quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

TertúliaView: Doador de Memórias (The Giver, 2014) de Phillip Noyce

No ‪#‎TertúliaView‬ de hoje:

Doador de Memórias (The Giver)
2014
Diretor: Phillip Noyce
Roteiristas: Michael Mitnick, Robert B. Weide, Lois Lowry
Elenco: Jeff Briggs, Meryl Streep, Brenton Thwaites, Alexander Skarsgård, Katie Holmes, Odeya Rush, Taylor Swift (precisava mesmo?), Cameron Monaghan

 
O filme se baseia no livro homônimo de Lois Lowry, O Doador de Memórias. Porém, sabe como é né, livro é livro e filme é filme. Mas o sentido da mensagem aparece em ambos, só que enquanto um é mais literal o outro é mais subjetivo. Dá pra adivinhar qual é qual?

A história relata a vida de Jonas (Brenton Thwaites) numa comunidade utópica/distópica. Os sentimentos não são reprimidos, mas controlados. Precisão na hora de se comunicar e se relacionar com os núcleos familiares. Desenvolvimento tecnológico, prosperidade comunitária e um bem geral. A história toma foco na graduação dos jovens (não existem aniversários, mas graduações, tipo graduação dos 11, graduação dos 12 e por aí vai e todos ao mesmo temo, sem individualidades), cada graduação concede uma etapa na vida dentro da comunidade. No caso de Jonas seria sua função, seu “emprego”. Ele é agraciado pela honraria de ser o novo “recebedor de memórias” é partir de então que ele entra em contato com o “Doador” (Jeff Briggs). A ideia a ser passada é como a memória traz questionamentos dentro da sociedade. Como ela influi nossas ações, pensamentos e até mesmo quem somos, afinal, nós somos aquilo que lembramos ser. Sem memória quem seriamos?

A memória é sempre passiva de debates, muitas vezes por meios mais racionais presos a ausência de sentimentos. Concordamos que faz sentido e também é muito importante a vermos sobre essa ótica. Mas no “Doador de Memórias” traz à luz uma questão da História como desencadeadora de sentimentos e como isso não só influencia mas também é peça essencial para uma sociedade que busca um convívio perfeito. A própria definição de perfeito entra em jogo. Como definir o que é certo e errado se não tivermos uma balança moral baseada nas nossas afetividades com relações ao nosso viver? Como encararíamos a morte sem saber o que é viver? Como viveríamos sem saber o que é morrer? As relações de amor, carinho, ódio, raiva existiriam?

Viajando um pouco (afinal é o que nós fazemos aqui) me lembro de “Anjos e Demônios” de Dan Brown (estamos nos atendo ao livro dessa vez) e como a discussão entre Vitória Vetra e o diretor do CERN, Maxmilian Kohler, sobre a questão de como a ciência não erra, os números e o pensamento lógico são, de fato, perfeitos. Esse era o ponto de Kohler, enquanto Vetra uma bióloga (aí a importância da ligação com a vida) concorda com essas questões, mas nos lembra de que a ciência não tem consciência moral. Até mesmo nesse ponto, da perfeição, o sentimento, os valores morais devem ser levados em conta para chegar ao ponto de consenso.

Por fim, esse filme, deve ser assistido e prontamente discutido. Ele é sensacional pra reavaliar nossas estruturas, nossas vontades, razões e afetividades. Pra quem já assistiu e/ou leu o livro sabe que o final é um pouco estranho... Tanto no livro quanto no filme o final é “igual”, porém no filme se torna mais literal enquanto o livro nos deixa a dúvida. Muito porque o Doador faz parte de uma série de quatro livros e isso faz com que o filme se torne mais literal tentando atiçar o consumo de uma possível nova franquia de filmes.

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2 comentários:

  1. Assistindo esse filme também me veio a cabeça a questão da relação dos regimes totalitários/autoritários com a memória. Quer dizer, a memória não foi banida totalmente da sociedade, ela eh controlada pelo regime. Utilizada para controlar os que não a possuem por aqueles q a detém. Mas vai além no sentido de apresentar o detentor de memórias (o historiador, acho q não tem como não pensar nisso) como alguém essencial para a sociedade no sentido de olhar o passado, interpretá-lo e definir o que sue quer para o futuro. E também relacionar isso com as emoções, pois se falamos de memórias, falamos de vivências e de emoções sentidas, o que deixa o ofício do historiador mais complicado ainda, pois mexemos com vidas - msm se não existem mais. O problema eh o caminho escolhido. Naquela sociedade, cessando as emoções, por medo de ser algo nocivo. Ao contrário de se aceitar as emoções, entender q são nocivas de fato e ter isso em vista para que não se ocorra catástrofes, aumentando a empatia entre as pessoas, não as cessando.

    O filme me empolgou no começo, essa discussão eh sensacional. Mas olhando com calma, o final eh "feijão com arroz", não li o livro, mas eh aquela msma pira q tive anos atrás: "finais felizes pra mim não trazem o ímpeto de mudança". Mas a fotografia do filme e algumas atuações (como do Jeff Briggs) são foda pa caralho. Acho q me empolguei pelo lance de estudar história e também pq o filme consegue me cativar nesse lance de vivências e buscar um mundo melhor. 3 gravatas de 5 pra mim rsrs

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    1. Pode cre... o lance das cores para mim foi o que me conquistou... gradativamente que Jonas conhecia as memórias, gradativamente ele olhava para seu mundo com outros olhos... e a questão das cores no filme ficou sensacional!

      Mas para esse filme sair do "feijão com arroz," como você mesmo falou, falou ser mais ousado... putz, tinha uma Brigdes uma Streep... mas acho que faltou essa luta de Jonas por compreensão na produção do filme... concordo com vc: 3 gravatas!

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