quinta-feira, 21 de julho de 2016

TertúliaView: "Caça-Fantasmas" (Ghostbusters, 2016) de Paul Feig

Você é daqueles que está cansado de tantos remakes e reboots? Ou você é daqueles que ama cada refilmagem que só o cinema hollywoodiano pode te oferecer? Independente de sua opinião sobre o assunto, você já parou para pensar sobre os motivos que levam a realização de uma refilmagem? “GRANA, GRANA E GRANA!” Mas será que seria só isso...? Se formos analisar o contexto histórico da narrativa original e o remake, podemos estabelecer paralelos INSANOS! SIMBORA?

+ Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 2016) de Paul Feig.



Mudanças... SEMPRE necessárias e NUNCA aceitas de maneira fácil... Em 2015 tivemos a Imperator Furiosa (Charlize Theron), uma personagem feminina, em Mad Max: Estrada da Fúria (nosso #TertúliaView) que despertou a ira de muitos homens, tanto que a MRA - Men's Rights Activists (sim, é ridículo! - http://goo.gl/7gXoOY) fizeram uma campanha para boicotar o filme! Ao mesmo tempo em que a personagem feminina Rey (Daisy Ridley) está no filme Star Wars - O Despertar da Força, conhecemos o personagem negro Finn (John Boyega), fãs mais “puritanos” fizeram uma campanha com comentários RIDICULAMENTE racistas. O que Boyega fez? Postou de maneira genial essas três palavras: "Acostumem-se com isso" (http://goo.gl/q5QHnh). Agora temos a personagem feminina e negra Patty Tolan (Leslie Jones) na nova versão de Caça-Fantasmas e ela foi comparada a um gorila no Twitter (http://goo.gl/xNjbia)... Foram tantos comentários ofensivos que infelizmente Jones apagou sua conta na rede social (http://goo.gl/xH373j). SÉRIO MESMO QUE NÃO EXISTE MACHISMO E RACISMO PARÇA?

Imperator Furiosa (Charlize Theron), Finn (John Boyega) e Patty Tolan (Leslie Jones)
Coincidência ou não os três filmes apresentados acima são remakes ou reboots de filmes que conquistaram uma grande geração de fãs na década de 1970 e 1980! Filmes que estabeleceram narrativas clássicas que hoje influenciam quase uma totalidade de filmes... Mas lembre-se, FELIZMENTE não estamos mais naquele período... Estamos numa outra década, num novo século e em um milênio diferente! Novos contextos estão sendo construídos e novas questões estão sendo apresentadas. Deste modo uma refilmagem consegue exprimir algo novo dentro daquele texto original, nos apresentando uma obra “mais melhor de bom”, somando contextos e apresentando uma obra mais diversa e mais completa! UMA COISA LINDA DEMAIS! Mas isso não agrada muitas pessoas que não querem perder privilégios...


Arte por caiooliveira
Nessas novas narrativas, novas representações se mostram necessárias! PQ??? Analisa comigo aqui no replay... Do que adiantaria narrativas com homens, héteros, brancos e ricos (tipo os ministérios do governo Temer, clique aqui) sendo que as questões atuais em torno de representatividade estão em pauta? DE MERDA ALGUMA! De que adianta mais um filme com um “macho alfa” sendo opressivo se aqueles que sempre se mantiveram a margem do protagonismo das narrativas estão cada vez mais empoderados? DE PORRA NENHUMA! Neste momento discussões assim mostram sua extrema importância! Leia nossas analises sobre a representação do negro no cinema sobre o Blaxploitation e o Black Token.


Em vez de um branco que pinta a cara com carvão para reforçar estereótipos, QUEREMOS NEGROS! QUEREMOS MULHERES que mostrem sua força e não sua fragilidade! DESEJAMOS MULHERES NEGRAS que mostrem autonomia e poder em vez de papéis clichês e ridículos (leia mais sobre nesse artigo de Suzane Jardim)! ASPIRAMOS GAYS, LÉSBICAS, TRANS... TUDO! Diferentes vivências e opiniões para uma obra ampla e não reducionista!

REPRESENTAÇÃO IMPORTA!


Viu só! Quando essa representação está presente, portas são abertas para a diversidade, novas vozes são ouvidas, bem como respostas e novos questionamentos. Se a participação em diversos filmes que Whoopi Goldberg realizou durante sua carreira inspirou Leslie Jones a ser atriz... O que podemos esperar do futuro com um filme composto somente por heroínas femininas? VEI... O PMA VAI LÁ NO ALTO! Como disse Chris Rock no discurso de abertura do Oscar de 2016 (clique aqui), não queremos privilégios, só queremos oportunidades... Acredite! Pra essa galera que teve poucas ou nada, uma oportunidade é o bastante!



Mesmo assim, lembre-se! Há um eterno dialogo entre o novo e o velho... Deste modo, nós do Cine Tertúlia devemos ponderar muita coisa sobre o novo filme dos Ghostbusters, pois mesmo com essa discussão acerca de representação, ele ainda sustenta muitos valores tradicionais. Uma cena que resumi muita coisa sobre isso é quando Patty (Leslie Jones) faz um stage dive (pula de um palco em cima da plateia), mas só que ela não é segurada por ninguém. Ela alega que não foi segura por algum motivo: ou ser mulher, ou ser negra... E meu velho, muita coisa nesse filme foi feita pelo fato dela ser negra. Se a versão original me incomodava pelo fato de Winston Zeddemore (Ernie Hudson) fazia um papel secundário, reforçando a ideia de que negros não possuem conhecimento cientifico, mas sim o conhecimento do trabalho braçal, pois ele era um mecânico... Em oposição aos personagens de Peter Venkman (Bill Murray), Ray Stantz (Dan Aykroyd) e Egon Spengler (Harold Ramis) que todos eram acadêmicos. Na nova versão de Feig vemos que isso ainda se sustenta, pois Abby Yates (Melissa McCarthy), Erin Gilbert (Kristen Wiig) e Jillian Holtzmann (Kate McKinnon) são possuem conhecimento, enquanto Patty (Leslie Jones) é uma atendente do metro de Nova Iorque, em uma determinada cena ela alega que as outras personagens teriam o conhecimento teórico, enquanto ela teria o conhecimento das ruas... SÉRIO MESMO??? Só faltava estar comendo uma melancia pra reforçar ainda mais estereótipos.



Dentro da narrativa do filme, percebemos bastantes cortes... Sim, o filme parece ter sido reduzido para melhor se enquadrar no “tamanho padrão para a família tradicional brasileira”, aquela uma hora e quarenta minutos que não incomodará ninguém. Tanto que muitas cenas ficaram atropeladas e deixando o desenvolver sequencial da trama bastante forçado em alguns momentos. INTERVENÇÃO DA PRODUTORA? Grandes chances.


Após esses apontamentos percebemos que o filme incomodou... MUITO! Afinal, teve uma campanha de dislikes no YouTube... Mas nós do Cine Tertúlia queremos mais! Se aconteceu ter a representação de mulheres, queremos mais diversidade ainda! Se teve campanha de dislike, a gente quer explosões de mentes! Se esse filme incomodou, queremos a revolução! INSANIDADE É O NOSSO PRINCIPAL OBJETIVO! Ou como diria John Boyega, acostume-se com isso!

PS: Há cena pós crédito... 




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quinta-feira, 7 de julho de 2016

TertúliaCast: BLACK TOKEN

Sim, nos perdoem... Estamos bastante sumidos por aqui... A vida cotidiana dentro de uma sociedade cheias de responsabilidades as vezes suga todas as nossas forças, mas o poder da gravata falou mais alto e conseguimos realizar mais um #TertúliaCast com uma temática bastante INSANA: a representação do negro dentro do cinema! "Como assim? O que seria Black Token?" Iremos trabalhar como a representação do negro no cinema ainda pode ser cheia de estereótipos e com um personagem bem secundário na trama... DÚVIDA? SEGURA ESSA BRISA ENTÃO!



Para delimitar o tema iremos utilizar como direção o filme "Matrix" (The Matrix, 1999) das irmãs Wachowski, "Caça Fantasmas" (Ghostbusters, 1984) de Ivan Reitman e por fim "A Noite dos Mortos-Vivos" (Night of the Living Dead, 1968) de George A. Romero, além de falar um pouco de teatro, histórias em quadrinhos e o cinema brasileiro. Convidamos todos a sentar e relaxar (tomando um suco de laranja?) ouvindo esse podcast!

Aúdio no PODOMATIC


Links úteis
- Música de Abertura, "Let's Twist Again" de Chubby Checker.
- Cena inicial de "O Nascimento de Uma Nação" citado no podcast.


- Na verdade "...E o Vento Levou" teve a primeira personagem negra a ganhar o Oscar, que foi a atriz Hattie McDaniel (mais info).
- Twitter da escritora Ytasha Womack (mais info, abra na página 26!)
- Wikipédia das Irmãs Wachowski.
- Música "Celebration" de Kool & the Gang
- Notícia sobre o Trailer do "Caça-Fantasmas" (2016) 
- Crítica do Cinema em Cena sobre "Rua Cloverfield, 10" (2016)
- Trecho de Lanterna Verde com um senhor negro.
- O que é cinema Blaxploitation?
- Entrevista com Yaphet Kotto sobre um 007 negro.
- Discurso de Chris Rock na abertura do Oscar 2016.
- Ice Cube sobre o Oscar 2016.
- Grant Morrison e sua Mulher Maravilha feminista.
- O cinema de Zózimo Bulbul
- Filme "Quilombo" (1986)
- #TertúliaView de "Dear White People" (2015) e "Dope" (2015) 
- Vídeo "O Perigo da História Única" de Chimamanda Adichie.
- Trailer de "The Birth of a Nation" (2016).

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quinta-feira, 17 de março de 2016

Tertúlia Indica: "Isolados" (2013) de Tomas Portella

A novidade sempre foi um chamado para as pessoas, o ato de sair de sua zona de conforto pode ser uma aventura que extrapola expectativas e nos dá um novo gás. Mas só que as vezes o desejo pelo clichê, pelo lugar comum, pode ascender uma chama de INSANIDADE também, fazendo ressurgir características usuais que farão sua zona de conforto ficar um pouco desconfortável. DÚVIDA? ENTÃO SACA SÓ!

+ Isolados (2013) de Tomas Portella


Tomas Portella, que até então tinha se aventurado na direção de comédias, como "Qualquer Gato Vira-Lata" (2011), consegue aqui fazer com que o público esqueça isso facilmente, apresentando uma narrativa sufocante e densa. No enredo não temos nada fora do comum do gênero do suspense/terror: A) um casal, Lauro (Bruno Gagliasso) e Renata (Regiane Alves), decidem passar um tempo na região serrana do Rio de Janeiro para descansar e reanimar a relação, mas só que B) a região oculta segredos e assassinos estão a solta e nisso o suspense vai rolar solto... Na "matemática do roteiro" a partir desse dois fatores (A+B) o resultado seria um filme ruim, pois está cheio de chavões e trivialidades. Mas num é qualquer bostinha que aparece fácil aqui no blog do Cine Tertúlia não... VAMOS BRISAR!

Lauro (Bruno Gagliasso) e Renata (Regiane Alves)
Por ter uma narrativa cheia de suspense o filme despertou comparações com "O Iluminado" (1980) de Stanley Kubrick e "Anticristo" (2009) de Lars von Trier ao mesmo tempo que avivou comentários negativos sobre o filme, alegando que sua história não era nada inovadora. Mas acompanhe comigo no replay, se um filme é semelhante à Kubrick e von Trier, por que raios ele seria ruim? Sem perder tempo já o assemelho a outro filme, ou melhor, a uma filmografia, a de Alfred Hitchcock, que sempre utilizou e abusou de lugares comuns e de atores famosos adicionando um clima tenso para surpreender o público. Em seus filmes o mal não estava no "outro", mas sim em nós mesmo, seus vilões não eram nenhuma criminoso desconhecido, mas sim quem estava o mais perto possível de você... A zona de conforto de Hitchcock não era nada confortável.

"Eu tenho uma facaaa!!!"
Coisa que Portella conseguiu trabalhar muito bem aqui, tem casal em perigo? Tem! O mal está solto? Sim! Policiais bem ao estilo "bad/good cop"? Mas é claro! Trabalhando com uma narrativa, rostos e clichês muito comuns ao público, o diretor conseguiu inserir sua história dentro do lugar comum, conseguiu quebrar a barreira entre o que é usual e o que é inovador e assim transformou tanto o comum como o estranho num só clima de tensão, fazendo com que a narrativa se desenvolvesse até chegar ao final plot twist que se mostrará essencial para o filme. Se o filme é bom ou não, isso é você que irá decidir, mas por aqui entramos em consenso que ele é INSANO!

Até o José Wilker tá no role... Seu último filme até!
"O Lobo atrás da Porta" de Fernando Coimbra e "Quando Eu Era Vivo" de Marco Dutra são suspenses brasileiros que deram o que falar, mas não conseguiram sair completamente do dualismo cinema arte/comercial. "Isolados" é um bom aperitivo para um público que está se interessando por novas narrativas, mas ainda acostumados a rostos conhecidos, mas que com o tempo podem se esquecer da poltrona confortável em casa e se entregar a outros espaços.

TRAILER LEGENDADO
clique aqui

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quinta-feira, 10 de março de 2016

TertúliaView: "O Fantasma do Futuro" (Ghost In The Shell, 1995) de Mamoru Oshii



Um belo dia o filósofo René Descartes proferiu sua célebre frase “Penso, logo existo”, nos dando a entender que o ato de realizar reflexões nos torna reais e que esse ato é imprescindível para ser um ser humano. Em meio ao período renascentista o filósofo inicia um novo período para a filosofia ocidental, trazendo ao centro das discussões a razão para ter como finalidade a verdade. Simples? Até poderia ser para o século XVII, mas para nossos dias atuais é algo que deve ser rediscutido. SIMBORA?

+ O Fantasma do Futuro (Ghost In The Shell, 1995) de Mamoru Oshii


Como será o futuro? Um questionamento que muitas vezes paramos para pensar... Será algo bom? Algo ruim? Em 1982, Ridley Scott lança o clássico da cinematografia de sci-fi, "Blade Runner", baseado no livro de Philip K. Dick, nos situando num futuro distópico (saiba mais aqui), em que corporações mandam no planeta, ou melhor, na galáxia, e que se utilizam de androides para realizar seus serviços... Sujo, violento e corrupto... Podem ser as três palavras chaves para esse mundo. Não muito diferente do futuro de "Ghost In The Shell", baseado no mangá de Shirow Masamune, em que conhecemos a Seção 9, uma equipe formada por androides e humanos que enfrenta crimes que surgiram com o avanço da tecnologia.

CENA DAS LÁGRIMAS DO BLADE RUNNER
Se o fato de viver, se ser um sujeito ativo e encarar o mundo (ou o cosmos no caso de Blade Runner) como um horizonte de possibilidades. O androide Roy Batty (Rutger Hauer) se tornou um ser humano da melhor qualidade, não?

Cada personagem do filme tem sua importância, como líder a Major Kusanagi, uma androide, tem um corpo inteiramente artificial que protege seu cérebro, seu corpo é esbelto e, se formos pensar, transcende a ideia da sexualidade, pois aquele corpo, por mais lindo que seja, não passa de uma proteção mecânica que sustenta seu cérebro. Assim como o personagem Bateau, parceiro de Kusanagi, que possui uma estranha prótese no lugar de seus olhos, e como diz a frase "o olhos é a janela da alma", já paramos para refletir que alma é algo estranho para ele. Assim como Aramaki, que é um dos poucos humanos do Setor 9, e como dito pela Major, ele foi escolhido para que a previsibilidade de um robô não marcasse o esquadrão. Uma animação feita pelos detalhes, ao mesmo tempo em que há diversas reflexões há momentos de contemplação. Simplesmente INSANA!

Major Kusanagi
Bateau
O futuro é o ano de 2029, em que a tecnologia se expandiu sem nenhum controle, atingindo a níveis neurais, deixando o limite entre o real e o virtual muito difícil de ser definido. A habilidade de processamento de dados e a tecnologia presente na vida das pessoas cresceram de maneira absurda! É nesse ambiente que surge o criminoso "Puppet Master". Não é estranho pensar que essa história teve origem no Japão, um país que vive uma relação muito intima com a tecnologia. Nesse patamar o filme cyberpunk de Mamoru Oshii nos pega de jeito ao pensarmos o que faz de nós humanos e o que faz dos androides não humanos, pois se formos pela máxima renascentista do "penso, logo existo", todos os androides no enredo pensam e utilizam da reflexão, muito mais que alguns seres humanos apresentados na história, que são manipulados pelo chamado Puppet Master. Assim, a busca existencialista da protagonista Kusanagi  se mostra importantíssima para a trama, pois numa sociedade em que a tecnologia está tão naturalizada o que diferencia um robô e um ser humano

CENA DE WALKING LIFE (2001)
Nessa mítica cena de "Walking Life" de Richard Linklater conhecemos questionamentos sobre o que nos define como pessoa: memórias, história, informação...

Ser questionado por algo que você tem como a verdade base de sua vida é algo arrebatador... Por isso mesmo esse filme tem todos os méritos para aparecer no blog do Cine Tertúlia, e por isso mesmo, não é um filme que "desça fácil", pelo contrário, possui uma carga reflexiva gigantesca e a todo o momento nos sentimos necessidade de repetir uma cena ou voltar para outro plano. Memórias e vivências? O ato de pensar? Possuir uma alma? Podemos pensar em diversos argumentos que nos levem a defender nossa diferença perante os robôs, mas aqui nessa história, todos eles são destruídos de maneira genial e precisa, nos deixando sem nenhum argumento, coisa que só como uma boa obra de ficção distópica pode nos oferecer.

SACA SÓ ESSA CENA DO FILME
Dois minutos de pura explosão de mentes! Pode repetir quantas vezes quiser... Eu acho que repeti umas 5 vezes quando estava vendo o filme...
“- Forma de vida? Que ridículo! Não passa de um programa de auto preservação! 
- Com esse argumento, digo que o DNA que carrega não passa de um programa de auto preservação.” 
 

Com essa discussão não tenho como não mencionar o desconhecido filme “Automata” (2014) de Gabe Ibáñez (clique aqui) que aborda a busca de robôs não de sobreviver, mas sim de viver. Mas que tipo de vida seria essa? Que consciência de vida seria essa? Se o pensar leva a existir, eles querem viver intensamente! Descartes criou sua célebre frase no chamado Renascimento, aqui no filme de Ibáñez, o renascimento do homem se torna o robô, ou como exploramos de maneira maior sobre o "Homo Novus" (clique aqui).



Assim, não mais que necessário, a corrente existencialista (século XX) surge para compreender ainda mais a existência da humanidade. Se Descartes no século XVII queria, através de seu método, nos trazer uma verdade universal, aqui, os existencialistas, buscam compreender a complexidade do que é ser um ser vivo. Defendendo que existimos antes de tudo, afirmam que o ser humano não é nada, enquanto não fazer de si alguma coisa. Então, deste modo, existimos, depois pensamos, depois agimos, depois criamos robôs e depois eles nos darão mais questionamentos sobre o propósito da existência. Se os androides são humanos ou não isso será respondido na busca que farão de suas vidas. Precisamos realmente dessas diferenças? O que faz de nós humanos? Assim como a filósofa existencialista Simone de Beauvoir, em seu livro "O Segundo Sexo", defende que a mulher não nasce mulher, mas devido ao mundo machista, ela se transforma na forma/padrão que o mundo exige. Assim como a ideia do que é ser um ser humano, uma construção social de uma determinada época, variando pelas questões que levam a coesão social. O ser humano de hoje é diferente do que é um ser humano de 500 anos atrás, logo a sociedade nos padroniza para as questões de nossa época... E no futuro, que coesão será formulada com nossa relação cada vez mais próxima com a tecnologia? Esse filme é uma perspectiva do que podemos nos tornar.

TRAILER

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quinta-feira, 3 de março de 2016

Tertúlia Indica: "Eu Estava Justamente Pensando em Você" (Comet, 2014) de Sam Esmail.


Se apaixonar por alguém nos dá uma nova percepção de mundo, um novo gás para enfrentar nosso cotidiano em nome de algo que amamos. Essa nova visão de mundo muitas vezes cria mundos paralelos em nossa mente: podemos acreditar que o mundo está perfeito mesmo que estamos na pior das merdas ou crer que estamos no fundo do poço, sendo que estamos na verdade muito bem. Fazer um relato sobre um relacionamento que marcou parte de nossa vida, mexe com memórias e sentimentos, e os dois são passíveis de mutação... Nenhum dos dois são um concreto firme... Eles sofrem mudanças a todo o momento que o revivamos... Logo objetividade é algo que não encontraremos nesse filme.

+ Eu Estava Justamente Pensando em Você (Comet, 2014) de Sam Esmail


O hoje consagrado criador da série “Mr. Robot”, Sam Esmail, realizou esse filme que tem por uma meta até que simples e apresentada no início do filme: "Os seguintes eventos ocorreram ao longo de 6 anos (alguns em um universo paralelo)". Sim, Esmail irá nos mostrar seis anos de um relacionamento conturbado, que acredito ser inspirado em sua própria vida, mas que aqui é entre a personagem Dell (Justin Long) e Kimberly (Emmy Rossum), assim podemos ter em mente que podemos nos perder facilmente entre o que realmente aconteceu e o que a imaginação do diretor produziu, pois alguns eventos ocorreram em “um universo paralelo”, como alega a frase inicial. Isso mesmo! Possuímos nossas memórias, que foram criadas com base em nossas vivências, mas elas nunca serão estáticas, elas sofrem mudanças a todo o momento. Essa empreitada de realizar um relato cinematográfico de um período intenso entre amor e ódio entre um casal deve ter ser difícil... Tanto para o diretor, como para nós, espectadores. 

"Os seguintes eventos ocorreram ao longo de 6 anos (alguns em um universo paralelo)"
O filme já me conquistou ao ter em seu pôster referências a dois filmes INSANOS, “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” (2004) de Michel Gondry e “(500) Dias com Ela” (2009) de Marc Webb. E sim... Entre memórias e realidades, entre conciliações e rompimentos, o filme de Esmail consegue abordar temas presentes nos dois filmes citados e de maneira perfeita! A cena inicial em que Dell (Justin Long) repete várias vezes para si mesmo, “isso não é um sonho, isso não é um sonho!”, é uma boa preparação para o público... O que é real e sonho dentro dessa história seremos apenas nós mesmo que decidiremos... E muitas vezes torceremos como Dell, para que tal cena não cena um sonho e que outra seja apenas um sonho (ou um pesadelo). 

Kimberly (Emmy Rossum) e Dell (Justin Long)
Uma obra com uma narrativa não linear mostrando vários momentos do relacionamento do casal: o dia em que se conhecem, uma viagem a Paris, uma briga pelo telefone, um encontro em um trem e uma visita casual... Essa distinção se momentos faz jus a fotografia do filme, que em quase todo o filme apresenta seus personagens descentralizados (isso mesmo, nada de Wes Anderson por aqui, clique aqui e entenda). Fato que me faz indicar outro filme aqui nas referências, “Namorados Para Sempre” (Blue Valentine, 2010) de Derek Cianfrance, que apresenta o relacionamento de um casal, Cindy (Michelle Williams) e Dean (Ryan Gosling), de maneira não linear em que ao mesmo tempo em que os vemos se conhecendo e cheios de amor, vemos eles se odiando e com o relacionamento beirando ao fim. 

Uma das poucas cenas que nossos protagonistas estão centralizados.
Afinal, quando nos lembramos de um relacionamento ao lembrarmos os momentos bons, já os misturamos com os momentos ruins que vivenciamos... A linearidade vai por água abaixo nessa tarefa de relembrar, logo filme como “Brilho Eterno...”, “500 Dias...”, “Blue Valetine” e o tertuliado em questão não passam da mais pura atividade mental de uma pessoa comum. Diferenças, semelhanças e singularidades marcam relacionamentos e elas estão presentes no filme, que passa por momentos de drama, comédia e romance... Nos ambientes apresentados que vão desde um dia ensolarado até um quarto azulado em Paris, assim o filme se transforma numa viagem sensorial única, ao mesmo tempo em que é fascinante ela é dolorosa. O filme também é marcado por diálogos INSANOS, recomendo que assista com um caderninho do lado para anotar as falas mais marcantes, pois vou deixar esse prazer para você e não encherei você com mais SPOILER.


"Comet" consegue transpor a ideia do sociólogo Zigmund Bauman de modernidade líquida de maneira perfeita, nos mostrando um casal de pessoas céticas modernas, sem crença em amores fantásticos ou eternos, eles são apenas pessoas tentando se encontrar na chamada liquidez de nossa modernidade. Pois hoje, não há mais solidez de ideias ou de comportamentos, vivemos em constates transformações pessoais e nossos queridos protagonistas simbolizam isso muito bem, pois as intensas mudanças de espaço e tempo apresentados mostram as intensas mudanças que vivemos em nossa sociedade. 

TRAILER LEGENDADO

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