Roteiro: Jon Ronson e
Peter Straughan
Elenco: Domhnall Gleeson, Michael Fassbender, Scoot McNairy, Maggie
Gyllenhaal, Carla Azar e François Civil
Frustrado em sua tentativa de ser músico e esmagado pela rotina Jon
(Domhnall Gleeson) encontra uma oportunidade de escapar desse caminho de
“fracasso” ao presenciar a tentativa de suicídio do tecladista da banda
Soronprfbs. Recebendo um convite com hora e local, ele chega no bar
decadente e se depara com a cabeça gigante de fibra de vidro de Frank
(Michael Fassbender) tomando o palco com sua banda. Uma confusão deixa
Frank sozinho com Jon no palco e ali ele vislumbra uma genialidade que
talvez só os outros integrantes da banda de nome impronunciável
vislumbravam. Ao voltar para sua rotina Jon se vê entregue ao pesadelo
de querer compor algo único e não conseguir. Um telefonema leva Jon para
a Irlanda, junto dos Soronprfbs, junto de Frank.
No entanto, o fim de semana avisado para seu chefe para gravar o álbum da banda se transformam em vários meses. Para não serem expulsos Jon coloca seu dinheiro para que ele pudesse continuar nessa experiência. Frank é como o coelho de Alice que convida Jon para uma aventura de experimentalismo libertador na música, mas também dos padrões impostos pela sociedade. Apesar disso este coelho veste uma máscara, uma cabeça gigante, como olhos de coruja, para escapar do mundo, e esse ermitão é que conduz Jon quase como o Zaratustra de Nietzsche guiando a humanidade. Além disso, Jon coloca-se em contato com Don (Scoot McNairy), o gerente da banda, o primeiro tecladista da banda, entra em rota de colisão com Clara (Maggie Gyllenhaal), que alimenta uma paixão por Frank e vê em Jon uma ameaça à banda, além de Nana (Carla Azar) e Baraque (François Civil), dois franceses que não falam inglês e poderiam lembrar as pulgas acrobatas de Vida de Inseto (1998).
O ponto de virada é construindo quando os
desconhecidos Soronprfbs são levados para a internet por Jon. Isso
alimenta o conflito com Clara, que vê a vontade do novato de querer
impor os rumos da banda para alimentar seu sonho. O suicídio de Don é
seguido pela viagem até os EUA para um festival. Os ermitões são
retirados de seu exílio voluntário, menos Jon, que esteve nesse retiro,
mas não era um ermitão. Jon vai tomando consciência dos laços explosivos
que unem os Soronprfbs ao tentar tomar o controle, ao tentar usar o
grupo como um trampolim para ser aquilo que ele queria ser. No festival
esse seu controle leva a saída de Clara, Nana e Bareque. Frank surta
numa mistura de reconhecimento e rejeição e some. Jon percebendo como
seu controle levou ao descontrole sai a procura de Frank. Ele sabe onde
procurar.
Ao conversar com os pais de Frank ele encara o rosto do ser
humano que ele tanto teve curiosidade de conhecer, encara as cicatrizes,
externas e internas, encara a loucura, do grupo e de Frank, Zaratustra
que guiava os Soronprfbs com uma cabeça gigante de fibra de vidro.
Trazendo de volta Frank para seus seguidores, Clara, Nana e Baraque, o
fim do filme com uma música chamada “Eu amo vocês todos” encerra um
ótimo filme que vem do nada e te leva a lugar nenhum, só que mesmo assim
te cativa, causa uma inquietação, uma coceira atrás da orelha. Jon ao
tentar escapar de sua rotina para buscar seu sonho não queria se livrar
de certas amarras, e isso levava a sua frustração.
Ao conhecer Frank e
seu horizonte ilimitado ele vê um espelho do que ele quer ser. Porém a
convivência com Don, Clara, Nana, Baraque, e, sobretudo, Frank, ocorre
com ele ausente daquele espaço por causa de suas amarras. É difícil
escapar daquela premissa que nem todo louco é gênio, mas todo gênio é
louco. Apesar do filme se chamar Frank ele é focado em Jon, pois é ele
quem deve aprender que tem de ir além do abismo, ele tem que pular, sem
medo, com os olhos abertos, tão abertos quanto os olhos de Frank. Será
que Frank com seus olhos gigantes via coisas que o ser humano não via?
TRAILER LEGENDADO
CURIOSIDADES
A história de Frank é baseada na história real do músico e comediante inglês Chris Sievey
e seu personagem Frank Sidebottom que
esteve em atividade até o ano de sua morte, 2010. Porém, o filme também
tem elementos da trajetória do cantor Daniel Johnston e Captain Beefheart, músicos quase desconhecidos, porém com uma experiência musical e de vida explosiva.
Chris Sievey
Daniel Johnston
Captain Beefheart
Nenhum comentário:
Postar um comentário