quinta-feira, 3 de setembro de 2015

TertúliaView: "O Universo no Olhar" (I Origins, 2014) de Mike Cahill

Após a vitória da burguesia na Revolução Francesa uma nova sociedade é construida: em vez de um poder absoluto nas mãos um rei, difundiu-se uma democracia; e no campo da fé dogmática, implantou-se o método científico. Mas infelizmente criou uma sociedade que vê muitos maniqueísmos: democracia vs. autoritarismo, ciência vs. religião... Um sempre estaria certo e o outro errado, um seria o bem e o outro o mal. MAS SERÁ QUE ISSO É VERDADE?

+ "I Origins" (2014) de Mike Cahill


Mike Cahill é um nome que surgiu no cinema estadunidense revelando algo considerado por muitos impossível: roteiros inovadores! Seu primeiro longa como diretor foi o surreal "A Outra Terra" (2011), em que conhecemos a existência de um planeta idêntico ao planeta Terra e as esperanças acerca do encontro desses dois mundos é imensa. No meio de tudo isso ocorre um acidente, o sentimento culpa e a busca por redenção... Elementos que veremos no seu longa de 2014. 

Cena de "A Outra Terra".
Em "I Origins" conhecemos Ian (Michael Pitt), que leva as até as últimas consequências sua pesquisa sobre os olhos humanos para refutar de vez qualquer argumento da existência de um ser supremo como Deus (sacou o dualismo CIÊNCIA vs RELIGIÃO?), mesmo assim conhece Sofi (Astrid Bergès-Frisbey), alguém extremamente influenciada pelos seus sentimentos (sacou o dualismo RAZÃO vs SENTIMENTOS?). Trabalhando com esse viés de "oposições" Cahill faz algo BRILHANTE e INSANO: dar humanidade a algo nada humano. Se a ciência trabalha com provas e métodos para encontrar uma verdade e se a religião outorga normas de boa conduta para chegarmos ao paraíso, onde está a liberdade? Mas afinal, há somente esses dois caminhos? O diretor chega com os dois pés no peito com argumentos que até podem ser considerados infantis mas que se apresentados no momento certo criam discussões amplas!

Ian (Michael Pitt) e Sofi (Astrid Bergès-Frisbey)
Um religioso é aquele que ignora as evoluções científicas e somente lê um livro escritos a mais de mil anos? E o cientista? Ele também não se fecha para o resto do mundo nas suas pesquisas? Se um religioso é alguém estúpido por acreditar num ser todo poderoso invisível, um cientista também não pode ser considerado alguém estranho por acreditar que todos nós somos formados por átomos (nunca vi um na minha vida)? É nesse ponto que eu queria chegar, a divisão entre racional e espiritual implantada após a criação da sociedade burguesia, dita racional, é algo totalmente passível de discussão, pois essas duas perspectivas possuem muito mais semelhanças do que diferenças. Quando uma tenta negar a outra há algo de errado, pois afinal, as duas se completam: o que seria da ciência sem o ato de acreditar que algo é possível sem provar nada ainda? O que seria da religião sem a discussão em busca de uma verdade para acreditar e transformar?

Ian (Michael Pitt) e Karen (Brit Marling)
Cahill sacou tudo isso... E mostra o conflito de um cientista que busca refutar a religião, mas que só encontra argumentos para refutar suas próprias crenças científicas. SACA SÓ ESSA CENA com Ian (Michael Pitt) e Priya Varma (Archie Panjabi): 



O pesquisador Bart D. Ehrman, autor do livro "O que Jesus Disse? O que Jesus Não Disse? Quem mudou a Bíblia e por quê.", disse que a cada vez que se aprofundava no estudo da Bíblia mas se questionava da existência de Deus. O personagem de Ian pode ser comparado fácil, mas no caminho oposto, pois, cada vez que se aprofundava em sua pesquisa científica mais a religião batia em sua porta. TALVEZ O MANIQUEÍSMO RELIGIÃO vs. CIÊNCIA SEJA SOMENTE NOSSA IMAGINAÇÃO... Lutemos então por uma ciência com mais fé e uma religião com mais questionamentos!

Por uma ciência com mais ERROS!

TRAILER ORIGINAL
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