terça-feira, 2 de dezembro de 2014

TertúliaView: "O Segredo dos Seus Olhos" (El Secreto de sus Ojos, 2009) de Juan José Campanella.


Cena inicial SENSACIONAL do filme!
Ahh o passado, esse cara é algo definidor de nossa vida hein. Com base nele é o que somos hoje, ou seja, somos frutos dessa árvore, deste modo ele não é algo que podemos simplesmente apagar sem perdermos algo de nós mesmo, pois nosso presente vem desse mesmo cara... Isso não quer dizer que eu defenda uma exaltação dele, mas sim um reconhecimento e um confronto... "Enfrenta-lo? Mas ele não seria nossa árvore, nossa origem?" Sim! E até digo mais... Temos que enfrentar a nós mesmos.



+ O Segredo dos Seus Olhos (El Secreto de sus Ojos, 2009) de Juan José Campanella.
Poster de "O Segredo dos Seus Olhos"
O filme começa de maneira perfeita: com memórias - memórias de nosso querido Benjamín Esposito, interpretado pelo sempre presente Ricardo Darin -uma memória de uma partida... de um romance... de uma brutalidade... Afinal qual delas é a VERDADE? No decorrer do filme descobrimos que todas são a VERDADE, ou melhor, partes de uma verdade, diferentes perspectivas de um fato. Que não sai das lembranças de Esposito, pois esse passado marcou ele de maneira tão intensa, que mesmo estando aposentado e velho, ele não consegue esquecer. Assim, agora aposentado, decide colocar essa lembrança no papel, quer escrever um livro sobre... Mas é aquela história: mexer com o nosso passado é mexer com seus frutos, é mexer com nós mesmos.





De tal modo conhecemos que ele foi um grande investigador, batendo de frente com as burocracias do sistema de justiça, sempre se dedicando ao máximo em seu trabalho. É nesse contexto que fica encarregado de um brutal caso de abuso sexual, que irá marcar tanto sua vida como de seus colegas de trabalho. E nesse momento que decide escrever um livro sobre isso, faz algo que nunca teve a mesma coragem de fazer: enfrentar a si mesmo - assim como enfrentava o sistema de justiça! E do mesmo modo que falei, enfrentar seu passado é como lutássemos contra nós mesmos.


Ricardo Darín e Guillermo Francella.
Mas a genialidade do filme não para ai, ao analisarmos o roteiro do filme, ele é genial por "brincar" com as expectativas do espectador. Quando estamos numa cena cheia de suspense ele é quebrado com um evento cômico, quando estamos num momento tenso ele se rompe com algum romance... Assim o filme passa desde uma narrativa policial até uma história de humor. Acredito assim como temos diversas vivencias em nossa história temos diversos tipos de lembranças, não temos uma vida só de tristeza, nem só de tensões, mas sim de uma infinidades de maneiras que transformam o nosso viver em algo quase surreal. Os enquadramentos não deixam nem um pouco a desejar, como por exemplo na cena em que Esposito e Morales conversam na estação, em que ela se move e mostra o clima de justiça impossível que paira no ar, ou melhor ainda, na cena do Estádio Tomás A. Ducóde Avellaneda em que mostra um plano único para uma das mais INSANAS perseguições do cinema, com todo um estilo de Gaspar Noé e de Alfonso Cuarón. FIQUE COM O VÍDEO ABAIXO


Mas o filme se atem sempre a questão de um homem que enfrentou a tudo, menos a si mesmo, assim nessa nova tentativa de olhar seu passado virão novas interpretações, novas memórias serão criadas (lembre-se a memória nunca é estática, está sempre em movimento). Como ele mesmo diz: 

"Como pude não ter feito nada? 
Há 25 anos que me pergunto, 
e há 25 anos que respondo a mim mesmo: 
'foi outra vida, já passou... não pergunte, não pense.' 
Não foi outra vida... foi esta! 
É esta! Agora que entendi isso..."



Veja só que INSANO, nosso querido Benjamín Esposito decide fazer aquilo que sempre teve medo de fazer: reconhecer que seu principal adversário nada mais é do que ele mesmo! E logo percebe que a desculpa de seu "inimigo" ser algo que já aconteceu, não quer dizer que não possa afronta-lo... Sim, isso mesmo! Afrontar suas raízes, pensar sobre aquilo que você era e o que você acreditava, refletir sobre ele é algo MUITO surreal (vide o intenso "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" de Michel Gondry), assim como o personagem Morales alega para Esposito.


"Não fique mais imaginando, não fique pensando 
no que aconteceu, no que não aconteceu...
senão vai ter mil passados, e nenhum futuro. 
Não pense mais, não vale a pena. 
Fique somente com as lembranças."



Portanto vemos que muitos consideram a memória como algo indiscutível, "aconteceu e só"... Mas o filme de Campanella vai além da discussão se ela pode ou não ser discutida, mostra  como cada personagem se relaciona com esse fato, com essa lembrança cheios de sentimentos relacionados: amor, afeto, dedicação, ódio, aversão, animosidade, vingança, desafronta e etc. Somos seres humanos, não somos rótulos de SIM ou NÃO, somos seres em constante transformação, ao enfrentarmos nosso passado, acreditarmos no presente e imaginar um novo horizonte algo de novo surgirá. O que? Sinceramente não sei! E assim o filme termina de maneira cômica e perfeita! De um "TEMO" para um "TEAMO".

"- Tenho que falar com você.
- Vai ser complicado!
- Não me importa!
- Feche a porta!"

TRAILER LEGENDADO
clique aqui


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