No #TertúliaView
de hoje vamos fazer uma viagem para o Oriente Médio, mais precisamente o
Irã, sugerimos que deixe seus preconceitos de lado e embarque somente
com uma mala vazia, pois recomendamos uma mente aberta pois na volta
muita insanidade estará na sua cachola!
+ FORA DO JOGO (آفساید ,2006) de Jafar Panahi
Poster do filme "Fora do Jogo" |
Afinal o que tem no Irã fora desertos, muçulmanos fanáticos e bombas?
É, as vezes no nosso círculo de vida está lotada de certezas e lógicas
que são carregadas de preconceito. Então, ao simplesmente colocar um de
nossos pés do lado de fora disso tudo nos surpreendemos facilmente. Pelo
simples fato de ser uma atitude inusitada, um mundo até então somente
imaginado, que está perdido em meio da enxurrada de experiências
repetitivas.
Assim, ao englobarmos o filme "Fora do Jogo" de Jafar Panahi à nossa tertúlia de hoje, abandonamos a condição de ele ser "um
ótimo filme iraniano", para se tornar simplesmente "um ótimo filme" e,
porque não dizer, necessário para se entender o que existe por trás de
um regime religioso inibidor existente no Irã. Existe vida ali???
Afinal, a vida se faz possível até em condições difíceis, ou como diria o
escritor Leo Buscaglia, "um homem livre é livre mesmo na mais escura
das prisões." A consciência de estarmos vivos, até mesmo no Irã, faz
vermos a vida como um horizonte de possibilidades.
Assim
acredito poder ter realizado uma boa intro em nosso tertúlia de hoje, um
filme que para nós ocidentais, dentro do nosso pequeno círculo, traz
uma situação inédita ao nos apresentar garotas tentando driblar a
fiscalização que proibi sua entrada em estádios de futebol. Mas
que merda de jogo é esse que todos querem assistir, até mesmo as pessoas
proibidas de vê-lo? Foi um jogo que realmente aconteceu, Irã vs.
Bahrein nas eliminatórias para Copa de 2006 na Alemanha. Num é coqué
bosta, né?
É nesse momento que o filme se revela genial. Ele aproveita o
simples fato de um jogo de futebol para fazer nossas cacholinhas
pensarem, como também para realizar algumas filmagens no dia do jogo! A
partir dai o filme de Panahi nos revela um governo cheio de leis
para reprimir qualquer tipo de manifestação, em que vemos até seus
próprios soldados não saberem realmente o que fazer e nem o porque de estar
fazendo aquilo. O filme pode até parecer simples, mas chega no seu auge
ao demonstrar o momento de classificação do Irã para a Copa (num é
spoiler mané, a Copa de 2006 já passou e você já viu), ao nos mostrar
uma população tão submetida a regras ter um momento de intensa alegria,
em que a liberdade no simples ato de comemorar a vitória é o momento que
a razão e as regras são deixados de lado.
Uma das cenas gravadas durante o jogo. |
Ao final do filme
você pode até pensar no motivo do por quê mulheres não podem entrar em
estádios, motivo não apresentado no filme, a não ser numa pequena
conversa entre um das aprisionadas e um soldado, em que não conseguimos
tirar conclusão nenhuma sobre.
"- Por que as mulheres não podem entrar e sentar-se com os homens?
- Por que as japonesas podem ver a partida Japão-Irã aqui?
- São japonesas.
- Então, meu problema é que sou iraniana?
[...]
- Então, os insultos são o problema?
- Não, não só isso.
- Um homem e uma mulher não podem sentar-se juntos.
- Por que podem no cinema e no teatro?
- É diferente.
- Por que é diferente? Além do que, está escuro.
[...]
- Se viu algo assim, deviam ir com suas famílias.
- Então, se viéssemos com nossos irmãos ou pais, nos deixaria entrar?
- Não, eu não sou o chefe!
- Está gritando outra vez."
E os soldados hein... são representados de maneira perfeita, como
humanos cheios de dúvidas e desejos, não de maneira dualista em que
seriam carrascos sem coração. Mesmo mulheres e soldados estando
insatisfeitos com o governo eles ainda sim torcem para seu país, um
paradoxo que somente vivendo um momento assim para compreendermos. O
diretor aproveita desse paradoxo e ao nos deixar acompanhando essas
mulheres junto aos soldados nos dá a liberdade de tirarmos nossa
conclusão disso tudo.
E ai, está afim de sair do seu círculo?
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