sábado, 14 de fevereiro de 2015

TertúliaView: "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" (2014) de Alejandro González Iñárritu.

Alejandro González Iñárritu, esse nome tem poder queridos tertulianos. Esse cara me fez "cagar para dentro" com história tensas e difíceis de engolir como a sua Trilogia da Vida com "Amores Brutos" (2000), "21 Gramas" (2003) e "Babel" (2006). E agora nosso amiguinho aqui chega com essa nova história, uma comédia (???)... Mudando a temática, mas a INSANIDADE se faz presente. Com vocês, mais um #TertúliaView.

+ "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" [Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance), 2014] de Alejandro González Iñárritu.


O filme de Iñárritu tem o selo INSANIDADE desde a história inicial até a edição final. É um filme muito sui generis, no sentido de brincar com seu público ao mesmo tempo que brinca com o roteiro, a filmagem e os atores. Não sei se foi uma diversão para concretizar esse filme, mas o resultado com certeza foi. Mas lá vai uma sinopse: "Um ex-ator, famoso por ter interpretado um conhecido super-herói, se une a uma peça de Broadway baseada num conto do escritor Raymond Carver para tentar recuperar a fama do passado. Porém, ele enfrentará muitos problemas para que ela seja como ele deseja."

Michael Keaton, Naomi Watts e Zach Galifianakis.
Um bom "marcador" para colocar nesse filme seria o termo "meta", "Mas afinal, o que é Meta?", uma palavrinha que vem dos sempre presentes gregos que se trata de algo que vai muito além do que ele deveria ir. Assim, tudo aqui nesse filme é META, a começar pela escolha dos atores, temos Michael Keaton, famoso por interpretar Batman na série de filmes de Tim Burton, que aqui interpreta Riggan Thomson, um ator que ficou famoso por interpretar nos anos 1990 o super-herói Birdman. E ai o filme buga quando você percebe que Edward Norton, que interpreta Mike Shiner, participou de "O Incrível Hulk" (2008), ou que Emma Stone, que interpreta Sam Thomson (filha de Riggan), participou de "O Espetacular Homem-Aranha" (2012) como Gwen Stacy. É cara a escolha dos atores não foi nada aleatória nessa história não. E em meio a isso o filme faz altas referencias a chamada "Era de Ouro" dos Super-heróis no cinema, como por exemplo no momento que cita que Michael Fassbender está comprometido com os "X-Men"; Jeremy Renner com a saga "The Avengers" e Robert Downey Jr. como "Iron Man"...  é tudo muito surpreendente nessa história.

Amy Ryan e Michael Keaton
Um outro ponto INSANO do filme é a câmera, abençoado seja Emmanuel Lubezki (de "Gravidade", "Filhos da Esperança") ao nos presentear com mais uma obra com uma fotografia de EXPLODIR CÉREBROS!!!. Caraca! Incomoda e muito o fato do filme parecer ser gravado em um único plano, parece que não fechamos os olhos... A intensidade dessa perspectiva nos faz, em diversos momentos, nos sentir dentro do filme, sentir que estamos na real vendo algo "ao vivo", como num teatro. GENIAL! E a trilha sonora hein... "Me dê uma bateria, que eu te dou a trilha sonora mais FODA do ano!", parece que foi essa conversa entre Iñárritu e Antonio Sanchez, baterista mexicano, que fez uma trilha sonora sensacional, somente com uma bateria, precisa e genial! 

Emma Stone

No meio dessa INSANA brincadeira vemos que o cinema Hollywoodiano ainda sim necessita de mentes de "fora da caixa" para poder criticar a si mesmo, isto é, assim como na década de 1970 um tal de Scorsese e um tal Coppola (os dois de origem italiana) causaram muito ao realizar críticas precisas com seus filmes (ou na década de 1980 com o holandês Paul Verhoeven). Hoje parece que Hollywood necessita de latinos para isso, Alfonso Cuarón e o seu "Filhos da Esperança" (2006) e José Padilha com "RoboCop" (2014), dando vida ao já famoso gênero "social problems films", que começou em meados da década de 1960.

Michael Keaton e Edward Norton
Tal filme me fez me lembrar, e muito, do filme de Barry Levinson, "Fora de Controle" (What Just Happened?, 2008) em que acompanhamos alguns dias na vida de Ben (Robert De Niro), um produtor de Hollywood e suas infinitas dificuldades de finalizar seus filmes. Assim como os mais recentes "Acima das Nuvens" (Clouds of Sils Maria, 2014) de Olivier Assayas (clique aqui) e o bizarro "Mapas para as Estrelas" (Maps to the Stars, 2014) de David Cronenberg, logo percebemos a necessidade da realidade de Hollywood também passar pela representação cinematográfica. E nesse momento eu piro: Como será que esse filmes são apresentados as produtoras?, "Ei, vamos fazer um filme que falarei do quão filha da puta é o nosso trabalho, belê?". Deve ser muito engraçado!

Michael Keaton de cuecão correndo pela ruas de NY.
Acredito que é ai que o filme apresenta a sua brisa máxima: nossa realidade talvez vivesse dependente da ficção, isto é, mesmo sendo um ator de sucesso com o Birdman, Riggan Thomson nunca teve uma vida pessoal muito boa... Um pai ausente, um marido infiel e outras bizarrices que podemos ver no mundo das celebridades do TV Fama de hoje. Deste modo, ao recusar participar da mais uma continuação de "Birdman" Thomson parece ter recusado ser ele mesmo, negou sua essência e deixou de existir. FODA NÉ?

Michael Keaton e o Birdman
Assim como na mítica cena de "A Dama na Água" (Lady in the Water, 2006) de M. Night Shyamalan, em que um crítico MUITO CHATO de cinema tenta prever uma cena em questão com rótulos e mais taxações. Aqui temos Lindsay Duncan como Tabitha Dickinson, uma critica de teatro que fará tudo para destruir a peça de Riggan Thomson, porque simplesmente odeia atores de Hollywood. O filme mostra como a crítica pode trabalhar encontrando somente lugares-comuns e conceitos já estabelecidos, ignorando o que há de mais mágico no cinema/teatro: analisar de forma pessoal, tentar demonstrar aquilo que você sentiu e o como você pirou ao ver o filme. 
 
CENA DO FILME "A DAMA NA ÁGUA"

"Birdman" se torna um filme totalmente crítico (mas com muita comédia): critico a Hollywood, a indústria cultural, a galera cult, a crítica especializada, a você e a mim. Seria uma crítica a tudo e todos que querem determinar qual o melhor produto para consumir dentro desta cadeia alimentar chamada arte. DESTRUIU! Atuações de primeira (fazia tempo que eu não via um filme em que todos os atores estão perfeitos); Fotografia insana; trilha sonora inesperada; e diversos outros fatores... leva com certeza o SELO EXPLODIR DE MENTES, ou seu dinheiro de volta!


TRAILER
 
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