sábado, 31 de janeiro de 2015

TertúliaView: Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings, 2014) de Ridley Scott

Direção: Ridley Scott
Roteiro: Adam Cooper, Bill Collage, Jeffrey Caine e Steven Zaillian
Elenco: Christian Bale, Joel Edgerton, John Turturro, Aaron Paul, Ben Mendelsohn, Sigourney Weaver e Ben Kingsley

   Acho que muito da discussão em volta da religião, de crer ou não crer, gira em torno da divisão razão x emoção. Enquanto alguns não creem ou creem buscando ter uma visão mais racional outros simplesmente abraçam a crença, emocionalmente. Esta dualidade é um ponto que em vários momentos se mostra durante o filme. Você não verá o Moisés da bíblia, alguém que crê cegamente, mas alguém que é levado a crer e ainda assim questiona aquela crença. Neste movimento de não-crente para crente esse questionamento que de inicio é forte vai cedendo a um "será que é possível" "será que isso está mesmo acontecendo". Um momento que fica claro o questionamento é quando ele se pergunta por que Deus deixou seu povo sofrer como escravos no Egito por tanto tempo e do nada resolveu tomar uma atitude. Porém, ele irá se tornar o mediador de Deus para que ocorra essa libertação e também ocorra a sua, digamos, conversão. 

Quem precisa de Whatsapp!?

   Se o Moisés bíblico sempre está sendo guiado por Deus, o Moisés de Ridley Scott as vezes se vê entregue a próprio sorte tendo que tomar escolhas humanas, sem inspiração divina. E vamos deixar bem claro que Deus não aparece no filme. Apesar de Scott insinuar isso o que imaginamos ser Deus é somente um mensageiro, como o próprio Christian Bale fala durante o filme, e aqui vemos um pouco a própria barreira de Scott em relação a religião ao não buscar retratar Deus como carne. O filme em si passeia muito por essa dubiedade entre razão e emoção. Em que momento é o humano agindo, em que momento é o sagrado agindo, mas é mesmo o humano, é mesmo o sagrado. Estas dúvidas pipocam na cabeça e não sabemos realmente dizer se o filme é feito para quem crê ou para quem não crê, pois se essas duas pessoas forem ver o filme ambas sairão satisfeitas com o que viram. Ao mesmo tempo que vemos um Moisés humano, sendo levado pelos acontecimentos que ele não tem controle, em certos momentos questionamos se de fato esses acontecimentos são aleatórios, se de fato Moisés não tem o controle. 

Ciência explica?

   Outro aspecto interessante do filme que vem dessa relação razão e emoção é a questão da manipulação da verdade. A história é escrita por homens, porém a bíblia é escrita por homens ou homens inspirados por Deus? Quais foram os objetivos dessas pessoas a escrever a bíblia? O que eles queriam atingir com isso? Em várias outras religiões temos escrituras sagradas, como o alcorão, e todas elas tentam mostrar a existência do sagrado e, além disso, elas tem um amplo aspecto moral. Os próprios 10 mandamentos dado a Moisés por Deus mostram bem este aspecto. Porém as diferentes interpretações da bíblia seguem ou não certas regras ditas pela bíblia, como não aparar a barba para os judeus, não doar sangue para os testemunhas de jeová, ou a não adoração de imagens dos evangélicos em geral, tudo isso ignorado pelos católicos. Uma frase presente no filme deixa ainda mais intrigante esta questão da verdade. A caminho de Canaã, a Terra Prometida, Israel, Moisés pergunta "Hoje os povos judeus se unem na peregrinação. O que vai acontecer quando se assentarem?". E depois disso se segue a cena dos 10 mandamentos! BUM! Adeus cérebro. Porém, até aqui a dualidade continua, pois Deus está ali guiando Moisés ao escrever os mandamentos, mas você fica intrigado com essa ligação da frase com o que acontece depois. A fronteira entre razão e emoção fica muito clara na cena dos 10 mandamentos havendo um ponto final na crença de Moisés. Ali ele se decide do caminho que ele irá trilhar.

Me segurando pra não rir no cinema "VÉI! O MAR ABRIU NO MEIO VÉI!"

    Tentando fazer um filme bíblico, épico, realista, político, (SIM TUDO ISSO!), Ridley Scott brinca com a crença e a não crença e com cositas mas recentes, como a velha discussão do sionismo, Israel sendo Israel. São aquelas coisas que ficam muito subentendidas quando você é tragado pelos efeitos, pelas batalhas, pela ação que você é jogado pra li, para cá. Fazer um Moisés como uma militar foi uma saída para fazer um épico, deixar dúbio a relação do sagrado foi o jeito para agradar a todos.

Pastor, cajado?! Toma minha espada na sua cara modafoca!

CORRE NEGADA!

TRAILER


E ai, viu? Curtiu?
Comenta ai #AcreditenaGravata
FACEBOOK / INSTAGRAM
   

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Tertúlia Indica: Fausto - Um conto alemão (Faust - Eine Deutsche Volkssage, 1926)

Pagando de cult msm!!!! Hj o #TertúliaIndica é sobre Fausto (Faust, 1926) de F. W. Murnau, baseado na obra homônima do escritor alemão Johann Wolfgang Goethe.

Direção: F. W. Murnau
Roteiristas: Johann Wolfgang Goethe (peça) e Gerhart Hauptmann (título).
Elenco: Gösta Ekmann (Fausto), Emil Jannings (Mephisto), Camila Horn (Marguerite).

No filme, Mefisto aposta com um arcanjo que pode corromper a alma de um homem justo e destruir o que nele é divino. Se ganhar, o demônio irá dominar toda a terra. A partir daí, nos é apresentado Fausto, um alquimista que vive em um pequeno vilarejo. O demônio ataque o vilarejo de Fausto com uma praga terrível, que suplica ao céus que acabe com a praga e livre o vilarejo deste terrível infortúnio.



Como não é atendido, o alquimista queima seu livro de alquimia, assim como a bíblia - indicando que negou a ciência e a religião, que os abandonou. Nisto, um livro cai no chão e se abre sozinho, mostrando a Fausto como conseguir poder e glória a partir de um pacto com um demônio. E é quando a história se desenrola.





O que aprendemos com Fausto? Lembra a célebre frase utilizada por sua mão quando você faz merda: "De boas intenções o inferno está cheio". Então, é mais ou menos por ai a discussão do filme. Fausto, na tentativa de salvar o vilarejo da praga, aceita vender sua alma para ume demônio. Porém, o poder o sobe a cabeça e o que antes era altruismo se tornou narcisismo e avareza.


Emil Jannings e F.W. Murnau em Fausto.

Porque indico: Sem dúvida é uma obra clássica do cinema alemão. Com uma estética diferenciada e fotografia primorosa. Além de uma história que dispensa aprensentações - ainda mais se você assistiu o episódio De acordo com o Diabo do Chapolin Colorado.



Porque tomar cuidado: Para aqueles que não estão familiarizados com o cinema mudo preto e branco, o filme pode se tornar maçante e sem graça. Além do mais, não encontrei cópias com legenda em português. Então é necessário um domínio básico do inglês, nada além do que você usa nos video games.

NINGUÉM SEGURA ESSE DEMÔNIO!


O filme está disponível completo na internet, aproveite.

FILME LEGENDADO COMPLETO

Enfim, assista e nos diga suas brisas. Comente, compartilhe e nos siga no facebook e no instagram

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

TertúliaView: Assim na Terra como no Inferno (As above, So below, 2014) de John Erick Dowdle



Direção: John Erick Dowdle
Roteiro: Drew Dowdle, John Erick Dowdle
Elenco: Perdita Weeks, Ben Feldman e François Civil
  Eu te falei que eu sabia fazer um coelho

   O filme todo parte do mistério. Sim, simples assim. É o mistério do misticismo, o mistério das catacumbas, o mistério do desconhecido. Sendo guiado pela personagem principal somos levados a locais que somente estavam em nossa crença, na nossa tentativa de acreditar que nossa realidade é muito mais do que aparenta ser. Na nossa tentativa de dar sentido ao desconhecido criamos imagens para que ele não fosse tão assustador, porém e se nós deparássemos realmente com essas imagens que criamos? Esse é o ponto de partida de muitos filmes de terror e de fantasia, mostrar como encaramos aquilo que não existe quando ela está na nossa cara. Apesar que algumas dessas coisas estivemos falando a tantos anos, séculos, torcendo para que exista, quando nos deparamos com aquilo nem sempre as coisas dão certo ainda mais em um filme de terror. Monstros, fadas, lobisomens, vampiros, pé-grande, céu, inferno. Várias coisas criadas para explicar aquilo que não entendíamos, para confortar nossos medos, para não pirarmos em percebemos que o ser humano não é onipotente na face da terra, apesar da tradição ocidental ter colocado isso na nossa cabeça.
O plano superior e o plano inferior do título em inglês

   Porém, se o filme leva a questionar sobre essas questões ele não é exatamente assim uma Brastemp. O estilo found footage utilizado pelo filme, estilo inaugurado pela Bruxa de Blair (1999), incomoda. Não tanto pelo filme em si, mas pelo uso descontrolado que os filmes de terror tem feito desta técnica nos últimos anos. Tivemos ótimos filmes utilizando essa técnica como Bruxa de Blair, Atividade Paranormal (2007) e [REC] (2008), mas acho que já chegamos no limite. Podemos fazer ótimos filmes de terror sem ser desse jeito e filmes recentes como Invocação do Mal (2013) e The Babadook (2014) provam isso. 

Encare seu passado! 
   O filme como um todo é mediano, porém é muito interessante como o filme explora as representações de realidade que criamos e também como lidamos com nossos próprios medos e remorsos. A sequência final e a cena final do filme é de bugar o cérebro e com certeza é a melhor parte do filme! Eu não diria que é um filme assustadoramente assustador, mas é um filme que te é assustador e te deixa apreensivo, angustiado. E tudo isso somado ao ambiente claustrofóbico das catacumbas de Paris! Olha pra isso! Eu tenho medo só de olhar!



TRAILER


 Viu o filme? O que achou? Deixe seu comentário!
#ACREDITENAGRAVATA
FACEBOOK vs INSTAGRAM