Elenco: Antonio Banderas, Birgitte Hjort Sørensen, Robert Forster, Melanie Griffith
Robôs, Robôs, Robôs. Bons, Malvados, Inocentes, temos vários exemplos no cinema e são quase indispensáveis em uma ficção científica, porém o que pode surgir de novo com tanta coisa já feita sobre esse tipo de personagem? Automata de Gabe Ibáñez, apesar das várias referências ao genêro, tenta seguir por onde outros filmes não foram.
Jacq Vaucan é agente de seguros da Robotics Corporation e tem o trabalho de analisar casos de robôs defeituosos e evitar que a empresa tenha prejuízo, e isso quase sempre significa prejuízo para o cliente. Numa Terra num futuro próximo, explosões solares transformaram grandes áreas da Terra em desertos inabitáveis e levou a morte de mais de 90% da população mundial. Os robôs surgem como um meio de ajudar os seres humanos e são enviados para tentar reverter a desertificação. O robô do filme não é sofisticado, é um ato de desespero e existem 2 protocolos que os robôs devem seguir: 1º ele não pode machucar qualquer forma de vida; 2º ele não pode alterar ele ou outros robôs. Perceba que é muito diferente o teor dos protocolos das 3 leis de Eu, Robô (2004), uma comparação que pode surgir quase que imediatamente:
1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.
Primeira diferença é a nomenclatura, ser humano versus forma de vida, existência versus modificação. A questão da modificação é que leva Jacq a questionar se alguns robôs estariam superando esse protocolo, pois em uma ocorrência em que um robô é morto por um policial havia evidências que ele estava se auto-reparando, e ao aprofundar sua investigação ele presencia um robô, encurralado, ateando fogo a si mesmo.
Durante a investigação de Jacq, a empresa começa a ficar preocupada com está investigação. Aqui descobrimos que o primeiro robô feito não tinha os protocolos, ele era uma inteligência artificial sem limites. A partir do momento em que os cientistas, pesquisadores não entendiam mais o que o robô falava pediram para que ele fizesse os protocolos, para que limitasse a inteligência artificial num nível que o ser humano pudesse manter o controle.
Perseguido pela empresa, Jacq é ferido e alguns robôs levam ele rumo ao deserto, tentando protege-ló. Um dos robôs quando chega no deserto retira sua máscara humanizada para mostrar sua cara robótica. Ali no deserto, sem estar entre humanos, eles poderiam assumir sua verdadeira face. No momento em que robô tira a máscara, uma peça de metal que cobre seu rosto, eles estão perto de uma paredão de pedra que tem pinturas, mãos humanas, e aqui vemos uma tentativa de criar esse nexo, o robô como um novo ser humano, evoluindo, quebrando suas amarras.
No clímax da narrativa Jacq descobre que o engenheiro que ele tanto procurava era na verdade um robô que havia quebrado o protocolo aparentemente por um defeito. "A vida sempre encontra um jeito". Os robôs quando reparavam um outro robô eles passavam a violação do 2º protocolo. Como o mito da caverna, alguém que via o mundo somente através de sombras, alguém tenta virar seu rosto para ver com seus olhos que o mundo é mais que isso, que ele pode fazer mais do que é programado.
Aqui a máscara, o questionamento do que vem a ser uma forma de vida, se une ao nascimento da filha de Jacq. Os robôs buscam um renascimento. Este robô que Jacq encontra a beira do lugar para onde eles pretendem ir, uma espécie de profeta, fala que nenhuma espécie pode viver pra sempre. Os robôs foram feitos por mãos humanas, e agora os humanos irão viver nos robôs, numa terra prometida, um espaço onde os humanos não podem ir. Neste momento os funcionários da empresa que estavam perseguindo Jacq chegam até este local e este questionamento sobre a vida se fecha em dois diálogos:
Aqui a máscara, o questionamento do que vem a ser uma forma de vida, se une ao nascimento da filha de Jacq. Os robôs buscam um renascimento. Este robô que Jacq encontra a beira do lugar para onde eles pretendem ir, uma espécie de profeta, fala que nenhuma espécie pode viver pra sempre. Os robôs foram feitos por mãos humanas, e agora os humanos irão viver nos robôs, numa terra prometida, um espaço onde os humanos não podem ir. Neste momento os funcionários da empresa que estavam perseguindo Jacq chegam até este local e este questionamento sobre a vida se fecha em dois diálogos:
Funcionário: -Por que é tão dificil para você aceitar minhas ordens se você é só uma máquina?
Robô: -Só uma máquina? É como se dissesse que você é apenas um macaco.
Funcionário: -O que faz um homem trair sua própria espécie?
Jacq Vaugh: -Trair sua gente? Eu não sou tua gente.
O filme trás questionamentos sobre a vida, o ser humano, conhecimento. Muitos filmes já trataram disso, mas a trama escolhe um jeito diferente de nós mostrar isso. Apesar de ser familiar, o filme é estranho, pois explora caminhos que geralmente são deixados de lado e nem sempre aparecem juntos no mesmo filme. Mas se alguém for ver o filme buscando algo original não é o melhor jeito de chegar a esse filme. Esse filme é uma quase homenagem ao gênero, seja na chuva, nos problemas climáticos, nos hologramas, robôs problemáticos, protocolos, e acho que é assim que devemos ver para aproveitá-lo. A toda hora o filme mostra a arrogância do ser humano em relação aos robôs o que pode ser entendido como a arrogância que temos em relação a natureza, com o que não conseguimos explicar, com o que escapa ao nosso controle, porém o filme deixa claro, não temos controle de tudo. Os robôs nasceram do desespero do ser humano, porém, ao se libertar da amarra das ordens de seu mestre eles querem encontrar seu próprio caminho, sem máscaras.
TRAILER LEGENDADO
P.S.: MANO! O final mais inesperado, improvável, WTF dos últimos tempos!