quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

TertúliaView: "O Ano Mais Violento" (A Most Violent Year, 2014) de J.C. Chandor

O que faz um filme ser bom? Uma boa história... sim! Mas vamos além, a maneira como a história é contada faz valer qualquer coisa! Ter uma discussão interessante? Com certeza! Utilizar de um personagem em conflito com seus desejos e princípios, fazendo com que o público sinta empatia com essa contradição? FILME PERFEITO! É meu queridx tertulianx, sempre abolimos normas e fórmulas, como sempre dizemos, somos grandes veneradores da dúvida, mas confessamos, tais fatores acima citados nos fazem pirar como ninguém. Onde compro o ingresso?

+ O Ano Mais Violento (A Most Violent Year, 2014) de J.C. Chandor


O filme nos apresenta a vida de Abel Morales (Oscar Isaac), um imigrante que está em plena ascensão no ramo de distribuição de combustível, com o apoio de sua esposa, Anna Morales (Jessica Chastain), e de Andrew Walsh (Albert Brooks), vê sua empresa crescer com nunca. Estamos no ano de 1981, considerado um dos anos mais violentos da história de Nova Iorque... Decadência, corrupção, roubos, assassinatos ameaçam o bem estar da cidade e aos "homens de bem" que querem crescer na vida! Diante desse contexto Abel se vê dentro de uma investigação policial com acusações que ele alega serem falsas, já que seu ideal de vida honesta sempre esteve presente em seus negócios. 


Quando roubos de seus combustíveis se intensificam, as investigações policiais se tornam mais pessoais e sua última aquisição pode não ser concluída, será que Abel irá continuar com a imagem de cidadão honesto? Sua esposa desvia dinheiro da empresa, seus funcionários querem mais segurança no trabalho e o bem estar de sua família está cada vez mais ameaçado, como continuar com um princípio moral de ética? Diante desse panorama conflituoso, ao mesmo tempo que sua empresa está crescendo e tudo podendo ruir de uma hora para a outra, nosso protagonista entra num embate contra ele mesmo e suas convicções.


A história tem um ar muito de um filme de Scorsese, com suas cinebiografias, mostrando um homem que deseja ter tudo, mas que pode colocar tudo para perder. Ou como o INSANO "Sangue Negro" (2007) de Paul Thomas Anderson, em que conhecemos Daniel Plainview e a construção de um império do petróleo e suas consequências. Mesmo com tais semelhanças, J. C. Chandor nos apresenta uma história original, nos fazendo sentir a cada cena a pressão que está caindo sobre Abel. Construindo toda a narrativa com base nas lacunas deixadas, nas cenas em que nos perguntamos se aquilo é o correto, segundo a perspectiva de nosso protagonista. 


Diante disso, o diretor e roteirista, nos apresenta a ideologia meritocrática do Sonho Americano como uma mentira que pode ter consequências até na vida pessoal. Mas o interessante de compreendermos esse passado de mais de 35 anos é tomarmos consciência de como se formou a sociedade que hoje fazemos parte, com todo seu individualismo e ignorância. Pois, mesmo que nos surpreendamos com diversos casos de violência, ainda sim nosso objetivo será o pessoal, a nossa tão almejada estabilidade econômica para o consumo desejado. A violência? Ela se tornou vulgar e cotidiana... Assim como nossa busca pelo sucesso! "Não, espera ai! Eu sou só um homem honesto, que deseja crescer na vida"... Bem são as mesmas palavras de nosso amigo Abel. Nós somos todos os vilões história? Não! Mas, assim como ele, estamos longe de ser o mocinho.

SPOILER ZONE! CUIDADO!



Para demonstrar toda essa discussão numa única cena temos a mítica cena final, que é tão espetacular que me deixou paralisado por uns 10 minutos. SACA SÓ O CONTEXTO! Abel consegue se livrar dos bandidos, dos promotores e finalmente conclui a compra de seu novo ponto de distribuição, o que dará a ele status de maior distribuidor da região. Ele, sua esposa e Walsh olham para o horizonte e falam como é bonita a cidade de Nova Iorque. LINDU DEMAIS! Mas estamos num filme de J. C. Chandor, horizontes belos não existem aqui! Desse modo esse linda cena é interrompida por Julian (Elyes Gabel) e seu descontentamento com tudo que está acontecendo: por que Abel pode ser rico e ele não? Afinal, trabalhou e sofreu mais que seu chefe! Logo decide se matar, o tiro atravessa sua cabeça e atinge um tanque de petróleo. Assim, o cenário master está construído: uma cabeça explodida com sangue e um tanque com um furo vazando óleo... Abel corre com um pano para conter o vazamento e sem mais comentários sobre o ocorrido chama a polícia... FORTE NÃO?
ASSISTA COM SEUS PRÓPRIOS OLHINHOS

END OF SPOILER ZONE!


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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Tertúlia Indica: "Ainda Estamos Aqui" (We Are Still Here, 2015) de Ted Geoghegan



Direção: Ted Geoghegan
Roteiro: Ted Geoghegan
Atores: Barbara Crampton, Andrew Sensenig, Lisa Marie, Larry Fessenden

   Sabe aquele filme que tu gosta tanto que você quer indicar ele pra todo mundo e sipa até duas vezes para a mesma pessoa. Sim, esse é o tipo de filme que você quer que o mundo saiba que exista, tanto que o Cine Tertúlia já havia indicado ele no post de 1 ano do blog e vamos indicar de novo por que o filme é INSANO!

Você já conhece os produtos Jequiti?

   O Cine Tertúlia sempre busca o que há de melhor no cinema de terror atual. Já falamos de The Babadook, What We Do In The Shadows, Corrente do Mal. Sim, são filmes maravilindos e como não podemos deixar a tradição ser esquecida viemos hoje indicar outro filme de terror, daqueles que fariam John Carpenter chorar de alegria: Ainda Estamos Aqui!!!

F*DA BAGARAI! (John Carpenter, leitor, leitor, John Carpenter)

O FEJÃO!!!

   Dizem que se você não consegue ser cativado nos primeiros 15 minutos de um filme você não irá conseguir terminar de ver o filme. Ainda Estamos Aqui é um filme de terror quase B, ou B mesmo, de baixo orçamento, e te prende desde o primeiro momento mesmo com todas as limitações... ou possibilidades, por que, afinal, dinheiro não significa filme bom! A abertura do filme é simplesmente insana, mas, além disso, o filme não entrega a história antes da hora, mas nem por isso o ritmo fica chato. O filme entrega história, drama e terror na hora e medida certa.

Esse papel de parede é tão, tão, tão lindo! ;)

   No melhor estilo cabana-no-meio-do-nada-dai-muda-pessoas-e-da-tudo-errado, o filme tem um pega sobrenatural bem amarrado com a história do casal protagonista. É uma história de espíritos vingativos que começa de um jeito tão clássico, porém, do início ao fim, o clássico é invadido pelo gore, pelo trash. Vários gêneros de terror misturados em um filme só. Boas atuações, fotografia espetacular, porão assustador e habitantes locais com seus ancinhos e tochas. Uma boa pedida para HOJE!

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

TertúliaView: "O Valor de um Homem" (La Loi du Marché, 2015) de Stéphane Brizé


Para começar esse #TertúliaView eu já falo: sou um grande fã de "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968), mas... O que eu entendi daquela história? NADA! Confesso mesmo! Não entendi porra nenhuma daquela piração... Só comecei a entender alguma coisa quando li finalmente o livro de Arthur C. Clark ano passado. Mas ai que está: talvez o que nos conquista em algo não é uma história narrativa certa e absoluta, mas sim as perguntas deixadas no roteiro para o público, que ficará mastigando a ideia por um bom tempo após o termino do filme.

+ "La Loi du Marché" (2015) de Stéphane Brizé

Poster do filme "La Loi du Marché"
O filme de Brizé não tem nada de sci-fi, mas tem muitos questionamentos jogados para o espectador, pois com uma fotografia bem "câmera na mão" ele dá um ar de realidade à obra que a todo momento pensamos: será que nesse momento eu agiria assim? Será que isso pode acontecer comigo? Logo o cinema como um espaço de experiência através da relação de empatia entre o espectador e o personagem se mostra importantíssimo e essencial nesse filme. Bem calmo, retratando a crise econômica mundial, que desde 2008 assombra países europeus como a França, sob a perspectiva de Thierry (Vincent Lindon) que, desempregado a algum tempo e precisando urgentemente de dinheiro, busca uma vida melhor, mas isso quer dizer que ele deve aceitar tudo? Olha só que questões fodásticas deixadas pelo diretor no filme... É impossível não travar no contexto das situações apresentadas.

Thierry (Vincent Lindon) e seu filho (Matthieu Schaller)
Podemos estabelecer um paralelo com o filme "Miss Violence" (2013) de Alexandros Avranas (já tertuliado por aqui), que é um filme BAD MONSTRA mesmo! Retratando a crise econômica e política que assola a Grécia num âmbito mais abrangente e, podemos dizer, mais preciso: uma crise moral... Em que o certo e o errado não são bem definidos, pois os exemplos de boa conduta em sociedade são ambíguos. 

Cena de "Miss Violence"

Ou como define bem o psicólogo Lawrence Kohlberg em sua "Teoria do Desenvolvimento Moral", que apresenta três níveis de evolução:
1) Pré-convencional: Em que agimos como uma criança mimada, sempre pensando como se livrar de punições e visando benefícios.
2) Convencional: Em que acreditamos na moral e nos bons costumes, "tudo o que é certo e errado está na lei", agimos como a maior parte da sociedade age.
3) Pós-convencional: Atingimos um nível de compreensão de mundo que percebemos que as leis nem sempre abarcam todas as possibilidades e o que é certo e errado podem transcender normas. 

Lawrence Kohlberg
Para deixar o role mais lúdico vamos para historinha! Outro dia estava num ônibus quando um vendedor ambulante vendia  chocolates... Ao começar a discursar sobre seu produto ele me surpreendeu, afirmando que seu produto sonegava impostos... Mas ao invés de mostrar que isso era uma atitude ruim, ele a defendia, alegando que isso é o melhor a fazer em tempos de crise, pois, segundo ele, mandando menos dinheiro para Brasília seria melhor... TRAVEI NA HORA! A partir dessa apresentação, que nível moral está uma pessoa que ao ver que sua sociedade é corrupta acredita que também tem todo o direito corrupto? Numa sociedade dependente de referências as atitudes convencionais podem ser bizarras! SE TODO MUNDO PULA DA PONTE, PULAR DA PONTE DEVE SER LEGAL... SIMBORA! Deste modo uma crise econômica e política pode ter sua origem numa sociedade que passa por uma crise moral e ética.


Outro filme francês muito interessante é o "Dois Dias, Uma Noite" (2014) de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, em que conhecemos Sandra (Marion Cotillard) que vive sob um dilema: a empresa em que trabalha irá receber um bônus se ela for demitida... Numa crise econômica ninguém quer ser demitido e muito menos recusar um bônus em nome de uma colega. O certo e o errado desaparecem instantaneamente, sabemos sim, em nosso coração humilde, que nunca devemos aceitar dinheiro se outra pessoa saíra prejudicada, mas novamente, que moral podemos exigir de alguém numa sociedade em crise moral?

Cena de "Dois Dias, Uma Noite"
É basicamente esse dilema que nosso querido Thierry terá que lidar: ele irá se deixar levar? Ele irá se impor? Bem... Não comentarei mais nada pois seria revelar detalhes do roteiro, vulgo SPOILER... Mas queria reiterar: não são certezas que nos conquistam, mas sim dúvidas! Assim como "2001" de Kubrick só me deixou questionamentos, deixo um para você... Se cinema é uma forma de nos colocar em situações distintas das nossas, pense consigo mesmo: o que você faria?


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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

TertúliaView: "Dope" (2015) de Rick Famuyiwa

Acredito que o cinema tem um papel fortíssimo para a formação de uma pessoa: como ela encara o mundo e como ela age no mundo. Confesso que minha paixão pelo cinema se deve muito pelo fato de me ajudar a ser quem sou hoje. Não consigo me imaginar atualmente sem ter visto filmes como "De Volta Para o Futuro" (1985) e "Curtindo a Vida Adoidado" (1986)... Mas afinal, são filme de famílias brancas da classe média americana, coisa MUITO diferente de mim... PRECISAMOS DE NOVAS NARRATIVAS, NÃO? SIMBORA!

+ "Dope - Um Deslize Perigoso" (Dope, 2015) de Rick Famuyiwa


O que um personagem de origem indígena tem haver com uma festividade de cultura celta? Basicamente TUDO! No último dia 31 de Outubro vimos discussões bem dualizadas na internet sobre o Halloween e o Dia do Saci, num momento tão extremado que estamos vivendo, é fácil nos encontrarmos no meio desses dualismos com definição absolutas. Assim como essas discussões maniqueístas me surpreenderam, o filme em questão me surpreendeu também. Pois, ao contrário do pouco respeito dos usuários de internet, o filme se pauta na questão da diversidade, do sincretismo... Malcolm (Shameik Moore) e seus amigos (Kiersey Clemons e Tony Revolori) são pessoas totalmente fora de série, pois são geeks que vivem num bairro violento de Los Angeles, Inglewood, curtem Hip Hop da década de 1990, andam por ai com uma bike BMX, possuem uma banda de punk rock, um é negro, um é latino e a outra é lésbica... Originalidade anda de mãos dadas com eles! E como uma sociedade extremada lida com o diferente? Com hostilidade. Esse é o dia a dia dos nossos protagonistas: problemas e mais problemas, até que um dia são convidados para uma festa, e nisso de "nerds estranhos" eles passarão a ser as pessoas mais procuradas de seu bairro.

Jib (Tony Revolori), Diggy (Kiersey Clemons) e Malcolm (Shameik Moore)
O filme então passa a lidar de maneira genial com as questões de cultura e identidade na pior fase da vida de uma pessoa: a adolescência. Eles não são Halloween ou o Dia do Saci, eles são a síntese de tudo isso, podem sair por ai gritando "gostosuras e travessuras" e em seguida ir a um Sarau do Dia do Saci... PQ NÃO? Esse sincretismo é algo genial no filme, não vemos jovens querendo ser rotulados, mas que desejam ser apenas eles mesmos, porém, para isso, terão de enfrentar traficantes, professores e reitores. Eles tinham um destino traçado: pobres, negros, o caminho do traficante jovem seria o mais fácil, pois numa sociedade em que se assemelha a um quebra cabeça, ou você se torna a peça que resta ou terá uma vida cheia de confrontos... E afinal, PQ NÃO ENFRENTAR TUDO ISSO? Ser você mesmo deve ser a melhor sensação do mundo! Famuyiwa parte para demonstrar isso: como é difícil ser você mesmo... E como lutar por isso é mais difícil ainda... e engraçado! Após as mil e uma INSANIDADES que acontecem na festa em questão, o filme ganha um patamar de loucura e realismo ao mesmo tempo. Vemos nossos protagonistas entrarem cada vez mais em enrascadas e como eles lutam unidos para saírem delas com suas "nerdices". Em cada aventura, uma forma de sair dela e de se manter de pé para seguir lutando por aquilo que você mesmo acredita. INSPIRADOR NÃO?


A minha paixão pelo filme "Curtindo a Vida Adoidado" (Ferris Bueller's Day Off, 1986) de John Hughes continua firme, afinal o filme me ajudou muito em minha formação como pessoa ao mostrar as inquietações de três jovens em meio a vida escolar e sua busca de querer algo a mais da vida... Famuyiwa faz algo semelhante, mas com personagens fora dos modelos estabelecidos, mostrando jovens que querem algo a mais da vida, que possuem horizontes quase nulos, se recusando a viver sob uma perspectiva de estereótipos. Se no passado Hughes me incentivou com Bueller, agora é com Malcolm de Famuyiwa que o cinema mostra sua força de inspiração para mim. Agora é enfrentar um mundo dualizado com minha diversidade!

SACA SÓ ESSA CENA DE "DOPE"

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

TertúliaView: "O Segredo da Cabana" (The Cabin in the Woods, 2011) de Drew Goddard

Ser um indivíduo consciente pode ser considerado ser alguém que tem conhecimento sobre o seu desenvolvimento no tempo e no espaço, adquirindo uma perspectiva mais abrangente sobre si mesmo e assim pode projetar uma expectativa de vida realmente diferente, pois não estaria em busca de respostas no passado e nem reproduzir o presente... Mas fazer algo realmente INSANO

+ O Segredo da Cabana (The Cabin in the Woods, 2011) de Drew Goddard



Vai ser difícil escrever esse texto sem mencionar SPOILERS, já que são justamente essas revelações do enredo que fizeram esse filme ganhar um espaço no blog e o selo EXPLOSÃO DE MENTES OU SEU DINHEIRO DE VOLTA


Logo no início, nos créditos iniciais somos apresentados a uma série de desenhos brutais, todos cobertos de sangue, para aqueles que acreditam que os créditos também são parte do filme é uma cena essencial para compreender o final INSANO que o filme nos apresenta. Pois as imagens iniciais nos dão a entender que há um passado brutal e sangrento, mas o que ele tem a ver com a história do filme? Ou melhor ainda: o que ele tem a ver conosco? Se formos pela brisa inicial de consciência, tem tudo a ver!

Créditos iniciais...
Em seguida somos apresentados a dois ambientes totalmente distintos: um ambiente muito semelhante a uma organização militar que parecem estar em uma situação de guerra, em que é mencionado o fracasso da Suécia, a força Japonesa e dos Estados Unidos... E em seguida conhecemos os clássicos personagens de narrativas estadunidenses, jovens de classe média querendo aproveitar um feriado... BIZARRO esses dois ambiente num mesmo filme? Bastante! 

Situação de guerra???

Mas com o decorrer da história começamos a perceber que tudo é muito mais bizarro ainda, a organização apresentada não é nada militar, mas sim uma organização para construir uma narrativa com aqueles jovens que conhecemos... DEU PRA SACAR? Essa organização existe para criar um tipo de reality show com a vida (e a morte) desses jovens, isto é, desenvolver uma história "nova" a partir dessas pessoas tão comuns... O filme apresenta uma falsa noção de liberdade na vida deles, pois existem somente para servir para as finalidades dessa organização mais que estranha. Cinco jovens, cada um com seu clichê, construirão uma história, que será vigiada (e punida) pela tal organização.

A organização...
Nossos jovens...
 A partir dai, para aquelxs que são fãs do gênero do terror, será pura curtição junto com o Capitão América (o homem referência), um chuva de referências aos clássicos do terror e a clichês que já habitam nosso coração! Casa abandonada? Protagonista "virgem"? Jovem bombadão? Adolescente drogado? Porão amaldiçoado? Livro amaldiçoado? Despertar o mal na floresta? Cara... É uma overdose de clichês que você até dúvida que o filme é bom mesmo... Tanto que os membros dessa organização fazem apostas para qual será o "mal" que irá "punir" esses jovens!


E SE VAMOS FALAR DE CLICHÊS, PQ NÃO REVER A CLÁSSICA CENA DE "PÂNICO" (1996) EM QUE SÃO APRESENTADAS AS TRÊS REGRAS DO GÊNERO!


Com esse panorama o filme nos apresenta uma discussão precisa sobre gerações: como esses homens de gravata da estranha organização simbolizam o tradicionalismo de realizar a manutenção de valores para que os chamados "Antigos" (ou "Anciões") não destruam o mundo. Os jovens, como em muitos filmes de terror, são pessoas que estão querendo quebrar morais vigentes e viver da maneira que desejam... E nessa hora o filme apresenta sua crítica contra ele mesmo: os filmes do gênero terror podem ser moralistas e conservadores ao retratarem jovens que transgridem a moral sendo punidos. 

Pouco sangue hein...

Deste modo o filme nos lança um dilema INSANO: apoiar essa cultura de consumo de violência e brutalidade para proteger valores morais antigos ou se opor a isso e contar com uma possível destruição de tudo? DIFÍCIL RESPONDER ESSA HEIN... Mas se somos indivíduos realmente INSANOS, se somos pessoas que querem algo transformador... PQ NÃO ARRISCAR? Ou como diria nossos amigos da banda Hatebreed, "Destrua tudo/Assim, uma nova vida pode começar/Destrua tudo/reconstrua e comece de novo... de novo!"

HATEBREED "DESTROY EVERYTHING" 

Para destruir nossa mente de vez, ou PARA REVELAR O SPOILER MASTER DO FILME, saca só essa parte final, em que a "diretora" dessa história aparece em cena e ela é ninguém menos que Sigourney Weaver


Temos consciência daquilo que somos hoje? Uma ampla visão da nossa história para poder questionar sobre como vivemos? Podemos realmente transformar o mundo ou somos meros reprodutores do presente (ou pior, exaltadores do passado)? Com essas questões o filme tenta chacoalhar nossa mente para ver se assim pensamos sobre todo essa indústria cultural cinematográfica cheia de sangue que é o terror: continuaremos alimentando os "antigos" ou iremos fazer algo realmente novo? 

Sempre me incomodou como os fãs do gênero do terror tem pouco sentimentos quando alguém está morrendo... Mais ou menos nessa cena, em que toda a equipe comemora enquanto uma garota morre na tela ao fundo.

Sabe a pira "curtir o fim do mundo tomando uma cerveja"? Aqui é "curta o fim do mundo fumando maconha"!
PS: O filme é cheio de referências mesmo! Nem todas nossa humilde equipe conseguiu descobrir... 1) Logo no início do filme é mencionado que desde 1998 que a organização não tem nenhuma falha técnica, que foi causada por uma falha química... Alguém ai sabe de que filme eles estão falando? 2) Afinal, quem são esses "antigos"? É o público sedento por sangue, que depende cada de mais sangue nos filme? Seria os produtores "dinossauros" que dominam há muito tempo a indústria cinematográfica? Essas respostas a gente deixa com você, carx tertulianx...

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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Tertúlia Indica: "Turbo Kid" (2015) de François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell.


Que a nostalgia está muito presente no mundo cinematográfico é algo inegável, pensa só nas mil e uma produções que saem como refilmagens, spin-off e reboots de obras da década de 1980 e 1990... Mas não estamos aqui para julgar, mas sim para oferecer INSANIDADES! Deste modo podemos falar que o filme em questão pode ser o resultado de fusão de duas ótimas produções recentes, "Mad Max" (2015) de George Miller (nosso #TertúliaView sobre) e "Kung Fury" (2015) de David Sandberg (nosso #TertúliaCast e #TertúliaIndica). DÚVIDA? SACA SÓ...

+ Turbo Kid (2015) de François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell




Um... pouco! Dois... não! Três? PERFEITO! Três diretores para fazer esse projeto realmente dar certo! E como foi difícil hein... Tudo começou no mítico filme "O ABC da Morte" (The ABC's of Death, 2012) (nosso #TertúliaView), um filme composto por 26 curtas, cada um com um título referente a uma letra do alfabeto, no curta com a letra "T" ficou com o INSANO "Toilet", logo o nosso "Turbo Kid" foi deixado de lado... E quando parecia que a merda já estava feita e o jeito era dar descarga no projeto todo, aparece um tal de Jason Eisener (sim, o diretor de "O Mendigo com uma Escopeta", 2011, já tertuliado por aqui) e diz: "não vejo motivo para não realizar um longa metragem de um curta que não deu certo!" GÊNIO O MENINO NÉ

COMPARE VOCÊ MESMO: "TOILET" OU "TURBO KID"?

Curta Vencedor: "Toilet"
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 Curta "Turbo"
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Todas as apostas estavam dizendo que o projeto daria mais bosta... Mas ficou SENSACIONAL! Sei que são filmes contemporâneos e se os colocarmos como fonte de inspiração um do outro seria uma erro, mas vale ressaltar a matemática inicial de que MAD MAX + KUNG FURY = TURBO KID! Pois temos aqui um ambiente pós apocalíptico de 1997 (tão década de 1980 que até a projeção de futuro é na década de 1990), num mundo destruído e dominado por Zeus (Michael Ironside), em que o único meio para se locomover são as bicicletas (com cenas de perseguição tão INSANAS quanto aos bizarros carros de "Mad Max"). Nesse cenário "inspirador" conhecemos Kid (Munro Chambers) um órfã que vive somente em sua zona de segurança, não se arrisca a confiar em ninguém, somente em sua história em quadrinho favorita, o Turbo Rider.


O filme já me conquistou por isso: "EPIC PICTURES, LÍDER Nº1 EM VENDAS DE LASER DISC"

Kid resolve enfrentar seus medos e se arriscar!

Ai que conhecemos o mérito do filme, que ao apresentar um panorama tão desfavorável e desesperançoso como esse, mostra que é possível que Kid #AcrediteNaGravata, isto é, que ele ainda possa acreditar que é possível algo melhor naquele mundo desolador. Fazendo suscitar questões semelhantes ao filme Mad Max: como acreditar em algo se tudo é uma merda? Mas quando temos algo em mente, algo maior para acreditar, a luta se faz necessária... E é nesse momento fodástico que conhecemos nosso The Kid se tornado o Turbo Kid, como uma mera HQ pode influenciar toda uma realidade e a vida dele. 

Algo a acreditar... pode surgir do acaso!

...e de frases de efeito sem sentido algum!


Tudo nesse filme é oitentista, desde a premissa, a trilha sonora, roupas e até frases de efeito. Fazendo um tipo de "Kung Fury" de 93 minutos, mesclando ação (violência gratuita mesmo!) comédia, aventura e nos deixando a todo momento na dúvida se aquilo tudo é uma homenagem ou uma sátira.
 
SANGUE!!!

Zeus (Michael Ironside)
O filme lança a brisa: se estamos numa sociedade desoladora por que não ressuscitar ideais... ressuscitar esperanças... que talvez sejam infantis ou bobas, mas são ideias que nos façam sair de nossa zona de segurança e se arriscar num mundo sem esperanças. Tanto o personagem de Zeus possui uma importância no decorrer da obra, que, de um ser mascarado se transforma em um homem que pode se machucar, tudo por causa dessas HQs! Para finalizar o texto se hoje de maneira INSANA: coloque uma gravata, pegue uma bike e conheça lugares em que você nunca foi... talvez sua esperança esteja lá. KEEP BELIEVE DEARS TERTULIANXS!

FIQUE COM ESSE TRAILER PARA O SXSW 2015... DIRETO E RETO!



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