quinta-feira, 13 de novembro de 2014

TertúliaView: "Miss Violence" (2013) de Alexandros Avranas.

Cena inicial de "Miss Violence".
Curtirmos assistir um filme para que nos proporcione diversão... Mas, felizmente, o cinema é muito mais que isso, nos apresentando ambientes que vão desde uma história alegre com um lindo "happy end" até uma drama familiar num clima sufocante e de muita tensão. Se eu pudesse colocar tags nesse filme as palavras "desconforto", "nojo" e "repugnância" estariam presentes. 


+ "Miss Violence" (2013) de Alexandros Avranas



Nunca gostei de apresentar filmes os enquadrando em nacionalidades: cinema grego, cinema espanhol, cinema latino... Sei lá! Acredito que isso reduz toda a mágica do cinema, não existe nada melhor do que enquadra-lo somente em cinema... Mas no caso do filme de Avranas é impossível não fazer referência a outro filme grego genial: "Dente Canino" (Kynódontas, 2009) de Giorgos Lanthimos. Os dois filmes gregos trabalham com a questão da família e sua opressão para com seus filhos, no filme de Lanthimos é apresentado uma família com três filhos totalmente isolados do mundo exterior, excluindo a possibilidade de influência fora daquela casa. Outro ponto interessantíssimo em comum é apresentar uma Grécia sem cartões postais, numa filmagem fria, assim como suas famílias. 

Cena de "Dente Canino".
No filme "Miss Violence" também temos uma casa como palco principal, é ali que o filme se inicia, numa festa de uma menina de 11 anos, ao som de "Dance Me to the End of Love" de Leonard Cohen... Fotos são tiradas mas parece que nenhuma expressão de felicidade existe ali. (Mesmo a cena sendo apresentada no trailer e no filme aparece antes dos 3 minutos, prefiro não relata-la aqui.) Mas fique com essa, algo acontece na festa que nos irá segurar até o último segundo do filme, na busca de compreendermos a razão daquilo.



Assim essa cena introduz para o espectador uma história muito pesada, mas mostrando nada mais do que o cotidiano da família após o ocorrido, percebemos que algo obscuro percorre aquela família, mas tudo o que temos são apenas insinuações. Não sabemos quem é o pai das crianças, nem como se sustentam, só percebemos que o avô que controla tudo. Nessa narrativa sinistra conhecemos uma família disfuncional, se revelarmos o que há de disfuncional iria dar uma BIG SPOILER aqui, afetando a experiência (nada divertida) do filme.



Acredito que o único que se diverte nesse role seja o próprio diretor, em seus prazer de manipular a história com surpresas e revelando detalhes que vão dando porradas em nosso cérebro em doses pequenas. Mas ao se aproximar do final do filme o diretor parece que "chuta a bunda e sai do projeto" ao expor todos nossos temores, todas as nossas suposições que clamávamos para que não fosse verdade, deixando um filme violento pelas sutilezas mais violento ainda (o filme se chama "senhorita violência" por algum motivo né manolo!). Nesse retrato destruidor o filme é apontado como um grande reflexo de uma país em falência econômica e que essa crise na função institucional da família é somente um aspecto de uma crise muito mais que econômica. A intenção do diretor pode ser colocada como uma denúncia à violência doméstica camuflada, como a "enfiação" do dedo na ferida, como uma discussão de algo inquestionável, expondo algo que não deveria expor.



Não sendo um filme dos mais fáceis de se assistir (e muito menos agradável), mesmo assim é um filme imprescindível, pois como falei, o cinema não serve apenas para diversão, no caso desse filme ele retrata um realidade que muitos querem camuflar. 

TRAILER LEGENDADO
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Um comentário:

  1. Parabéns seus Gravatas. E parabéns pelo narrador de resenhas, me deixou curiosa pra caramba para saber o que acontece nesse filme. Eu acredito na gravata ahsuabsau ��

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