Direção: Gary Shore
Roteiro: Matt Sazama, Burk Sharpless, Bram Stoker.
Drácula: A História Nunca Contada traz uma proposta
interessante e aparentemente original para a já desgastada indústria
cinematográfica hollywoodiana. Como o próprio nome sugere, o filme tem por
objetivo apresentar uma versão nunca vista nos cinemas de um dos principais -
se não o principal - monstro dos filmes ocidentais, o conde Drácula. Na
película, Drácula é o conde Vlad Tepes, príncipe da Transilvânia, que governa a
região com um acordo de paz com os turcos que pede tributos para respeitá-lo. De
fato, conde Vlad III existiu e ficou conhecido por sua política de
independência perante os Turco-Otomanos, que ameaçavam a Europa no século XV, e
pelas suas atrocidades para com seus inimigos. A partir daqui, esquece-se a inspiração
histórica e parte-se para o faz de conta hollywoodiano.
O lider otomano, Mehmed |
Porém, dessa vez Vlad decide não
acatar a ordem de Mehmed e prefere partir para o confronto com os temíveis otomanos
do que entregar seu filho e os filhos de seus súditos, destruindo milhares de
famílias. Percebemos então tema que Hollywood adora explorar: a família. Esta
instituição que deve ser preservada a qualquer custo. Não tenho nada contra as famílias,
porém se fosse para seguir a proposta do filme de se basear historicamente, o
correto seria mostrar um monarca que pouco ligaria em entregar seu filho para
outros reinos, tendo em vista que a instituição família como conhecemos é muito
recente, talvez não tenha dois séculos de existência. Isso se torna claro
quando analisamos casamentos entre membros da realeza, onde o que valia era a
aliança política firmada e não o amor entre o casal. Mas ao mesmo tempo também
não podemos apenas crucificar o filme pelo seu "erro", pelo fato do
filme ser um documento que carrega significações e visões de mundo, restando
para nós procurar compreender as motivações dos diretores, produtores e
estúdios para apresentar tal visão. Neste caso fica claro: Hollywood tem um
compromisso em difundir a moral e os bons costumes norte-americanos, e a
família é uma deles.
Voltando ao filme, Vlad então precisa encontrar uma forma de proteger sua família e seus súditos do ataque otomano que viria a seguir. Para isso ele decide então fazer um pacto com uma criatura das trevas, o primeiro vampiro, que vivem em uma caverna nos arredores da Transilvânia. Se aproximando do doutor Fausto, da obra de Johann Wolfgang von Goethe, Fausto, Vlad então sacrifica sua humanidade para conseguir poder e salvar a todos, da mesma forma que Faust o faz para salvar sua cidade da grande epidemia. E da mesma forma Vlad sucumbe ao pecado, não pelo pecado da vaidade, como o personagem de Goethe, mas pela melancolia, o quinto pecado segundo Evrágio de Ponto, monge cristão, por não conseguir salvar sua mulher nem sair vitorioso contra os turcos.
Voltando ao filme, Vlad então precisa encontrar uma forma de proteger sua família e seus súditos do ataque otomano que viria a seguir. Para isso ele decide então fazer um pacto com uma criatura das trevas, o primeiro vampiro, que vivem em uma caverna nos arredores da Transilvânia. Se aproximando do doutor Fausto, da obra de Johann Wolfgang von Goethe, Fausto, Vlad então sacrifica sua humanidade para conseguir poder e salvar a todos, da mesma forma que Faust o faz para salvar sua cidade da grande epidemia. E da mesma forma Vlad sucumbe ao pecado, não pelo pecado da vaidade, como o personagem de Goethe, mas pela melancolia, o quinto pecado segundo Evrágio de Ponto, monge cristão, por não conseguir salvar sua mulher nem sair vitorioso contra os turcos.
Buscar
a figura do Vlad histórico é representar uma figura de poder que tornar a
violência um fetiche. Em cenas grandiosas, Vlad, já encarnando os poderes vampirescos,
massacra milhares de otomanos como se não fossem nada, se tornando um monstro
para espantar seus inimigos. Pois apenas monstros, aquilo que é
incompreensível, que amedronta os homens. Resgatar a figura de Vlad III, O
Empalador, é um prato cheio para Hollywood encenar a violência de uma forma tão
banal quanto a representada pela frase "que os jogos comecem",
repetidas ao longo da película.
"Porque homens não temem espadas. Temem monstros" |
Nenhum comentário:
Postar um comentário