A filmografia de Bianchi pode ser
colocada como um filmografia de "cagar
para dentro", sim, isso mesmo, seus filmes sempre nos dão a sensação
de algo está errado e os culpados de tudo isso somos nós mesmos. Alguma
perspectiva de esperança? Aqui não meu amigo... Aqui é "filme with laser", atirando para
todos os lados! Ninguém sai ileso de sua crítica feroz.
+ Jogo das Decapitações (2013) de
Sérgio Bianchi
Poster do filme |
O historiador brasileiro Carlos Fico
disse que o golpe de 1964 foi e é muito citado em nosso dia a dia, mas
infelizmente é pouco estudado. Então para início de conversa vamos fazer um
resumão aqui para você! Bem cara, para início de conversa temos o governo de
João Goulart, um cara com muitos ideais sociais em mente, mas que batia de
frente com uma política que desejava a manutenção do status quo, nada de mudanças! Assim, em nome da Segurança Nacional,
os militares alegaram que para defender o Brasil, teriam que realizar um golpe de
estado! E para criar a necessidade de segurança é necessário jogar o medo:
comunistas podem comer seus filhinhos! Assim num deu outra, um golpe de estado
civil militar que durou 21 anos, com Atos Institucionais que limitavam a liberdade
da população. Mas durante esse período diversos movimentos de contestação
surgiram contra a violência da ditadura militar, sofrendo torturas e
desaparecimentos até hoje não solucionados. Mesmo assim em 1985, o regime
militar no Brasil tem fim e em 2011, historicamente, entra no poder uma mulher ex
guerrilheira e que lutou contra o regime militar. Todos acreditavam num governo
transformador de ponta a ponta, mas acabamos por ver uma política de conciliação
que teve resultados não tão desejados.
É nesse momento que entra a filmografia
de Sérgio Bianchi, nosso "querido" diretor costuma realizar suas obras analisando
criticando sempre a situação da sociedade, apresentando o caos existente sem
nenhuma ingenuidade. Podemos utilizar seu principal filme como exemplo disso,
"Cronicamente Inviável"
(2000), narrando a vida de seis diferentes personagens na tentativa de
viver... ou melhor, de sobreviver em meio a sociedade brasileira. O filme é
direto, sem rodeios e apresentando tudo aquilo que gostamos de omitir. Portanto vemos a importância de Sergio Bianchi e sua obra: mostrar aquilo que omitimos... E isso ele sabe fazer muito bem.
A cena mais tensa do filme. |
Poster de "Maldita Coincidência" |
João Velho como Jairo Mendes. |
Como o próprio diretor diz "o filme é isso: raiva. Raiva da minha
geração", e é com muito fúria que Bianchi administra essa história,
confrontando tudo e todos e não deixando nada de esperança em nosso coração. “No futuro, esquerda e direita jogarão o
mesmo jogo, legitimadas por este tempo horrível que agora vivemos”, diz o
personagem Jairo Mendes. Podemos dizer que o filme parte dessa perspectiva, logo
tudo o que é apresentado seria nada mais que o descontentamento do
diretor com os rumos tomados pela geração da qual fez parte. Buscando uma
reflexão sobre essa geração que ainda vive um passado, que se vangloria de
revoluções, mas que na realidade não estão fazendo nada de muito diferente da
direita antes governante.
Quer ajuda dos universitários? Cito
novamente Carlos Fico! Afirmando que o historiador deve realizar uma análise
que fuja da santificação do algoz,
isto é, tirar toda a responsabilidade do golpe dos militares e civis, mas também
que não caia na canonização da vítima,
ou seja, muitos civis sofreram sim, mas não quer dizer que essa seja a única verdade,
a sociedade não está imune de culpa dessa brincadeira. É ai que acredito que
infelizmente Bianchi não soube ponderar essas duas posições, caindo em
contradições que ele mesmo critica.
Creio que essa obra não
acrescente muito, mas somente produza o desconforto, acredito que o diretor não conseguiu dar uma boa continuidade ao que foi apresentado em "Os Inquilinos" (2010), aqui ele mostrou somente sua fúria, mas infelizmente foi só, o
filme se tornou confuso: cheio de ideias importantes, mas que se perdeu em meio
a sua fúria, não possuindo nenhuma conclusão forte e nem um posição
contraria. Talvez estamos tão confusos e caóticos que nem sabemos criticar
nosso presente.
Analisando nosso contexto, o
filme se encaixa num período chave que estamos vivendo no país, de tentar
compreender esse evento tão marcante (golpe de 1964) em nossa história recente,
isto é, esta memória ainda está viva e presente no nosso dia a dia. Deste modo
esta obra vem junto com outros filmes essenciais para criticarmos nossa visão
de transformação hoje, como "Avanti Popolo" (2012) de Michael Wahrmann, mostrando como a esquerda se
encontra perdida (ou "zumbi"
como defende o filósofo Vladimir Safatle), em meio a estagnações e caminhos sem
rumos. E a memória dessas pessoas é trabalhado de maneira precisa por Lúcia Murat em "A Memória Que Me Contam"
(2012), quando amigos ex militantes se encontram num hospital na expectativa por
melhoras de uma antiga colega de luta, simbolizando a esquerda utópica de
décadas anteriores, mas que hoje quase morrendo e sem objetivos aparentes. Finalizo
jogando essa para você: Será que é isso que estamos vivendo atualmente?
Mesmo não tendo alcançado minhas expectativas, Bianchi consegue fazer aquilo no que é mestre: deixar nossa mente refletindo... Faz quase um mês que assisti esse filme mas ainda estou cheio de questionamentos sobre pequenos detalhes no filme. Logo, se você quer ficar com uma pulga atrás da orelha, o filme "Jogo das Decapitações" irá fazer a pulga devorar não só sua orelha, mas sua cabeça inteira!
TRAILER DO FILME
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Cachola atordoada depois dessa porrada de Bianchi,
o cara sabe dar soco no nosso estômago hein...
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