quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

TertúliaView: "Linhas de Wellington" (2012) de Valeria Sarmiento

 

Direção: Valeria Sarmiento
Roteiro: Carlos Saboga
Elenco: Nuno Lopes, Soraia Chaves, Afonso Pimentel, John Malkovich

   Se 1808 para o Brasil é a chegada da família real, para Portugal é o início de uma guerra que irá se estender até 1814 e irá destruir o país. Essa é a história que Linhas de Wellington traz as telas. Com a ausência do rei e em consequência da guerra de invasão das tropas napoleônicas, Portugal é uma sociedade desestabilizada: pessoas perdidas, sem rumo, sem passado. Focando na marcha de pessoas o filme é marcado pelo passageiro. E essa marcha segue rumo a Lisboa, onde uma fortificação poderia salvar do invasor.

Xavier e Zé Maria, a trama que atravessa todo o filme

   O filme foca sua trama no soldado português Sargento Francisco Xavier e na sua marcha, na sua jornada por essa terra arrasada de corações e mentes. Porém, durante o filme muitas outras história surgem e por alguns momentos "roubam" a centralidade de Xavier. Porém, é um meio de mostrar a diversidade do impacto da guerra em várias pessoas de variadas origens.

John Malkovich
   Talvez o oposto de Xavier seja Sir Arthur Wellesley, duque de Wellington, interpretado por Jon Malkovich. Suas poucas aparições são pontuais, críticas, e até cômicas, como os diálogos que ele traça com o pintor Lévêque fazendo considerações sobre as obras retratando a campanha inglesa (As pinturas tinha que ser heroicas, não mórbidas). Porém se os antagonistas são os franceses, o filme não deixa claro que os ingleses  também não sejam. Quem é realmente o invasor? O que parece surgir é uma guerra de 3 lados: francês, inglês e português. Poucas são as batalhas que são mostradas no filme. O centro do filme é a marcha da população para as fortificações, as Linhas de Wellington, e os franceses no encalço deles. O filme esta mais focado na realidade do povo português e o sofrimento, os dramas que se desenrolam naquela guerra: a perda, a rejeição, a desilusão. Mas também tenta construir em cima disso um heroísmo do povo português, a união e solidariedade que pode surgir do caos, a capacidade de se defender e a capacidade de seguir em frente apesar da terra arrasada, apesar do cerco de seus inimigos, apesar de ter sido deixado pelo rei. 
   Não deixa de ser interessante olharmos além-mar e compreendermos um pouco a história de Portugal. Filmado em 2012 o nome do filme faz menção ao conjunto de fortificações que impediram o avanço das tropas napoleônicas sob Lisboa. Por ser um filme de guerra podemos pensar que o clima do filme é pesado, porém, o filme sempre culmina em alguma cena de descontração ou de comemoração e a mensagem final é de esperança. Olhar além-mar volta a uma história que julgamos considerar, mas aqui já teima em se afastar.

Forte de São Vicente, Torres Vedras (Dica de viagem com Tertúlia)

TRAILER


Assine nosso Feed para receber as últimas atualizações
Siga o Tertúlia no Facebook e no Instagram
ACREDITE NA GRAVATA!

Nenhum comentário:

Postar um comentário