sábado, 6 de dezembro de 2014

Tertúlia Análise: O Cinema Catástrofe

EXPLOSÕES.... EXPLOSÕES... EXPLOSÕES! É DISSO QUE GOSTAMOS NO FINAL!

Afinal que motivo nos leva a assistir um filme? Já parou para se perguntar isso? Afinal de contas em uma vida tão padronizada como a vida moderna, as aventuras, as emoções são deixadas de lado em nome de algo dito maior. Onde nós encontramos nossas aventuras? No cinema! No conforto de um lugar seguro vivemos nossas mais emocionantes aventuras... Não é à toa que muitos defendem a ideia do cinema como sinônimo de VIDA, por fazer nascer em nós tais emoções!

+ CINEMA CATÁSTROFE

Quanto mais catástrofe... MELHOR!
Assim não há nada mais "perigoso" do que assistir um filme sobre catástrofes! Sobre algo que ameaça a existência de pessoas - com personagens sempre interpretadas por atores populares, deixando a empatia do espectador bem mais fácil. Podemos apontar como características desse gênero o aspecto apocalíptico, o melodrama, cenas de ação e muitos efeitos especiais, tudo para aumentar a tensão. Afinal, você está pagando por essa aventura não? E a partir dai o roteirista lança na história somente elementos para causar o pânico: acidentes nucleares ou naturais, incêndios, terremotos, alienígenas... Tais elementos não variam muito, pois os filmes do gênero costumam possuir roteiros muito semelhantes. 
O planeta Terra sendo atingido por um meteoro... cópias dessa premissa é o que não falta!
Muitos acreditam que tal gênero surgiu na década de 1970, nesse período o mundo passava por intensas mudanças de opinião, sendo o resultado da década de 1960 com todos seus movimentos de contestação. E mesmo com a Guerra Fria chegando a níveis de apaziguamento, com diversos acordos entre URSS e os EUA, a Guerra do Vietnã provava que ainda uma intensa Guerra entre o capitalismo e o comunismo era possível.

Uma 3ª Guerra Mundial era fácil de se esperar...
O cinema, como reflexo dessa realidade, apresentou diversos filmes que quebram com um discurso hegemônico presente até então, conhecemos "Laranja Mecânica" (A Clockwork Orange, 1971) de Stanley Kubrick, "O Último Tango em Paris" (Ultimo tango a Parigi, 1972) de Bernardo Bertolucci e "Taxi Driver" (1976) de Martin Scorsese que apresentam discussões até então ignoradas. Surgindo também diversos filmes do gênero de terror como "O Exorcista" (The Exorcist, 1972) de William Friedkin, "O Massacre Da Serra Elétrica" (The Texas Chain Saw Massacre, 1974) de Tobe Hooper, "Tubarão" (Jaws, 1975) de Steven Spielberg e "Carrie, a Estranha" (Carrie, 1976) de Brian De Palma. Nesse ambiente aparece um "Apocalypse Now" (1979) de Francis Ford Coppola, com uma crítica feroz da INSANIDADE da guerra, assim como "MASH" (1970) de Robert Altman. Guerra? Quer algum resultado mais coevo dela no cinema do que "Star Wars" (1977) de George Lucas? São filmes chave para entender esse período, pois a espera de uma catástrofe em meio esse espaço de experiência torna-se comum em ambientes conservadores. 

Com uma galerinha dessa questionando tudo o que uma sociedade tinha de certeza dogmática, algo de merda era esperado pelo futuro.
Assim o primeiro longa considerado explicitamente um filme catástrofe foi "Aeroporto" (Airport, 1970) de George Seaton - muitos consideram "Metropolis" (1927) de Fritz Lang como o primeiro filme catástrofe. Temos "Inferno na Torre" (The Towering Inferno, 1974) de John Guillermin, contando a história do maior edifício do mundo, com 138 andares, mas só que especificações não foram seguidas e o pior acontece: um incêndio começa (conta com Paul Newman e Steve McQueen, dois atores muito populares da época), refletindo muito bem o imaginário daquele período, em que se construiu uma "sociedade perfeita" (décadas anteriores) mas só que especificações não foram "seguidas corretamente" (questionamentos da década de 1960) fazendo com que florescesse o sentimento de perda total, a "queima" dos valores que muitos defendiam (década de 1970). Valores abatidos como se fosse por uma onda gigantesca, apresentada em "O Destino do Poseidon" (The Poseidon Adventure, 1972) de Ronald Neame, com Gene Hackman e Ernest Borgnine, em que um transatlântico de luxo é atingido na véspera de Ano Novo por uma onda gigantesca, "onda" essa que virou a sociedade americana (e o navio do filme) de cabeça para baixo. E se estamos falando de valores nada melhor do que chamar Charlton Heston, símbolo do conservadorismo estadunidense no cinema, para fazer "Terremoto" (Earthquake, 1974) de Mark Robson, mostrando uma sociedade totalmente doentia, beirando a explosão.

Expectativas da galera conservadora da galera da década de 1970.
Mas o cinema catástrofe não aconteceu somente na década de 1970, voltando com toda a força na década de 1990, com grandes desenvolvimento das técnicas de efeitos visuais, com filmes que retratam o mundo a beira do fim como "Fim dos Dias" (End of Days, 1999) de Peter Hyams ( tocando o terror no role!), "Impacto Profundo" (Deep Impact, 1998) de Mimi Leder e "Armageddon" (1998) de Michael Bay, como também filmes em homenagens/paródias como "Marte Ataca!" (Mars Attacks!, 1996) de Tim Burton e "Titanic" (1999) James Cameron ou persistindo na catástrofe natural como "O Inferno de Dante" (Dante's Peak, 1996) de Roger Donaldson, "Twister" (1996) de Jan de Bont e "Volcano" (1997) de Mick Jackson. E surge um tal de Roland Emmerich que nos traz filmes como "Independence Day" (1996) e "Godzilla" (1998).

Galera sempre nas ruas causando hein...
Sendo um período de grande apreensão para com o futuro no mundo inteiro, afinal é a última década do milênio... O que fizemos até agora? Na memória recente das pessoas: 2 guerras e outros confrontos que somente aumentaram tensões. A partir desse espaço de experiência nossas expectativas se tornaram cada vez mais baixas. Com o colapso da URSS, parecia que toda a esperança de um sistema alternativo tinha ido por água abaixo, assim grupos de contestação se tornaram cada vez mais ambíguos desde o superficialismo e o consumismo até a militância ambientalista e antiglobalizante.

Muito Nirvava...
Mas e hoje... Como estamos? Ainda temos Roland Emmerich com filmes de destruição total como "O Dia Depois de Amanhã" (The Day After Tomorrow, 2004) e "2012" (2009) ou ainda "O Núcleo" (The Core, 2003) de Jon Amiel, "Presságio" (Knowing, 2009) de Alex Proyas que resgata a "perfeita" sociedade de 1950 com profecias catastróficas. Mas temos a genialidade da adição de novas características, assim aparecem filmes como "O Impossível" (Lo Imposible, 2012) de Juan Antonio Bayona, "Além da Vida" (Hereafter, 2010) de Clint Eastwood, 4:44 - O Fim do Mundo (4:44 Last Day on Earth, 2011) de Abel Ferrara e Tres días (2008) de F. Javier Gutiérrez que mesmo sendo filmes catástrofe possuem um sentimentalismo inédito... MAS... E AI... O QUE ESPERAMOS PARA O NOSSO FUTURO?
E quais são as nossas expectativas para nosso futuro? Um feliz horizonte com em muitos filmes Hollywoodianos ou muita morte e destruição como a galera conservadora na década de 1970? Tá afim de uma alternativa? Também!

PS: Para curiosidade alheia comecei a pirar nessa brisa ai em cima vendo o filme "O Enxame" (The Swarm, 1978) de Irwin Allen.

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