quinta-feira, 26 de março de 2015

TertúliaView: "Ida" (2013) de Pawel Pawlikowski

Ganhou prêmios no Oscar, o BAFTA, o Alliance of Women Film Journalists, o American Society of Cinematographers, o Goya Awards e mais outros 60 e poucos prêmios ao redor do mundo... Mas felizmente isso não importa de nada para nós tertulianxs, o que importa é uma cabeça explodida e muitas brisas para transformar o mundo... E é nesse ponto que Ida conseguiu seu lugar aqui no #TertúliaView.

+ "Ida" (2013) de Pawel Pawlikowski


Bem... de uma coisa sabemos, estamos vivos, agora a ideia de "estar vivendo" é algo a ser discutido, pois é algo muito relativo. Para muitos é ter uma vida com um bom salário e estabilidade, para outros é uma vida cheia de aventuras e vivências e para outra galera é ter um blog muito foda de cinema. VÁRIA MUITO MESMO!


No filme de Pawlikowski conhecemos um lado que não estamos habituados a lidar, o da incerteza perante a vida... Em outras palavras, o de ter uma vida firmada numa forte certeza, que por um acaso é questionada, e assim muda seu jeito de ver o mundo, como também de ver você mesmo. Talvez estejamos vivendo uma vida tão rotineira que nem paramos para pensar nisso: se estamos vivendo realmente ou não...


Assim nos é apresentada a história de Ida Lebenstein (Agata Trzebuchowska), uma freira pronta para declarar seus votos de castidade e seguir até o fim de sua vida dentro da Igreja com sua fé. Mas por um acaso tem que visitar sua única parente viva, que não conhece e não faz nenhuma questão de conhecer. Mas ao viver as contradições da vida de sua tia, Wanda Gruz (Agata Kulesza), conhece um novo mundo, cheios de incertezas e passos em falsos, não mais a ordenação e perfeição que sempre viveu na Igreja. 


Mas não é somente o presente que pode te transformar nossas vidas, o passado também! Ao se encontrar com sua tia conhece um passado obscuro que até então era ignorado por todos. Ida pertencia a uma família de judeus, e com o advento do nazismo, muitos foram perseguidos e mortos, como sua família, mas misteriosamente ela foi a única sobrevivente. Após esse tapa na cara que ela leva, novas questões passam por sua mente, que não consegue encontrar respostas dentro de sua fé na Igreja.


O filme desenvolve a narrativa com aquela calmaria que incomoda e muito! Todo em P&B, ajuda na construção de uma "vida que não seria vivida" por ninguém naquele Polônia do pós 2ª Guerra Mundial, possuindo uma fotografia INSANA e um enquadramento de virar os olhos carx tertulianx! Só pelos aspetos técnicos esse filme já mata nosso coração!


Em meio a busca pelos corpos de sua falecida família, ela e sua tia vão criando uma relação até antes impossível, Ida é cheia de fé na Igreja e num mundo melhor, sua tia é uma juíza desiludida com o mundo e sem nenhuma esperança, oposições que se encontram e que se tornam essenciais para a narrativa. Com isso, temos até Jazz com a aparição do personagem de Lis (Dawid Ogrodnik) e seu saxofone, criando uma relação com nossa protagonista. 


O final do filme é MUITO FODA e foi o motivo que trouxe o mesmo para cá, num #TertúliaView, após as aventuras com sua tia, Ida retorna ao convento e percebe que aquilo, que era o mundo para ela, agora era somente uma parte dele. Ela não se contenta mais em saber que está viva, quer viver! E assim parte para o amor com Lis, mas ela percebe de como a vida pode ser limitada ali também... 

- Já foi alguma vez na praia?
- Eu nunca fui a lugar nenhum.
- Então, vamos... Você vai ouvir a gente tocar, passearemos na praia.
- E depois?
- Depois compramos um cachorro... Casamos, 
temos filhos... Compramos uma casa.
- E depois?
- As coisas de sempre... A Vida.


E ai retornamos com Ida novamente na estrada, caminhando para onde? Não sei... Mas minha percepção me diz que ela partiu para querer mais da vida, mais que "as coisas de sempre", mais que perceber que está viva... ela quer estar vivendo! E deste modo ela cai na estrada com seu véu sobre a cabeça, do mesmo modo que ele simbolizava sua fé no mundo em oposição a sua tia, aqui simboliza que ela tem fé que pode encontrar algo mais nesse mundo! É Ida estamos com você querendo mais do que nos podem nos oferecer!

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quinta-feira, 19 de março de 2015

TertúliaView: O Dia dos Mortos (Day of the Dead, 1985) de George Romero


Direção: George Romero
Roteiro: George Romero
Elenco: Lori Cardille, Terry Alexander, Joseph Pilato, Jarlath Conroy, Sherman Howard, Richard Liberty

   Dia dos mortos, aquele feriado mexicano? Não, muito longe disso, afinal acho que os mexicanos não esperam que seus parentes saiam da cripta para tentar comer suas tripas! Mas é isso ai, mais um filme com o selo Romero de qualidade, e posso dizer que selo Romero de qualidade é um baita dum selo. 
   Numa época que muitos filmes B, trash, apostava no quanto pior melhor, Romero parece nos dar algo com mais qualidade, a construção dos personagens, suas motivações, suas ideologias. Day of the Dead que veio para o Brasil como O Dia dos Mortos logo de início joga uma ideia meio Platão, o filósofo grego, uma mini-sociedade criada em um bunker do governo após um apocalipse zumbi em que esta dividida entre civis/trabalhadores, militares, e cientistas/intelectuais. E os três estão em rota de colisão, acuados numa situação que parece não ter saída e não sabendo o que fazer naquela situação. Enquanto o cientistas tentam buscar uma cura para a "doença", os militares querem escapar dali, da mesma forma que os civis, não vendo necessidade no trabalho dos cientistas, afinal, eles estão todos condenados.

 Na república de Platão, cada um teria uma função para que a sociedade funcionasse perfeitamente, os líderes nesse caso, para que tudo desse certo, seriam os filósofos

   Os cientistas também estão divididos entre eles. Dr. Frankenstein em sua busca de entender como os zumbis quer controlar o ser humano que, morto-vivo, vira força da natureza, e a natureza deve ser controlada. Além disso, o zumbi representa o contrário da civilização, o bárbaro, e isso deve ser corrigido. Porém, o zumbi não deixa de ser humano. Na sua busca de entender o zumbi, Frankenstein deixa claro o quanto os zumbis são semelhantes aos humanos, o ser humano primitivo, com seus instintos mais selvagens, agindo por impulso e necessitando de recompensa. O zumbi ainda é espelho do que nós fomos, mas também esperança do que podemos ser, uma superação dos aspectos negativos do ser humano.

Lembre-se de quem você é SIMBA BUB!

   O filme faz parte de uma "trilogia" que começa com A Noite dos Mortos-Vivos (1968) e Despertar dos Mortos (1978) mostrando diferentes momentos do apocalipse zumbi, seu início, os próximos dias do apocalipse, ou os próximos meses. Se numa primeira parte do filme os personagens e suas histórias são apresentados, perto do fim Romero nos presenteia com um banquete de sangue e tripas. Neste cinema crítico sanguinário O Dia dos Mortos chama a gente pra olharmos além do terror e da ficção e olharmos a nossa realidade.

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sábado, 7 de março de 2015

Tertúlia Análise: Cinema Trash


Segundo o dicionário Michaelis Online o termo TRASH, traduzindo para o português, seria: 

trash
n 1 coisa sem valor, refugo. 2 galhos cortados. 3 bobagem, bagatela, conversa tola. 4 Min entulho, escória. 5 rebotalho. 6 pessoa tola ou à toa. Min vt 1 cortar folhas e galhos (cana-de-açúcar). 2 descartar, rejeitar (coisas sem valor). 3 Amer destruir, destroçar, vandalizar.
*

* Sublinhados pela galera do Cine Tertúlia.
Sim, isso mesmo, muito mais que a simples palavra LIXO que costumeiramente traduziríamos.


A História de Rick (Lik Wong, 1991) de Ngai Kai Lam
Do mesmo modo o Cinema Trash, também vai muito além de um simples filme ruim, mesmo assim muitos ainda possuem um forte preconceito para com essa maneira de fazer cinema, considerando como algo sem valor artístico, uma pura bobagem que pessoas tolas assistem, a escória do cinema sem valor algum que estão ai somente para vandalizar a sétima arte. 


Evil Dead (1981) de Sam Raimi
Mas felizmente existe o Cine Tertúlia, para colocar em questionamento toda e qualquer certeza adquirida, somos grandes veneradores da dúvida e assim partimos aqui para colocar um pouco mais de interrogações em sua vida... um pouco mais de INSANIDADE. SIMBORA?


Wild Zero (1999) de Tetsuro Takeuchi
Para falarmos desse INSANO tipo de filme temos que falar de História, pois o filme Trash, tem uma primo mais velho conhecido como "filme B", mesmo com o baixo orçamento e poucas tecnologias disponíveis para a construção do filme, inovavam com o que tinham e fazendo MUITAS MENTES EXPLODIREM desde que o cinema se transformou numa indústria!

Essas propagandas enganosas!
Após a chamada Grande Depressão, quando a Crise de 1929 começou a fazer efeitos sobre a indústria cinematográfica e que o atrativo do espectador passou a ser o cinema falado (deixando assim a produção de filmes muito mais cara). Diversos cinemas começaram a fechar e para evitar a falência total da indústria, as maiores companhias cinematográficas de uniram na MPPDA (Motion Picture Producers and Distributors of América) e deste modo construindo um forte monopólio para sobreviver a crise, mas que infelizmente subjugaram companhias "B", como a Republic Pictures e a Monogram


Pink Flamingos (1972) de John Waters 
MERDA PARA TODO LADO HEIN... Mas ai que está queridx tertulianx, em momentos de crise intensa que a vida se mostra INSANA e, no caso, CRIATIVA. Vendo esse panorama desfavorável, muitos exibidores independentes passaram a criar atrativos, tais como, duas entradas pelo preço de uma e prêmios após a sessão. Assim como a GENIAL ideia da apresentação de dois filmes: o primeiro filme era um filme "A", com atores famosos e grandes orçamentos e em seguida vinha o filme "B", com a finalidade de complementar uma sessão, sendo a "outra metade". Com um custo muito mais barato que os filmes "A", eles influenciavam e muito a política dos preços, pois enquanto os filmes "A" eram um investimento arriscado, gastava-se muito mais nunca se sabia como prever o retorno, os filmes "B" tinham uma grande previsibilidade de lucro, ajudando e muito a essas companhias de se sustentarem e partirem para outros filmes. 

O Vingador Tóxico (The Toxic Avenger, 1984) de Michael Herz e Lloyd Kaufman
E ai que está, esses filmes eram um total reflexo dessa época, o cinema tinha deixado de ser uma simples arte para se tornar um produto industrial a algum tempo, mas após esse monopólio da MPPDA, os filmes começaram a ficar ainda mais homogêneos, assim como aqueles lindos comercias com uma família branca e feliz, mas que na verdade tinham muitos problemas, que eram escondidos, isolados... Tudo em nome dos bons costumes! Com a chegada dos filmes B, uma outra face era mostrada, mesmo muitas obras tento por meta ser semelhante as produções A, os filmes B conseguiram trabalhar dentro desse sistema e explorar outras perspectivas daquela sociedade. 


Solução para a paz mundial? Biotônico Fontoura! 
Como alega Antonio Carlos Gomes de Mattos, em seu livro "A Outra Face de Hollywood - Filme B", tais filmes só começaram a ser reconhecidos quando foram analisados "sob seus próprios termos", pois tinham uma narrativa rápida, coisa que agradava muito ao público jovem; um descompromisso com a perfeição, oferecia uma "representação menos idealizada da realidade"; e com uma criatividade única de seus produtores. Mesmo com uma narrativa com valores depreciativos, numa tentativa frustrada de cópia de filmes "A", eles começaram a ser enxergados com outros olhos. Como aconteceu com Ed Wood, tido como o pior diretor do mundo e sem nenhuma reconhecimento positivo quando era vivo, mas que ganhou uma brilhante cinebiografia de Tim Burton, chamada "Ed Wood" (1994), e em 2013 até ganhou uma mostra na Caixa Cultural. 

Crianças... CONTEMPLEM SEU MESTRE: Edward Davis Wood Jr.!
Mas é nesse fuzuê todo que conhecemos outro amiguinho do Cinema Trash, o Cinema Exploitation, cultuado e odiado no mundo inteiro, como o nome mesmo diz, ela possui uma narrativa apelativa/sensacionalista e tem efeitos especiais exagerados, tendo o sexo, a violência, o consumo de droga, esquisitices, bizarrices, e coisas afins sempre presentes. Não é algo agradável de se ver, possui pouco respeito com as normas e os bons costumes da família e assim apresenta o que muitos jovens amam ver. Ele surgiu entre as décadas de 1920 e 1930, junto com a formação do monopólio do  já citado MPPDA, indo na contra mão dessa Hollywood "limpinha", sendo conhecido por muitos como "paracinema". Indo nessa perspectiva de quebrar normas do cinema dito belo, podemos apresentar "Um Cão Andaluz" (Un Chien Andalou, 1929), sim o clássico de Buñuel e de Dalí, que possui uma história totalmente fora dos padrões com acontecimentos surreais, como um exemplo de exploitation, principalmente na cena do olho sendo cortado.


FILME "UM CÃO ANDALUZ"
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Por ter uma forte censura por parte das grandes produtoras de cinema, o exploitation ficou até o final da década de 1940 explorando tais temas apelativos como um alerta, uma forma de educar seu público ao perigo de atitudes que iriam contra a moral e os bons costumes, como o filme "A Porta da Loucura" (Reefer MadnessTell Your Children, 1936) de Louis J. Gasnier, que denunciava os riscos do consumo da maconha, como a violência e a loucura, e foi exibido em muitas escolas estadunidenses. Mas o Exploitation se desenvolveu, saindo do patamar de moral educativa para entrar no campo simplesmente especulativo, assim na década de 1950 conhecemos diversos filmes tendo gangues de motociclistas, abordando a delinquência juvenil, como "O Selvagem" (The Wild One, 1953) de Laslo Benedek, que tem Marlon Brando no início de sua carreira. Temos o chamado "Blaxploitation" na década de 1970, já tertuliado por aqui, assim como os chamados "Filmes snuff", que mostram mortes ou assassinatos reais sem a ajuda de efeitos especiais, como o "Holocausto Canibal" (Cannibal Holocaust, 1980) de Ruggero Deodato. Temos a Chambara e sua quebra de padrões nos filmes de samurai; o Eco-Terror e a revolta da natureza para com o homem e diversos outros que mereciam um outro especial aqui.


Getro.com SOBRE O FILME "CANIBAL HOLOCAUSTO"
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Percebemos assim que o início do chamado Cinema Trash é bem contraditório, mas muitos indicam que as produções de Ed Wood, como o cultuado "Plano 9 do Espaço Sideral" (Plan 9 from Outer Space, 1959), pode indicar que já tinham características do Cinema Trash já na década de 1950, assim podemos utiliza-lo como um bom exemplo do início do Trash. Como também do cinema em geral do período em questão, já que uma nova tecnologia para o entretenimento se popularizava pelo mundo, a televisão, causava uma crise gigantesca para o cinema, pois o público preferia permanecer em sua casa à se deslocar ao cinema. Logo boa parte das produções da década tinham como característica um orçamento baixo e um lucro não tão expressivo, mas com o passar do tempo se tornaram "cult", tais como "A Invasão Dos Discos Voadores" (Earth vs. the Flying Saucers, 1956) de Fred F. Sears, "A 20 Milhões de Milhas da Terra" (20 Million Miles to Earth, 1957) de Nathan H. Juran e "O Ataque da Mulher de 15 Metros" (Attack of the 50 Foot Woman, 1958) de Nathan Juran.


UMA CENA QUE RESUME O QUE FOI OS FILMES B NAS DÉCADA DE 1950, CENA DE "A INVASÃO DOS DISCOS VOADORES"

Na década de 1960 já temos um ótimo filme para dar boas vindas a esse período de intensas mudanças no estilo de vida do mundo, com "Psicose" (Psycho, 1960) de Alfred Hitchcock**, um filme tenso do início ao fim, a cada cena do filme conhecemos os personagens nada exemplares, assim a narrativa se desenvolve, sem heróis mas com um forte vilão, com um desfecho perfeito de explodir cérebros... Um bom reflexo de como seria o período, cheio de choques de concepções que talvez seja um problema patológico de sua sociedade. Tanto que essa década terminará com obras intensas como o filme "de cagar para dentro" de Roman Polanski "O Bebê de Rosemary" (Rosemary's Baby, 1968)** e o divisor de águas "A Noite dos Mortos-Vivos" (Night of the Living Dead, 1968) de George A. Romero, essa obra marcará tanto o Cinema Trash como o cinema em geral até os dias de hoje. Inova INSANAMENTE na ideia da origem do morto vivo, deixando o viés religioso de lado, muitas vezes preconceituoso para com religiões afro-americanas; traz como protagonista um negro no filme, ao mesmo tempo que Martin Luther King Jr sonhava por ai; e outras brisas a mais que merecem um #TertúliaView (indireta mesmo para o resto da galera do Cine Tertúlia!).

** Não consideramos nenhum desses filmes um "trash", mas está aqui para um contexto do cinema da época.


FILME "A NOITE DOS MORTOS-VIVOS"
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E é na década de 1970 que conhecemos divindades como "Pink Flamingos" (1972) de John Waters, considerado por muitos (e por mim também) um dos filmes mais bizarros do mundo, que conta a competição pelo título de "pessoas mais sórdidas do mundo", ai só vem cenas que somente a década de 1970 pode nos proporcionar. Como também a INSANA comédia "O Ataque dos Tomates Assassinos" (Attack of the Killer Tomatoes!1978) de John De Bello, com um dos inícios mais fodas da década de 1970:


"EM 1963, ALFRED HITCHCOCK FEZ UM FILME INTITULADO "OS PÁSSAROS". UM FILME QUE DESCREVIA O ATAQUE SELVAGEM SOBRE SERES HUMANOS POR UM BANDO DE CRIATURAS ALADAS. AS PESSOAS RIRAM. NO OUTONO DE 1975, 7 MILHÕES DE PÁSSAROS NEGROS INVADIRAM A CIDADE DE HOPKINSVILLE, KENTUCKY, RESISTINDO AOS ESFORÇOS DA HUMANIDADE PARA AFASTÁ-LOS. NINGUÉM ESTÁ RINDO AGORA."

E não é à toa que o filme rendeu mais 3 continuações excelentes, sendo que numa delas temos a atuação de George Clooney


Street Trash (1987) de James M. Muro
Mas é assim que a década de 1970 vai, cheias de experimentos para chegar aos extremos, desenvolvendo os filmes Exploitation, como o filme "I Drink Your Blood" (1970) de David E. Durston, contando a história de um grupo de "hippies adoradores de satã" (???) que aterrorizam uma cidade e são intencionalmente infectados por raiva canina e partem para a matança (????). BIZARRO... SEM SENTIDO ALGUM! Mas é cultuado até os dias de hoje. E nesse ambiente de experimentação que é lançado "Ilsa - A Guardiã Perversa da SS" (Ilsa - She Wolf of the SS, 1975) de Don Edmonds, um filme para poucos mesmo! A história se passa em um campo de concentração nazista onde são realizadas experiências bizarras com seres humanos: sexo, tortura e cenas nada agradáveis é o que você pode encontrar aqui. 


Bad Taste (1987) de Peter Jackson
Ahhh década de 1970... resultado de muitas contestações e princípio de muita treta que viria por ai... o mundo inteiro fez parte desse cinema reflexo de mudanças INSANAS na sociedade, DÚVIDA? Na sempre estilosa Itália tivemos filmes de terror, suspense e policiais que foram fundo na ideia, os filmes Giallo: com visual psicodélico e hiper colorido, as trilhas sonoras hipnóticas e sombrias, o erotismo e a enorme violência, entrelaçando sexo e morte com resultados impressionantes. A Itália produziu também nesse período um dos filmes de sci-fi mais FODAS (leia-se trash) da história do cinema: "Starcrash" (1978) de Luigi Cozzi, que possui essa cena, em que percebemos um arma muito semelhante com outro filme que eu esqueci o nome agora... Mas nada se compara a "Demons - Filhos das Trevas" (Demoni, 1985) de Lamberto Bava: rock and roll, jovens desobedientes, zumbis... tudo isso dentro de um cinema, é GENIAL! Só tenho a falar: GRANDE ITÁLIA!


CENA DE "TENEBRE"
(pouco sangue na cena, não?)

CENA DE "STARCRASH"
(Quem veio 1º... Starcrash ou Star Wars?)

TRAILER DE "DEMONS"

O Brasil mostrou muito potencial nesse período quando surgiu o personagem Zé do Caixão, interpretado por José Mojica Marins. O sádico coveiro à procura da "mulher superior" para gerar seu filho perfeito estreou em  "#À Meia-Noite Levarei Sua Alma" (1964) e continuou sua saga em "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver" (1967), ganhando os circuitos internacionais e abrindo as portas de muitas produções nacionais até hoje. Na época saiu grande obras como o gótico "O Anjo da Noite" (1974) de Walter Hugo Khouri e a comédia de horror "Um Sonho de Vampiros" (1969), de Iberê Cavalcanti.

"HOJE EU COMO CARNE, NEM QUE SEJA CARNE DE GENTE"
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Na década de 1980, o Cinema Trash começa a se moldar e lançar seus clássicos que vivem alegremente no coração de seus fãs, como "Uma Noite Alucinante" ou "A Morte do Demônio" (SEI LÁ QUAL É O TÍTULO NACIONAL), mas conhecido no mundo inteiro como "The Evil Dead" (1981) de Sam Raimi. Filme base para tudo que você verá de terror depois dele! Isso mesmo! Grupo de adolescentes? CHECADO! Indo para o meio do nada? CHECADO! Sozinhos? CHECADO! Muitas mortes, possessão demoníaca, floresta do mal e outros? CHECADO! Isso mesmo, esse filme pode ser colocado como um grande divisor de águas para tal gênero, mesmo com todos os empecilhos que conhecemos (baixo orçamento e uma história pouco agradável), ele se transformou num grande sucesso, tanto que possui uma releitura/continuação com um orçamento maior em 1987 e uma versão mais "divertida" em 1992 chamada "Army of Darkness".


Dark Star (1974) de John Carpenter
E ai meu amigo... SÓ COISA LINDA na década de 1980! Temos a Troma, que com toda a inspiração, lança obras primas como "O Vingador Tóxico" (The Toxic Avenger, 1984) de Lloyd Kaufman e Michael Herz e "#O Monstro do Armário" (Monster in the Closet, 1986) de Bob Dahlin, duas obras chaves para compreender a ideia de assustar e rir na mesma história, com críticas sociais intensas, principalmente em "The Toxic Avenger", transformou a Troma na companhia independente mais famosa do mundo inteiro.


Pelo Amor e pela Morte (Dellamorte Dellamore, 1994) de Michele Soavi
Com filmes como "A Hora dos Mortos-Vivos(Re-Animator1985) de Stuart Gordon e "Palhaços Assassinos do Espaço Sideral" (Killer Klowns from Outer Space, 1988) de Stephen Chiodo, podemos trabalhar muitos aspectos do gênero como a questão da ciência, um fala da ideia da cura para a morte, já o segundo trabalha com a intensa busca por vida alienígena que finalmente chega a Terra (de maneira bem mortal), assim conhecemos suas tramas um Herói, que é alguém sempre deixado de lado, mas agora tem a chance de mostrar seu potencial, uma Heroína, sempre vulnerável (se rolar "peitinhus" ajuda na publicidade!). Os dois devem se defender do perigo apresentado pelo filme para que possam seguir em suas vidas, e é nesse momento que o roteiro se desenvolve. Destaque para a particular cena grotesca de Re-Animator...

CENA DA 'CABEÇA' EM "RE-ANIMATOR"

Nesse momento nos deparamos com um neozelandês muito famoso hoje, Peter Jackson, o mestre da Terra Média com as trilogias de O Senhor Dos Anéis e de O Hobbit, sim ele mesmo! O começo de sua carreira foi marcado por filmes assumidamente Trash e cheios de INSANIDADE, como "Bad Taste" (1987), que conta a história da pacata cidade de Kaihoro, em que todos seus habitantes desaparecem, assim durante a investigação temos: alienígenas, rede de fast food, armas e muito bizarrice! Esse filme merece ser conferido! Outra dádiva dessa fase de Jackson foi o perfeito "Fome Animal" (Braindead, 1992), com a temática de como a família pode ser controladora, ele lança uma das histórias de amor mais sangrentas da história do cinema, confira uma cena abaixo.


CONSIDERADA UMA DAS CENAS MAIS SANGRENTAS DA HISTÓRIA DO CINEMA
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Filmes que marcaram uma geração de fãs, como eu e você e também Robert Rodriguez, Quentin Tarantino, o músico Rob Zombie, Eli Roth e Edgar Wright. Bons exemplos de diretores de cinema que ainda dão vida ao gênero, bem... A ideia do baixo orçamento talvez não esteja ligado a eles... Mas o GORE sim! Numa brilhante parceria com Tarantino, o diretor Rodriguez lança o filme "Planeta Terror" (Planet Terror, 2007) que é uma grande homenagem aos filmes de terror que ele acompanhava durante sua adolescência. O filme segue um grupo de pessoas que tenta sobreviver ao apocalipse zumbi, muito SANGUE e GORE acompanharão você nessa aventura. Assim como em "Machete" (2010), o filme que não era para ser filme, já que era para ser somente um trailer fictício do projeto de Rodriguez e Tarantino, mas fez tanto sucesso que rendeu esse INSANO longa, com uma narrativa policial de tirar o fôlego. 


TRAILER 'DE MENTIRINHA' QUE OS DIRETORES ACIMA CITADOS REALIZARAM NO PROJETO CHAMADO DE "GRINDHOUSE"

Mas não é só de homenagens que vive o cinema Trash atual, Sam Raimi retornou ao estilo do início de sua carreira com "Arraste-Me para o Inferno" (Drag Me to Hell, 2009), um filme SENSACIONAL e cheio de características do cinema Trash, que conta a história de uma jovem de vida promissora ao lado de seu marido, mas infelizmente é amaldiçoada... E ai a história começa a ficar muito BIZARRA! ASSISTA!

'SAINDO UM POUCO DE SANGUE'
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Para finalizar esse exaustivo trabalho, que durou mais de um mês, queria falar de um filme que infelizmente passou batido pelos nossos lindos olhos, "O Segredo da Cabana" (The Cabin in the Woods, 2012) de Drew Goddard, a trama em si parece um clichê ambulante: "jovens? no meio do nada? bebendo e se divertindo? invocando alguma coisa maligna? tem uns 100 filmes desses só no ano passado!"... Mas ai que está, o filme utiliza desses clichês, para criar algo inovador! Sim, se lembra da pira que falei dos filmes "B", que eram uma forma barata de filmes "A", mas só que ainda sim surgiam obras cheias de INSANIDADE, que hoje conseguimos enxergar "com seus próprios termos"? Então esse filme aqui utiliza inteligentemente das mesmices desta linha de terror, meio que subverte o "subgênero", sem moderação alguma na hora de inventar soluções ousadas. Falar desse filme é meio que dar spoiler, mas isso a gente deixa para outra oportunidade num #TertúliaView.

CENA FINAL DE "O SEGREDO DA CABANA"
 

FIQUE COM ESSA CENA QUE, PARA MIM, É A MELHOR CENA QUE EXISTE DE UM FILME TRASH!
 

E O BRASIL, COMO ANDA NESSA HISTÓRIA? LINDAMENTE INSANO... RODRIGO ARAGÃO ANDA FAZENDO FILME LINDOS! UM PROVA? SACA SÓ ESSA CENA DE "A NOITE DOS CHUPA CABRAS"
 




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quinta-feira, 5 de março de 2015

TertúliaView: "Leviatã" (Левиафан, 2014) de Andrey Zvyagintsev

As vezes um bom filme surge de uma história simples, uma família pobre que possui uma casa há várias gerações tem que enfrentar um prefeito corrupto que deseja transformar o local num lugar que irá beneficiar seu bolso e o de diversos empresários. Familiar até demais não? Lembrando muito ao filme "O Milagre Veio do Espaço" (*Batteries Not Included, 1987) de Matthew Robbins, que conta a história de uma velha casa que é ameaçada por grandes empresários. Fica difícil não lembrar algo que um amigo sempre me diz, o que faz de um filme ser bom é a maneira que é contada a história, não sua inovação. Talvez "Psicose" (1960), "Clube da Luta" (1999), "Eu, Eu Mesmo e Irene" (2000), "Janela Secreta" (2004) e "Ilha do Medo" (2010) tenham muito em comum, todos contam a história de uma pessoa lutando contra si mesmo, seu outro lado oculto, NÃO?

+ "Leviatã" (Левиафан, 2014) de Andrey Zvyagintsev



Mas para falar de Leviatã é preciso ir além de simples comparações, ao desenvolver sua narrativa nos chocamos com acontecimentos até então impensáveis, que mexem com nossa mente, nos deixando ao final quase sem fé... "Afinal quem governa o mundo dito democrático?"


Para enfrentar um prefeito corrupto (Roman Madyanov) Kolya (Aleksey Serebryakov) chama seu antigo amigo Dmitriy Seleznyov (Vladimir Vdovichenkov), que hoje é um excelente advogado, e assim, o filme começa a destilar sua crítica... No meio dessa Rússia, dita hoje democrática, com direitos iguais para todos... Dmitriy só encontra empecilhos para defender legalmente seu amigo. Em que vemos que nada funciona realmente, mostrando uma Rússia com todos seus estabelecimentos democráticos vazios, parecendo que estão totalmente falidos... Dmitriy parte para um caminho fora da justiça, a chantagem, e assim consegue melhorar o panorama do caso. Vemos então um país, no caso a Rússia, que possui pouquíssima experiência democrática, já que ainda resiste aos resquícios do autoritarismo da União Soviética, se encontrando totalmente fálida na efetiva participação popular. A ÚNICA COISA QUE FUNCIONA? A corrupção! (Mas calma! Nada de dancinha na Av Paulista com a camiseta da seleção brasileira)


Corrupção, que é o único caminho encontrado por Dmitriy para auxiliar o amigo, mas a partir dai não encontramos isso somente na esfera política... Kolya costuma realizar alguns trabalhos para amigos policiais, sendo que seu melhor amigo, também policial, não demonstra em nenhum momento do filme alguma atitude de justiça ou de segurança. Mesmo sendo algo tão moral e simplista, a corrupção é apresentada como um mal, mal que se faz presente em qualquer personagem do filme. O filho de Kolya, Roman (Sergey Pokhodaev) tem um forte ódio para sua madrasta Lilya (Elena Lyadova)... Lilya tem um caso com o advogado Dmitriy... e assim vai o filme (não quero dar mais spoiler...)


Assim a "corrupção"/"o mal" não está "lá" ou "no outro", mas sim em todos nós, mesmo fazendo uma forte crítica a política russa, o filme consegue fazer um grande panorama de como nos encontramos hoje. Que democracia é essa, que é defendida até por meio de guerras, sendo que na prática não existe? O problema estão nos governantes? Ou é de todo ser humano?


Verdades? Esse filme RI NA CARA DA VERDADE, meu velho! Expõe de maneira bem caricatural a instituição Igreja, mostrando como são idiotas os valores defendidos, sendo que suas atitudes são totalmente o oposto, tanto dos padres como dos fiéis. As conversas entre o prefeito e o padre são sensacionais! São precisas ao mostrar as diversas contradições do amor pregado pela Igreja e suas ações... Numa cena rápida vemos uma evidente contradição: ao mesmo tempo que vemos três imagens de santos, conseguimos ver três imagens de mulheres nuas...

O pensador Thomas Hobbes
Para não deixar de pagar de intelectual, sim, é claro que podemos discutir sobre o título do filme em questão, Leviatã... E assim podemos ir para a perspectiva religiosa e perceber uma de suas diversas concepções acerca desse monstro, considerado por muito tempo pela Igreja Católica como o demônio da ganância, uma boa referência a corrupção sempre apresentada durante o filme. E assim, partir para a perspectiva do cientista Thomas Hobbes, que aborda a ideia da "guerra de todos contra todos" que seria nada mais que nosso "estado de natureza", deste modo nosso estado natural seria de permanente corrupção e a importância de um Estado forte e autoritário era nos controlar para impedir tais atos. Assim o governo deveria ser uma espécie de monstro como o Leviatã. No filme, o Estado é sim um monstro, com toda a certeza, mas não para controlar a sociedade em nome de um bem maior, mas sim para poder tirar vantagens ao seu próprio favor. É tertulianx, o mundo está um caos e, segundo a visão de Hobbes, o único meio para podermos controlar isso seria o Estado, que segundo o filme é um reflexo bem maior e mais forte de nossos podres.


Talvez essa seja a BRISA MASTER do filme, mostrar que somos seres contraditórios, nossa vida não é o bem contra o mal, mas sim de seres contraditórios com seres cheios de incertezas... O final do filme é um dos mais amargos que vi no cinema, aquele gosto ruim na boca que até tive que tomar uma bebida doce após a sessão (Acaí sempre presente nos roles!), mas é como outro amigo me dizia, um filme feliz nos faz acreditar que o mundo é perfeito, com isso não há nada mais o que fazer, já um filme triste mostra o quanto precisamos melhorar... Se for por isso, Zvyagintsev fez esse filme na intenção de transformar o mundo por completo!


TRAILER LEGENDADO
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terça-feira, 3 de março de 2015

Tertulia View: O Incrível Mundo de Gumball (The Amazing World of Gumball) de Ben Bocquelet


   Nem todo desenho é feito para as crianças, mas todos os desenhos são escritas por adultos. Porém, pegando um desenho que é voltado para o público infantil ele pode tanto trazer preocupações mais sérias, discussões filosóficas ou simplesmente não se levar a sério. O Incrível Mundo de Gumball está na segunda categoria. Apresentando um humor totalmente sem sentido e sem noção, Gumball está ali para nos fazer rir com as situações mais inverossímeis, mas mesmo assim comuns a todos pois são coisas do cotidiano. É como se fosse a cabeça do criador do desenho, Ben Bocquelet, tentando atravessar a seriedade do cotidiano através da imaginação. Gumball, o gato pré-adolescente azul, é o protagonista desajeitado, com inteligencia duvidosa e um sorte gigantesca que sempre se mete em confusão e sempre consegue se safar dela no fim. É um Chaplin para o mundo dominado pela internet que está sempre sendo invadida por coisas sem noção, por coisas absurdas, que começa a achar que nada é impossível acontecer. E Gumball nós presenteia com tudo isso, com o absurdo, o impossível, um programa sem noção e sem limites, mostrando tudo isso de uma forma tão simples que você é puxado pelos episódios que só duram 10 minutos e te deixam o sabor de quero mais.

Ben Bocquelet, criador, e Mic Graves, diretor

   O desenho é centrado em dois universos do personagem principal, Gumball, que são sua família e sua escola. Sua família, os Wattersons, é formada pelo seus irmãos Darwin e Anais, e seus pais Ricardo e Nicole. Anais é a mais inteligente da casa, Darwin sempre está ajudando Gumball nas sua encrencas, Nicole é uma mãe neurótica e Ricardo um pai com inteligencia duvidosa (genética). Apesar de Nicole sempre estar querendo colocar os filhos na linha e desinteligência de Ricardo smepre colocar a família em encrenca, além das próprias confusões de Gumball, sempre vemos a questão dos laços que unem eles serem levantados, mostrando o quanto eles são unidos apesar das dificuldades. (A questão da família de Gumball ser pobre é retomado em muitos episódios da série)


Os Wattersons

   A escola é sempre explorada como o nemesis de Gumball. O primeiro teste de animação é ele tentando fugir da escola, e não da muito certo... Além destes dois cenários, as situações mais comuns são retratadas como bola de neve, um problema comum que se tornam gigantesca, causando a destruição da casa dos Wattersons ou da própria cidade, Elmore. 

Elmore Junior High, a escola de Gumball
Outro aspecto que chama a atenção na série é a diversidade de
técnicas de animação utilizadas para os mais variados personagens como CGI,
massinha, marionetes, etc.

    Gumball é absurdo, simples e inteligente, que consegue agradar tanto crianças quanto a adultos por mostrar um mundo rico de personagens e cheios de imaginação.

A Internet

A Senha

O Sonho

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