terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Tertúlia Indica: "Expresso do Amanhã" (설국열차, 2013) de Joon-ho Bong


Direção: Joon-ho Bong
Roteiro: Joon-ho Bong e Kelly Masterson
Elenco: Chris Evans, Jamie Bell, John Hurt, Tilda Swinton, Song Kang-Ho, Ed Harris

    Se você quer ver um filme pra ficar fulo da vida com a exclusão social que presenciamos todo dia nas ruas, nas favelas, esse é o filme. Durante a história fica mais claro a analogia, porém podemos perceber logo no início que o trem em que eles estão, e tem motivos muito loucos para eles estarem nesse trem, apesar de não ficar muito claro como eles chegaram ali, é uma analogia da sociedade atual. Temos os ricos que comandam o trem, temos os soldados e temos os marginalizados, os excluídos, que ficam no último vagão. A exclusão destes marginais gera uma situação de miséria extrema em que eles são entregues a própria sorte, mas mesmo assim devem estar agradecidos por terem sido salvos. Jogados naquele espaço minúsculo e imundo o ser humano se encontra com seu lado mais primitivo, o instinto de sobrevivência, e lembramos que o homem é o lobo do homem (!) (?). E além disso a violência e a coerção dos ricos lembram que eles não devem reclamar e sim agradecer por estarem vivo, mesmo nas piores condições possíveis.
   Esta situação extrema em que os marginalizados são colocados ainda alimentam a motivação do nosso herói, Chris Evans. Motivado pelo remorso do passado ele busca liderar estas pessoas para escapar daquela realidade, daquela realidade. No decorrer do filme conhecemos o trem e percebemos as múltiplas realidades em camadas horizontais de poder. Assim como todo herói ele é guiado por Song Kang-Ho e ensinado por seu "mestre", John Hurt, e tem apoio no seu amigo Jamie Bell. Alimentando a ira por Tilda Swinton, ele empurra as paredes que teimam cair sobre ele. Atravessando as barreiras ele encontra as verdades, as respostas para suas dúvidas, e no fim ele se depara com a verdade, porém ali, no fim, o herói tem que fazer a escolha, a escolha que poderá definir tudo, que colocará o ponto final último. E no fim esperança.



    Ao ver o filme, os atores que participam, você pensa "HOLLYWOOD!" e quando descobrimos que o filme é sul-coreano, dirigido por um sul-coreano é difícil acreditar, porém o filme mostra uma discussão que sinto que os filmes hollywoodianos evitam de aprofundar pois revela as próprias contradições da sociedade americana atual. E este filme mergulha na discussão. A ação espetacular, crua e sistemática do filme de quase 2 horas é balanceada com diálogos que fazem nos ligarmos aos personagem, conhecermos as suas realidades, de conhecermos a história e as verdades que nós são entregues aos poucos, cirurgicamente. Com atuações incríveis e enredo fantástico com certeza é um dos melhores filmes dessa década que mal começou. O filme fala muito dos medos que assustam a humanidade hoje, mas também esta falando dos medos que sempre estiveram a rondar a cabeça desde a nossa mais tenra idade.

TRAILER LEGENDADO
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POST SCRIPTUM
O filme foi baseado na HQ Le Transperceneige de 1982 criada por Jacques Lob and Jean-Marc Rochette. Para estreiar nos EUA deu uma treta maligna. Os distribuidores queriam que fosse cortado 20 minutos do filme e adicionado monólogos de abertura e fechamento (creio que seja aquelas cenas chatas explicando o contexto e mostrando o que aconteceu depois no fim). Joon-ho Bong simplesmente disse NÃO!

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