quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

TertúliaView: "O Ano Mais Violento" (A Most Violent Year, 2014) de J.C. Chandor

O que faz um filme ser bom? Uma boa história... sim! Mas vamos além, a maneira como a história é contada faz valer qualquer coisa! Ter uma discussão interessante? Com certeza! Utilizar de um personagem em conflito com seus desejos e princípios, fazendo com que o público sinta empatia com essa contradição? FILME PERFEITO! É meu queridx tertulianx, sempre abolimos normas e fórmulas, como sempre dizemos, somos grandes veneradores da dúvida, mas confessamos, tais fatores acima citados nos fazem pirar como ninguém. Onde compro o ingresso?

+ O Ano Mais Violento (A Most Violent Year, 2014) de J.C. Chandor


O filme nos apresenta a vida de Abel Morales (Oscar Isaac), um imigrante que está em plena ascensão no ramo de distribuição de combustível, com o apoio de sua esposa, Anna Morales (Jessica Chastain), e de Andrew Walsh (Albert Brooks), vê sua empresa crescer com nunca. Estamos no ano de 1981, considerado um dos anos mais violentos da história de Nova Iorque... Decadência, corrupção, roubos, assassinatos ameaçam o bem estar da cidade e aos "homens de bem" que querem crescer na vida! Diante desse contexto Abel se vê dentro de uma investigação policial com acusações que ele alega serem falsas, já que seu ideal de vida honesta sempre esteve presente em seus negócios. 


Quando roubos de seus combustíveis se intensificam, as investigações policiais se tornam mais pessoais e sua última aquisição pode não ser concluída, será que Abel irá continuar com a imagem de cidadão honesto? Sua esposa desvia dinheiro da empresa, seus funcionários querem mais segurança no trabalho e o bem estar de sua família está cada vez mais ameaçado, como continuar com um princípio moral de ética? Diante desse panorama conflituoso, ao mesmo tempo que sua empresa está crescendo e tudo podendo ruir de uma hora para a outra, nosso protagonista entra num embate contra ele mesmo e suas convicções.


A história tem um ar muito de um filme de Scorsese, com suas cinebiografias, mostrando um homem que deseja ter tudo, mas que pode colocar tudo para perder. Ou como o INSANO "Sangue Negro" (2007) de Paul Thomas Anderson, em que conhecemos Daniel Plainview e a construção de um império do petróleo e suas consequências. Mesmo com tais semelhanças, J. C. Chandor nos apresenta uma história original, nos fazendo sentir a cada cena a pressão que está caindo sobre Abel. Construindo toda a narrativa com base nas lacunas deixadas, nas cenas em que nos perguntamos se aquilo é o correto, segundo a perspectiva de nosso protagonista. 


Diante disso, o diretor e roteirista, nos apresenta a ideologia meritocrática do Sonho Americano como uma mentira que pode ter consequências até na vida pessoal. Mas o interessante de compreendermos esse passado de mais de 35 anos é tomarmos consciência de como se formou a sociedade que hoje fazemos parte, com todo seu individualismo e ignorância. Pois, mesmo que nos surpreendamos com diversos casos de violência, ainda sim nosso objetivo será o pessoal, a nossa tão almejada estabilidade econômica para o consumo desejado. A violência? Ela se tornou vulgar e cotidiana... Assim como nossa busca pelo sucesso! "Não, espera ai! Eu sou só um homem honesto, que deseja crescer na vida"... Bem são as mesmas palavras de nosso amigo Abel. Nós somos todos os vilões história? Não! Mas, assim como ele, estamos longe de ser o mocinho.

SPOILER ZONE! CUIDADO!



Para demonstrar toda essa discussão numa única cena temos a mítica cena final, que é tão espetacular que me deixou paralisado por uns 10 minutos. SACA SÓ O CONTEXTO! Abel consegue se livrar dos bandidos, dos promotores e finalmente conclui a compra de seu novo ponto de distribuição, o que dará a ele status de maior distribuidor da região. Ele, sua esposa e Walsh olham para o horizonte e falam como é bonita a cidade de Nova Iorque. LINDU DEMAIS! Mas estamos num filme de J. C. Chandor, horizontes belos não existem aqui! Desse modo esse linda cena é interrompida por Julian (Elyes Gabel) e seu descontentamento com tudo que está acontecendo: por que Abel pode ser rico e ele não? Afinal, trabalhou e sofreu mais que seu chefe! Logo decide se matar, o tiro atravessa sua cabeça e atinge um tanque de petróleo. Assim, o cenário master está construído: uma cabeça explodida com sangue e um tanque com um furo vazando óleo... Abel corre com um pano para conter o vazamento e sem mais comentários sobre o ocorrido chama a polícia... FORTE NÃO?
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END OF SPOILER ZONE!


TRAILER LEGENDADO
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