versus Dracula" (1966) de William Beaudine

Hoje vamos falar de coisa ruim... ISSO MESMO! A grande máxima dos filmes B, "quanto pior... melhor", fará todo o sentido com o filme em questão: ridículo, cheio de clichês e uma história pífia... Mas quando esses fatores são somados em uma fórmula perfeita seu resultado não pode ser outro a não ser aparecer aqui em mais um #TertúliaIndica.

+ Tertúlia Indica: "Billy the Kid Versus Dracula" (1966) de William Beaudine.

Cartaz no maior estilão UFC... O pistoleiro mais mortal do Oeste contra o assassino mias diabólico do mundo!
O medo do desconhecido, do estrangeiro não é algo atual... Mas sim comum, o diferencial é como nos relacionamos a isso! Drácula, o mais popular personagem vampiro de todos os tempos, consegue abordar cada período e sua relação com o diferente. Desde a obra prima de Bram Stoker o personagem foi construído com um ar de xenofobia muito forte, pois o medo na Inglaterra com a chegada cada vez maior de estrangeiros era latente. Era comum que membros de países como a Inglaterra e o Estados Unidos, por exemplo, ficassem com receio de estrangeiros se espalhassem por suas terras e implantassem o COMUNISMO PETRALHA SATÂNICO BOLIVARIANISTA! Deste modo muitos escritores retratassem em suas histórias o estrangeiro como um vilão, tanto que temos o clássico conto "O Horror em Red Hook" de H. P. Lovecraft de 1925, que retrata as transformações malignas em uma cidade com a chegada de imigrantes ligados ao ocultismo. A demonização dos imigrantes saiu da literatura e partiu para o mundo real, tanto que até hoje vemos casos de violência contra tais pessoas "menos civilizadas", devido ao medo de algum mal chegar, acabando com a paz do "cidadão de bem".

O famoso milionário Donald Trump defende a expulsão de imigrantes para a segurança da paz nos EUA... (+INFO: http://goo.gl/Aql6YU)

Antes que Billy saiba que Dracula é um imigrante...
Depois que ele sabe... Ai a treta rola solta...
Tal é o medo do diferente que no filme em questão vemos que logo no título é apresentado o confronto de dois "inimigos" do "cidadão que paga impostos", um é o já apresentado Drácula... E o outro é o famigerado Billy The Kid, muito famoso nas "histórias de pescadores" (sim, não existiam pescadores no Velho Oeste...) em que era famoso por ser um pistoleiro e ladrão de gado no século XIX, morreu com 21 anos e dizem que cometeu 21 assassinatos... Um para cada aniversário? Ninguém sabe se e verdade... Mas sua fama conquistou o imaginário popular. Deste modo veríamos o grande confronto entre dois personagens indesejáveis do processo civilizatório estadunidense? Como diria um amigo meu com muito estilo: "NÃO!" Estamos aqui em mais um filme B do cinema Hollywoodiano, necessitamos de heróis, de salvadores... E essas pessoas podem "mudar de lado" dependendo de seu inimigo! Não querendo dar algum tipo de spoiler, mas já falando, o nosso Billy The Kid (Chuck Courtney) aqui deixa de lado sua vida de criminoso e decide ser um homem correto. Deste modo defenderá de todas as maneiras sua amada Betty (Melinda Plowman) dos vilões, que no caso é o Drácula ()... E nessa amplo panorama xenofóbico que temos na sociedade americana, Drácula será um vilão fácil, novamente representando o imigrante maligno. Logo, vemos que é uma sociedade que fará de tudo para expulsar o desconhecido de seu território, mesmo que tenha que estar do lado de um bandido sanguinário como Billy The Kid. A máxima "os fins justificam os meios" se faz presente mais uma vez.

"Faça cara de mau!"
"Faça cara de assustada!"
Resumindo é um bom filme péssimo! Cheios de clichês, soluções rápidas e atuações ridículas... Mas... RECOMENDADÍSSIMO! Para a galera que curte um filme B antigo! Tanto que saiu na mítica lista "The 50 Worst Movies Ever Made" ("Os 50 piores filmes já feitos") do Cine Space Monster, confira aqui!

Ele está chegando! CUIDADO!







Manolos... (d)Efeitos especiais que não acabam mais hein... 

FILME - PARTE 1

FILME - PARTE 2


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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Tertúlia Indica: Corrente do Mal (It Follows, 2015) de David Robert Mitchell



Nem deve ter doído...

É algo que tenho um pouco de vergonha de assumir: minha paixão pelo gênero terror. Afinal, sempre tem muita coisa ruim e cheia de clichê, mas quando sai  algo bom é para nos dar uma obra prima do cinema. Bem vindo ao gênero do terror, que nos presenteou com "O Massacre da Serra Elétrica" (1974), "O Iluminado" (1980) e "The Babadook" (2014, confira nosso #TertúliaView); mas que infelizmente nos apresentou inúmeras continuações desnecessárias e remakes ridículos! Mas se preocupa não iremos falar de filme bom hoje!

+ Corrente do Mal (It Follows, 2015) de David Robert Mitchell


"Atraente, intrigante e enigmático", talvez sejam bons termos para falar desse filme, pois, num gênero que parece estar esgotado, quando algo distinto surge o vemos com outros olhos. Nisso o filme de Mitchell manda muito bem! Se estamos esgotados, porque não trabalhar com algo que fuja de tudo isso? Deste modo cria um clima macabro de maneira fantástica, indo muito além do perturbador, sempre com pinceladas de um drama pesado, criando uma sensação nova perante tais tipos de filme. Se formos falar da fotografia do filme estarei simplesmente de joelhos perante tais imagens, LINDO DEMAIS! Dando sempre um clima ainda mais intenso e nos deixando muitas vezes desnorteados... E adicionando a trilha sonora meio indie/sintetizador de Disasterpeace deixa qualquer um sem noção para onde fugir.

A difícil vida da classe média estadunidense...
Jay (Maika Monroe), Kelly (Lili Sepe), Paul (Keir Gilchrist) e Yara (Olivia Luccardi)


Após essa descrição do ambiente podemos partir para fazer referências muito interessantes, afinal, qual diretor de cinema compôs trilhas sonoras INSANAS com um sintetizador? O mestre John FUCKING Carpenter! De filmes como "Eles Vivem" (nosso #TertúliaIndica), "Halloween" e "O Enigma de Outro Mundo" (nosso #TertúliaIndica), que sempre noticiavam um mal estar social. Deste modo podemos estabelecer outro paralelo, afinal, o filme em questão se passa em Detroit, a então cidade da prosperidade, uma das cidades mais ricas do mundo, devido a indústria automobilística, mas que hoje é uma cidade abandonada. 

John Carpenter no maior estilão LIKE A BOSS...
Umas das poucas cenas em que vemos a mãe de Jay... Temática sobre jovens levada a sério aqui! Participação dos papais é zero!

É nesse ambiente que conhecemos nossas protagonistas, Jay (Maika Monroe), sua irmã e seus amigos, todos com a típica rotina estadunidense de subúrbios padronizados. Não possuem nada para fazer, simplesmente vão a escola, assistem filmes B antigos na televisão e marcam encontros com seus futuros namorados, esperando terem um belo de um "happy end". Nada de novo, não é? Mas quando Jay resolve fazer sexo com seu novo namorado, Hugh (), e então algo de absurdo acontece! Hugh transmite algum tipo de maldição: a partir dai Jay será perseguida por uma entidade assassina, que adquire a forma de diversas pessoas e a única maneira para se livrar disso é "passar o mal adiante". BIZARRÃO NÉ? Mas calma... O role é daora sim! Muitos consideram essa premissa como algo relacionado com DST's e assim o filme adquiriria um discurso mais conservador, afirmando a máxima: "se Jay tivesse escutado seus pais, nada disso teria acontecido". Mas acredito que o diretor fez algo mais INSANO, algo mais original! Acredito que ele realizou um reflexo do fim da virgindade durante a adolescência, sendo uma desonra ou um peso que muitos jovens carregam. Algo como se todos ao redor soubessem que ela transou e a julgassem por isso. Deste modo Mitchell cria um caráter mais social a sua obra. 


Pica Pau já nos ensinava desde pequenos...

É dentro de um carro que Jay revela seus sonhos... É dentro de um carro que a maldição é transmitida... Alguma referência a antiga popularidade de Detroit?

Unindo a premissa da "cidade-túmulo", como é conhecida a cidade de Detroit, e do peso da quebra da moral e dos bons costumes, vemos nossa protagonista fugindo todo o tempo de pessoas semelhantes a fantasmas ou mortos vivos, que nos lembra muito a obra prima "A Noite dos Mortos-Vivos" de George Romero. É tanta referência, que o filme é marcado por uma atemporalidade INSANA, pois vemos aparelhos tecnológicos em meio a filmes de 1940, uma Detroit destruída e carros que não acabam mais. Uma contradição marcante pra deixar qualquer um com um pulga atrás da orelha. Nessa contradição, na probabilidade da morte, no inexplicável o filme vai criando forma, sendo inovador e saudosista em diversos momentos. Infelizmente o filme não é só aplausos, em diversos momentos cai em clichês desnecessários, mas nada que faça perder a originalidade e o mais importante: a INSANIDADE.

Um tio peladão no seu telhado? Aqui em "It Follows" isso é o de menos...
Mais um .GIF daora que eu encontrei na internet...
PS with SPOILER: Muitos reclamaram do final do filme, sim... poderia ser melhor... Mas acho que essa cena aqui valeu todo o role! SACA SÓ!

Clique aqui para ver a imagem (SPOILER)
TRAILER LEGENDADO
clique aqui

Tenha uma boa noite!

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